
Movimento em praia brasileira durante o verão; dados indicam queda na qualidade da água. Foto: Stephane Tampigny por Pixabay
Levantamento da Folha de São Paulo aponta pior índice de balneabilidade da última década
Da Redação da Rede Hoje
O verão tem início no litoral brasileiro em um contexto de redução da qualidade das águas. Levantamento realizado pela Folha de São Paulo analisou dados de balneabilidade em todo o país. O estudo considerou medições feitas entre novembro de 2024 e outubro de 2025. Nesse período, apenas 253 praias foram consideradas próprias para banho em todas as análises. O número representa 30,2% do total de praias monitoradas no Brasil.
Além das praias classificadas como boas, parte significativa recebeu outras avaliações. O levantamento aponta que 288 praias foram enquadradas na categoria regular. Outras 143 praias apresentaram classificação ruim ao longo do período analisado. Já 136 praias foram consideradas péssimas segundo os critérios adotados. Ao todo, 820 praias distribuídas em 14 estados fizeram parte do estudo.
O percentual de praias próprias registrado em 2025 é o menor da série histórica.
Os dados começaram a ser compilados pela Folha de São Paulo no ano de 2016.
A única exceção ocorreu em 2020, quando não houve medições por causa da pandemia. Desde o início da série, a proporção de praias boas vinha se mantendo superior à atual. O resultado indica um cenário mais restritivo para o banho de mar no país.
Situação no Sudeste
A Folha diz que o levantamento indica que no estado de São Paulo, a redução de praias próprias foi expressiva no período avaliado. O total de praias adequadas para banho durante todo o ano caiu de 62 para quatro. Segundo a Cetesb, o resultado está relacionado ao volume de chuvas registrado no ano.
As praias classificadas como ruins aumentaram entre novembro de 2024 e outubro de 2025. As praias regulares, por sua vez, apresentaram queda no mesmo intervalo. Na Baixada Santista, os piores índices foram registrados nos primeiros meses do ano. Janeiro, fevereiro e abril concentraram maior número de praias consideradas impróprias.
De acordo com a Cetesb, esses meses tiveram média de 200 milímetros de chuva. O volume é considerado elevado para padrões mensais da região. A chuva influencia o carreamento de resíduos para o mar por rios e canais urbanos.
No Rio de Janeiro, a balneabilidade segue em nível considerado crítico. O estado registrou 66 praias próprias para banho ao longo de todo o ano. Outras 200 praias ficaram entre as classificações regular, ruim ou péssima. Em relação ao levantamento anterior, quatro praias apresentaram piora nos índices. Na capital fluminense, a praia de Botafogo permanece entre os trechos mais críticos.
Cenário no Nordeste
Em estados do Nordeste, o levantamento identificou aumento no número de praias boas. Na Bahia, 23 das 88 praias monitoradas foram consideradas próprias para banho. O número representa quase o dobro do registrado no ano anterior. Praias do litoral norte e da Baía de Todos-os-Santos aparecem entre os destaques. Não houve medições no sul e extremo sul do estado durante o período analisado.
Salvador concentra a maior proporção de praias impróprias no estado da Bahia.
Apenas três praias da capital foram classificadas como boas no levantamento.
Outras receberam avaliação regular, enquanto parte foi considerada ruim ou péssima. A empresa estadual de saneamento destaca a cobertura de esgoto da capital. Também aponta a influência da drenagem pluvial na qualidade das águas.
A classificação da balneabilidade segue resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente. O método considera a densidade de bactérias fecais presentes na água do mar. As amostras são coletadas semanalmente ao longo de cinco semanas consecutivas. Os indicadores analisados incluem coliformes termotolerantes, E. coli e enterococos. Estados como Amapá, Piauí e Pará ficaram fora do estudo por falta de monitoramento.