Facebook Twitter
 banner radio hoje aovivo450x108okok    
Terça, Abril 13, 2021

  • Inicial
  • Minas Hoje
  • Esporte Hoje
  • Gerais
  • TV HOJE
  • Blog do Luiz Antônio

Eustaquio Amaral

Economista, ex-superintedente de Planejamento e Finanças da Secretaria Estadual de Saúde de MG. Acadêmico da Academia Patrocinense de Letras. Colunista do portal Rede Hoje.  eustaquioamaral@gazetaptc.com.br 

PRIMEIRA COLUNA. DO LUAR À LUZ ELÉTRICA, DO LAMPIÃO AO CLARÃO

  • Imprimir
  • E-mail
Detalhes
Criado em Domingo, 21 Março 2021 07:25

iluminaçãopublicaruibarbosaanos70Iluminação ública em Patrocínio. Av. Rui Barbosa, final dos anos 1960, ínicio dos anos 1970. Foto: Acervo público de Patrocínio

 

Energia. A elétrica chegou à cidade, de maneira definitiva, em 1962. Como era a debilitada luz, como foram os precedentes para a chegada da Cemig e quais patrocinenses participaram desse movimento, que tirou Patrocínio da escuridão, são parte da história do progresso municipal.

 

A CIDADE DE ANTES – Por quarenta anos (1920-1960), a energia elétrica da cidade foi gerada por duas muito pequenas usinas hidroelétricas, de patrocinenses, instaladas no Município. Uma próxima da Serra do Cruzeiro (na região da Fazenda Folhados). E outra no Rio Dourados. A distribuidora da energia era a Companhia Força e Luz de Patrocínio, cuja sede se localizava na Av. Rui Barbosa (hoje, em frente à Caixa Econômica).

 

A NOITE ERA PARA OS NAMORADOS – Nas décadas de 40 e 50, as ruas e praças centrais tinham alguns postes de madeira com uma pequena lâmpada, de fraquíssimo brilho. Nem todo poste tinha lâmpada. Nas demais ruas tinham poste, lâmpada não. Nas casas, o lampião (a querosene) predominava. Nas casas mais humildes, a lamparina. À noite, para sintonizar uma novela na Rádio Nacional, ouvir o “Repórter Esso”, os programas da Rádio Mayrink Veiga ou se deliciar com a dupla Tonico e Tinoco na Rádio Record, só havia um meio, acoplar um pequeno transformador (aumentava a potência da energia) junto ao aparelho de rádio. O Cine Rosário possuía um gerador próprio.

 

BOM QUEBRA GALHO – Por volta de 1956, Dr. Amir Amaral trouxe de Uberaba um grande gerador, denominado pela população como “motor”. Foi instalado sob a coordenação de Gildo Guarda, o ícone da mecânica de Patrocínio. Entretanto, devido ao alto custo do diesel, funcionava apenas de 19 às 22h. Isso eliminou um pouco as lamparinas e lampiões, nesse horário. Entretanto, as ruas continuaram sob a luz do luar. E os vagalumes se destacavam com a sua luminosidade alternativa, voando pelas vias da velha cidade.

ETERNO EXEMPLO DE UNIÃO POR PATROCÍNIO – No dia 22 de junho de 1960 (quarta-feira), aconteceu histórica reunião nos salões da Associação dos Bancários e Funcionários Públicos (2º andar do edifício que abrigou o Cine Patrocínio, Praça Santa Luzia). Políticos, empresários e líderes patrocinenses participaram. Na verdade, tornou-se uma assembleia popular de Patrocínio. Objetivo: viabilizar a vinda da energia elétrica da Cemig. Nessa reunião, foi constituída a Comissão Especial da Cemig, para solucionar, de vez, a falta de luz.

 

OS GUERREIROS DO DESENVOLVIMENTO – O presidente da Comissão foi o farmacêutico e vice-prefeito Benedito Romão de Melo (UDN). Os membros foram o General Astolfo Ferreira Mendes (criador da Associação dos Patrocinenses, em BH), político José Francisco de Queiroz (PSD), Dr. Tarciso Cardoso (UDN), fazendeiro Alaor Ribeiro de Paiva (UDN), Dr. Amir Amaral (PSD), Dr. Abdias Alves Nunes (PSD), empresário Elmiro Cardoso (UDN), prefeito Enéas Ferreira de Aguiar (UDN), empresário Olnei Barreira (PSD) e Roberto Pires. Como membros suplentes nessa Comissão, fazendeiro Mário Alves do Nascimento (PSD), Dr. Joaquim Barbosa Arantes (UDN), Dr. Hélio Furtado de Oliveira (PSD) e empresário Dimas José da Silva (UDN). Apenas o senhor Dimas é sobrevivente. Reside em BH.

