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Carta aberta ao melhor fotógrafo do mundo: Lucas José Marques | Com a Palavra | Elza Lima

Esta máquina Yashica pertenceu ao Lucas, usada durante muitos anos no Foto Patrocínio e no Foto Elite

Com a Palavra | Elza Lima

A fotografia antiga evoluiu de processos complexos, químicos e artesanais para sistemas mais rápidos e acessíveis. Cada técnica carrega uma estética particular.
Na década de 1970, o fotógrafo vivia uma fase de intensa transição, marcada por mudanças técnicas, culturais e políticas que redefiniram o papel da imagem no mundo. Era um tempo em que a fotografia ganhava força como linguagem artística, documento histórico e ferramenta de expressão pessoal.
Existem pessoas que não apenas registram o mundo — elas o revelam.
Meu amigo Lucas Marques, você é uma dessas pessoas raras.

Na década de 1970, quando a fotografia ainda era um ofício artesanal, você caminhava com a câmera como quem carrega um pedaço da própria alma. Enquanto muitos enxergavam apenas a correria do cotidiano, você via luz, sombra, gesto e verdade. Cada clique seu trazia técnica, coragem, sensibilidade e uma vontade profunda de compreender o mundo.
Você viveu uma época em que fotografar exigia paciência, cuidado e amor pelo processo. Ajustar a exposição na mão, escolher o filme certo, revelar no escuro, sentir o cheiro dos químicos — tudo isso fazia parte da magia que só os grandes conhecem. E você dominou essa magia como poucos.

Mas o que mais impressiona não é apenas o fotógrafo que você foi.
É a pessoa que você é.
Generoso, dedicado, atento aos detalhes da vida, você transformou momentos simples em memórias permanentes. Suas fotos não mostram apenas imagens; mostram histórias, sentimentos, encontros, caminhos. Mostram sua maneira singular de ver o mundo.

Hoje, ao olhar para trás, é impossível não reconhecer o tamanho da sua contribuição. Você registrou uma época, um país, uma cultura. Registrou também a vida das pessoas ao seu redor, deixando marcas que o tempo não apaga.
Shows no Estádio Júlio Aguiar, festas escolares, desfiles, casamentos, aniversários, reuniões familiares e encontros de amigos — você esteve presente em cada momento.

Esta homenagem é um agradecimento.
Agradecimento pela arte, pela amizade, pelo olhar que nos ensinou a enxergar melhor.
Agradecimento por cada fotografia que carrega não só luz, mas também seu coração.
Que sua história continue inspirando, assim como suas imagens continuam falando, mesmo quando você está em silêncio.
Obrigado por tudo que você é e por tudo que você capturou.
A cidade ficou mais bonita porque você a fotografou.

Há pessoas que carregam uma câmera.
E há pessoas que carregam um olhar.
Você, meu amigo, sempre pertenceu ao segundo grupo.

Desde os anos 70, quando a fotografia exigia mais que habilidade — exigia alma —, você caminhou pelo mundo transformando instantes em eternidade. Enquanto muitos buscavam apenas registrar imagens, você buscava revelar o espírito dos lugares, dos rostos, dos acontecimentos.

Você viveu a fotografia numa época em que tudo era manual, físico, sensorial.
O clique não era apenas o som de um obturador: era a prova de que você acreditava naquilo que via, o encontro perfeito entre luz e intuição.
E como era especial ver você trabalhar…
Cada sombra tinha significado, cada reflexo tinha história.
Seu enquadramento não obedecia regras — obedecia sensibilidade.

Além das câmeras, você carregava histórias: histórias de viagens, de ruas, de gente simples, de dias que talvez passassem despercebidos se não fosse por você.
Você registrou risos, lutos, mudanças sociais, festas, abraços, partidas.
E cada foto sua é um testemunho de que a vida, por mais comum que pareça, sempre guarda poesia.

Apesar da experiência, você nunca impôs conhecimento.
Você oferecia.
Explicava com paciência o que era um filme ASA 100, por que abrir um ponto a mais de diafragma, como segurar a câmera com firmeza sem perder a suavidade.
Ser fotógrafo naquela época não era modismo nem rotina leve.
Era carregar equipamentos pesados, enfrentar revelações difíceis, esperar a luz certa, aceitar perder a foto perfeita por um milésimo.
Era ser artesão.
Era ser teimoso.
Era ser apaixonado.

Hoje, ao rever sua trajetória, é impossível não sentir gratidão.
Você ajudou a construir memórias que não pertencem apenas a você, mas a todos que tiveram o privilégio de te acompanhar.
Registrou épocas e emoções que talvez já tivessem sido esquecidas se não estivessem guardadas em negativo, em papel ou na lembrança dos que te admiram.

Obrigado por cada imagem.
Obrigado por cada conversa sobre vida, luz, sombra e silêncio.
Obrigado por mostrar a todos nós que uma boa foto não depende apenas de técnica, mas de verdade.

Você é mais do que um fotógrafo da década de 1970:
é um artista que atravessou o tempo,
um amigo que inspira,
um contador de histórias que continua iluminando o mundo, mesmo quando a luz é pouca.

*Elza Lima é empresária e escritora; mora em São Matheus, Espírito Santo e escreve regularmente para a Rede Hoje

@redehoje
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