
Não é apenas por serem de Patrocínio. É pelo talento. Pelo suor dos ensaios, pela persistência silenciosa, pelo amor genuíno à arte que insiste em florescer mesmo quando o palco é pequeno, o cachê é simbólico e o reconhecimento demora. Patrocínio é terra fértil de artistas. Do teatro à comédia, da pintura às artes visuais, da música às múltiplas performances que dão sentido à palavra cultura. Há muita gente boa por aqui — e isso precisa ser dito, repetido e celebrado.
Na programação do Natal de Sonhos, promovida pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, a Rede Hoje presenciou um desses momentos em que o talento local não apenas aparece: ele arrebenta. A banda The Fellas fez exatamente isso. Tocaram muito. Mas não foi só execução técnica. Foi identidade. Foi história. Foi DNA musical pulsando em cada acorde.
Dudu, Michell e Gabriel carregam no sobrenome Bragança uma herança respeitável da música patrocinense. São filhos de Edson Bragança, baixista, e sobrinhos de Luiz Bragança, o Pindoba, baterista — nomes que desde o final dos anos 1960 ajudaram a construir a trilha sonora da cidade. Esse bastão passou de geração em geração e chegou aos anos 2000 com vigor renovado. Não como nostalgia, mas como continuidade viva.
Com eles estão Renato Silva — que muitos conhecem como Renato do Sebrae, mas que na música mostra uma competência que impressiona — e Pablo, outro talento de primeira linha, filho do conhecido Nicolau do PTC e irmão de Rominho, técnico de som respeitado, segundo o próprio Pindoba. É um grupo que mistura laços familiares, amizade, técnica e paixão. Nada ali é por acaso.
E não estão sozinhos. Há muitos outros artistas espalhados pela cidade, alguns inclusive presentes nas noites oficiais do Natal, provando que Patrocínio tem uma cena cultural pulsante, diversa e cheia de qualidade. O reconhecimento não veio apenas do palco, mas também do público. Nas redes sociais, a resposta foi imediata e entusiasmada: “Foi demais! Vocês são feras!”, “Que show!!!”, “Sensacional!”, “Vida longa a esse projeto!”. Até quem não conseguiu assistir fez questão de registrar: “Ainda quero curtir o som de vocês ao vivo. Fiquei sabendo que foi muito bom!”.

No próprio Instagram da banda, a gratidão resumiu o espírito da noite. Agradeceram o convite, celebraram o tempo firme depois de dias de chuva, o público presente, o ano positivo e desejaram um Natal de paz e um novo ano ainda melhor. Em um gesto especial, decidiram tocar “Oh Holy Night”, em uma versão inspirada no Dream Theater, uma de suas referências. Rock, Natal e sensibilidade convivendo no mesmo palco — e funcionando.
Dudu explicou algo que muitos já comentam: a qualidade sonora diferenciada. Sem falsa modéstia, como ele mesmo disse, é a soma de vários fatores, entre eles o cuidado com timbres especiais. Isso também é profissionalismo. Isso também é cultura.

História. A banda surgiu em 2016, quando Michell Bragança reuniu o irmão Gabriel Bragança e os amigos Renato Silva e Diogo Moriya para dar início ao projeto, que inicialmente recebeu o nome de Rockfellas. Naquele primeiro momento, o grupo apostava em um repertório de rock mais amplo e diversificado, ainda sem uma linha conceitual bem definida.
Após poucas apresentações nos anos seguintes, a banda passou por uma reestruturação em 2023. Os integrantes decidiram assumir uma identidade musical mais clara, voltada aos clássicos do rock, com ênfase nas décadas de 1970 e 1980. A mudança veio acompanhada da adoção do nome The Fellas, marcando uma nova fase do projeto.
Para consolidar essa proposta, o grupo convidou Eduardo Bragança para assumir os teclados, o que possibilitou a inclusão de músicas que antes não faziam parte do repertório. A partir dessa formação, as apresentações se tornaram mais frequentes e a banda ampliou seu campo de atuação, passando a participar de eventos privados, corporativos e festivais públicos.
Além de Patrocínio, The Fellas passou a se apresentar em cidades da região, como Monte Carmelo e Patos de Minas, conquistando reconhecimento regional. O destaque veio com a participação em três edições consecutivas do Festival de Cultura e Cozinha Mineira do Cerrado, onde foi apontada pelo público como uma das melhores atrações.
Mais recentemente, a banda foi anunciada como uma das atrações da FenaCafé 2026, sendo a única representante do gênero rock na programação. A escolha reforça o reconhecimento pela qualidade musical e pelo repertório consistente apresentado pelo grupo.
Banda Elite Imperial. A história segue. Rodrigo, primo do grupo, filho do Pindoba (baterista do Conservatório Dr. José Figueiredo) e presença constante na noite patrocinense, já havia tocado com os primos na adolescência, na banda Elite Imperial. Hoje divide projetos com outros dois talentos da música local: Thales e Larissa. Uma teia de conexões que mostra como a arte se constrói coletivamente, atravessando gerações.
Ao falar do The Fellas, a intenção é também prestar uma homenagem a todos os fazedores de cultura que deram vida ao Natal de Sonhos e mostraram a força da arte patrocinense. A programação foi enriquecida pela participação da FeirArte, da União dos Artistas Plásticos de Patrocínio (UNAPP), da exposição de artesanato do CEU das Artes, da Feira do Artesão e da Exposição Sacra “Caminhando com Fé”, assinada pelo artista Eduardo Pimenta, reunindo diferentes linguagens e expressões artísticas em um mesmo movimento de celebração.
O encerramento, na Praça Santa Luzia, a SMCT deixou a missão cumprida com artistas da terra ocupando os palcos ao longo de toda a programação. A noite final contou com a Cantata de Natal do Coral Patrocínio Encanto, regido pelo maestro Valter Pires, o Presépio Vivo da Cia Sonhos Teatrais e o show de Ana Flávia Alcântara. Em um momento simbólico, até o prefeito Gustavo Brasileiro mostrou sua veia artística, cantou “Noite Feliz”, e o Coral prestou homenagem à secretária municipal de Cultura e Turismo, Ana Valéria de Rezende Cunha, e à secretária adjunta, Cleide Araújo, pelo incentivo contínuo à cultura local.
Por tudo isso, o aplauso precisa ir além do palco. Parabéns à Secretaria de Cultura e Turismo, à secretária Ana Valéria e toda a equipe, e ao prefeito Gustavo Brasileiro, que vem valorizando a arte patrocinense de forma vigorosa e consistente. É assim que se cria ambiente, oportunidade e futuro. Só assim nossos artistas — de todos os matizes — continuarão sendo o que sempre foram: verdadeiros fazedores de cultura.