 

O CUSTO ALTO COBRADO PELA CEMIG – Naquele dia, a estatal mineira, criada pelo JK (PSD), impunha condições para operar a energia elétrica no Município. Patrocínio teria que desembolsar Cr$ 50 milhões (de cruzeiros). Dos quais, Cr$ 20 milhões (de cruzeiros) viriam do Governo Federal e Cr$ 30 milhões de compra de ações da Cemig. Esse recurso de subscrição de ações seria destinado à modernização total da rede elétrica urbana. Inclusive, os postes seriam de cimento e as lâmpadas das ruas centrais “de mercúrio”. Para a época, uma revolução no sistema de iluminação de uma cidade.

 

MÃOS À OBRA – A Comissão começou a trabalhar de imediato. Para a população entender, era explicado que os Cr$ 30 milhões não seriam doação à Cemig, porém “empréstimo”. Na realidade, foi compra de ações, que envolvia recebimento de dividendos e futura negociação em Bolsa de Valores.

 

MANIFESTAÇÕES – O vereador e advogado Dr. Expedito de Faria Tavares (UDN) fez emocionante apelo para todos os patrocinenses se unirem, visando ao bem da cidade. A Gazeta de Patrocínio, no domingo, dia 26 de junho de 1960, também conclamou os patrocinenses natos e adotivos a fortalecer a união, “sem a qual não terá solução o nosso torturante problema de energia elétrica.”

 

ÚLTIMO CAPÍTULO: FLORES, BEIJOS E FOGUETES – Dois anos depois, o prefeito Enéas Aguiar inaugurava a esplendorosa iluminação. Com muita festa e sorrisos nos rostos. Pouco depois, o jornal O Diário, de Belo Horizonte, classificava Patrocínio como a “Paris” do interior mineiro. Isso devido a sua fantástica luz nas noites de outrora. Doce recordação. E grande lição. De como amar Patrocínio sem paixão (política).

 

FONTES – Gazeta de Patrocínio, número 1066, guardada por Rondes Machado (Rio de Janeiro). E arquivo particular deste cronista.

 

(O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.)




 

 
 
Adicionar comentário
JComments

Colunas recentes na REDE HOJE

  • PRIMEIRA COLUNA. AMADA PATROCÍNIO, A SUA HISTÓRIA COMEÇOU HÁ 350 ANOS +

    Parabéns! É o que a nossa querida Patrocínio merece. Principalmente, no dia 7 de abril. Agora, completando 179 anos como município. Próspera. Mesmo com algumas melhorias a serem conquistadas e poucos defeitos a serem corrigidos, a cidade pode ser considerada desenvolvida. Topografia adequada. No geral, gente bonita e de boa… Leia mais
  • Tudo da 8a rodada do Mineiro: gols, defesas, resultados, entrevista e classificação no Esporte Hoje. +

    Leia mais
  • PRIMEIRA COLUNA. O LEITE ENCANTA E PROPORCIONA MUITOS RECURSOS AO MUNICÍPIO +

    Imagem de congerdesign por Pixabay    Economia. A de Patrocínio é movida por café com leite. Belo sabor. O Município é o maior produtor de café do Brasil. E o segundo maior produtor de leite de Minas. Por isso, é bom conhecer um pouco mais sobre o leite, já que o café possui… Leia mais
  • COLUNA DO IVAN. CONGRESSO NACIONAL: PIOR NÃO FICA? FICA. +

    Coluna do Ivan   Foto: Câmara dos Deputados   Todos nós ainda nos lembramos do slogan de Tiririca quando candidato à Câmara dos Deputados: “Com Tiririca, pior não fica’. E ficou. Claro que não se deveu a ações deste deputado. Tiririca, muito honesto e humilde, nunca faltou a uma votação… Leia mais
  • PRIMEIRA COLUNA. PATROCÍNIO TEM MAIS DE 600 ÔNIBUS E 33 MIL AUTOMÓVEIS +

