Ministro Fernando Haddad confirma que conversas serão retomadas após exclusão parcial de produtos brasileiros da taxação
São Paulo (SP) 30/04/2024 - Ministro Fernando Haddad durante entrevista a imprensa.

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Ministro Fernando Haddad em entrevista em São Paulo
— Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Da Redação da Rede Hoje

O Ministério da Fazenda confirmou nesta quinta-feira (31) que a Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos entrou em contato com o governo brasileiro para agendar uma nova rodada de negociações sobre as tarifas de importação impostas pelo governo de Donald Trump contra exportações brasileiras.

Segundo o ministro Fernando Haddad, o contato foi feito pela equipe do secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, e a expectativa é que a reunião ocorra nos próximos dias. A última conversa entre as autoridades aconteceu em maio, na Califórnia, antes do anúncio do tarifaço de 50% sobre diversos produtos brasileiros.

“Nós estamos em um ponto de partida mais favorável do que se imaginava. Mas longe do ponto de chegada”, afirmou Haddad. O ministro considerou injustas as medidas adotadas pelos EUA, embora tenha destacado que parte das exportações ficou fora da lista de tarifas.

Produtos e setores afetados

De acordo com dados preliminares, cerca de 700 produtos foram poupados do aumento de tarifas. Isso representa aproximadamente 43% do valor total das exportações brasileiras para os Estados Unidos. No setor mineral, por exemplo, estima-se que 25% dos produtos foram efetivamente taxados.

Apesar das exceções, Haddad classificou os impactos como “dramáticos” para determinados setores e antecipou que o governo lançará um plano de apoio às empresas afetadas, incluindo linhas de crédito e medidas de proteção ao emprego.

“Há casos que são dramáticos, que deveriam ser considerados imediatamente. Vamos lançar parte do nosso plano nos próximos dias”, declarou o ministro. Ele ressaltou que, embora alguns setores sejam pequenos na pauta de exportações, o impacto local pode ser significativo em termos de empregos e atividade econômica.

Em relação a commodities com maior diversificação de mercados, Haddad ponderou que, mesmo nesses casos, será necessário tempo para adaptação. “Você não muda um contrato de uma hora para outra”, disse.

Judiciário fora das negociações

Durante a coletiva, o ministro também comentou a tentativa de interferência no Supremo Tribunal Federal (STF) por parte de autoridades norte-americanas, que têm pressionado o Brasil em função do julgamento de atos antidemocráticos.

Segundo Haddad, a independência dos poderes precisa ser respeitada e não há espaço para esse tipo de discussão nas negociações comerciais.

“Talvez o Brasil seja uma das democracias mais amplas do mundo. Temos que explicar que a perseguição ao ministro da Suprema Corte [Alexandre de Moraes] não é o caminho de aproximação entre os dois países”, afirmou.

A reunião entre os dois países ainda não tem data definida, mas o governo brasileiro sinaliza que deve levar aos Estados Unidos uma posição firme de defesa de seus interesses comerciais e institucionais.


Fonte: Agência Brasil

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