    Foto: Gov. SP|Divulgação   Veículos. A maioria deles contribui com a arrecadação municipal por meio do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA. Outros são fatores indispensáveis à produção agrícola. Por isso, o componente “veículos” é importante na economia de um município. Nesse cenário, Patrocínio é destaque. A fonte… Leia mais
  • PRIMEIRA COLUNA. DO LUAR À LUZ ELÉTRICA, DO LAMPIÃO AO CLARÃO +

    Iluminação ública em Patrocínio. Av. Rui Barbosa, final dos anos 1960, ínicio dos anos 1970. Foto: Acervo público de Patrocínio   Energia. A elétrica chegou à cidade, de maneira definitiva, em 1962. Como era a debilitada luz, como foram os precedentes para a chegada da Cemig e quais patrocinenses participaram… Leia mais
  • CAP, GOVERNO MILITAR, UMA VIAGEM INTERROMPIDA E O COMÉRCIO EM 1964 +

        Nos anos 1960 era esse tipo de ônibus(chamado jardineira) que atuava em Patrocinio. Aí a linha Patrocínio-Uberaba que era explorada pelo empresário Pedrinho Jacinto. Foto: Acervo Casa Cultura Março. É um mês que passa para a história. Há um ano exatamente, o Brasil era atacado por um “monstro” desconhecido… Leia mais
  • COLUNA DO IVAN. MÃO NO AR. +

    Eu não devia ter parado ali naquela esquina do beco, atrás da Igreja de frente o casarão de portas e janelas largas e altas. Não devia. Depois de cinquenta anos que não vinha àquela cidade, não esperava encontrar ali na mesma janela a figura da mesma mulher do meu tempo… Leia mais
  • PRIMEIRA COLUNA. SHOW DO YPIRANGA, PRIMEIROS RESERVISTAS E QUEM MANDAVA ERA VEREADOR +

    Arquivo. O histórico é interessante consultá-lo. Quando se trata de arquivo histórico da terra natal torna-se a consulta enorme deleite. Nas últimas semanas, os primeiros jornais do Município foram focalizados. O Patrocínio, O Patrocinense, A Notícia e Cidade do Patrocínio, em suas edições no período de 1900 a 1920, foram… Leia mais
  • PRIMEIRA COLUNA. PATROCÍNIO: COMO ERA O COMÉRCIO EM 1917/1918 E A POLÍTICA EM 1930 +

      Patrocínio foto dos anos 1920. Foto: Acervo Publico   Pérolas. A História de Patrocínio tem as suas. A imprensa de um século atrás documenta verdadeiras joias desconhecidas. Talvez, só com exceção do conhecimento de pesquisadores. Jornais “O Patrocínio”, “A Notícia” e “O Patrocinense” são periódicos que existiram entre 1917 e… Leia mais
  • 1

EUSTÁQUIO AMARAL: + textos

  • PRIMEIRA COLUNA. AMADA PATROCÍNIO, A SUA HISTÓRIA COMEÇOU HÁ 350 ANOS
  • PRIMEIRA COLUNA. O LEITE ENCANTA E PROPORCIONA MUITOS RECURSOS AO MUNICÍPIO
  • PRIMEIRA COLUNA. PATROCÍNIO TEM MAIS DE 600 ÔNIBUS E 33 MIL AUTOMÓVEIS
  • PRIMEIRA COLUNA. DO LUAR À LUZ ELÉTRICA, DO LAMPIÃO AO CLARÃO
  • CAP, GOVERNO MILITAR, UMA VIAGEM INTERROMPIDA E O COMÉRCIO EM 1964
  • PRIMEIRA COLUNA. SHOW DO YPIRANGA, PRIMEIROS RESERVISTAS E QUEM MANDAVA ERA VEREADOR
  • PRIMEIRA COLUNA. PATROCÍNIO: COMO ERA O COMÉRCIO EM 1917/1918 E A POLÍTICA EM 1930
  • PRIMEIRA COLUNA. RELICÁRIO: PASSA NA PONTE QUEM PAGA E A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
  • PRIMEIRA COLUNA. EM PATROCÍNIO CHEGA MAIS GENTE DO QUE SAI
  • PRIMEIRA COLUNA. COLÉGIO DOM LUSTOSA JÁ FOI EQUIPARADO À MELHOR ESCOLA DO BRASIL
001 RH-INST lateral-250