Diretor executivo da Rede Hoje.Diretor de Jornalismo da Módulo FM. Membro da Academia Patrocinense de Letras. Apresentador e locutor esportivo. Twitter e Facebook: lacostaptc
Morava em Belo Horizonte, onde atuava no mercado financeiro, mas mantinha uma ligação de família e coração com Patrocínio.
Wanderley Guarda: é assim que queria ser lembrado, tocando sua guitarra
Wanderley e Vera na comemoração dos seus 70 anos.
Esta noticia registramos por dever de ofício, mas não queria ter que dá-la. Coração dilacerado. O amigo, empresário, advogado e músico patrocinense Wanderley Humberto Guarda,71 anos, morreu na manhã desta terça (16), em Belo Horizonte, vítima de uma forte infecção. Era meu grande amigo e da família Rede Hoje.
Morava em Belo Horizonte, onde atuava no mercado financeiro e sempre vinha à Patrocínio. É dêle as músicas ‘Lembranças de Patrocínio’ em que lembra da pacata cidade tempos de criança e juventude que não existe mais( como bem definiu o jornalista José Eloi no Mais 1 Online “um poema em forma de música que lembrou de figuras emblemáticas e folclóricas da cidade”; e ‘Velhos Tempos’ — onde lembra coisas da época de adolescente como pomada Iodex, Biotonico, Tergal, Pilulas Dr Ross, — que ainda hoje é tema de programas como “Balaio de Gatos” na Capital FM de Patrocínio e na Rádio Itatiaia de Belo Horizonte.
GRANDE CORAÇÃO. Wanderley Guarda era também uma pessoa que pensava nas outras pessoas. Estava sempre disposto a ajudar entidades de Patrocínio. Ao longo do tempo, foram beneficiados pelas suas ações a APAE, a Santa Casa, o Recanto do Idoso Asilo São Vicente e o Hospital do Câncer Dr. José Figueiredo. O Banco BMG realizou em dezembro, o repasse de quatro cheques a entidades e instituições de Patrocínio, através de trabalho feito por Wanderley Guarda. Uma das entidades atendidas foi APAE. A diretora Cláudia Carla Correa Nunes recebeu o repasse e que ajudou bastante nas despesas de fim de ano.
Claudia destacou ao site Dia News que “há vários anos de uma forma muito espontânea, Wanderley Guarda, mostrar grande carinho pelas instituições. E como é importante para ele esse seu ato”.
Wanderley era casado com Vera Guarda, tinha dois filhos — Alexandre Guarda(também músico, mora em Brasília), Leonardo Guarda e o neto Lucca Guarda.
HOMENAGEM TOCANTE. Hoje, o filho Leonardo Guarda, postou a seguinte mensagem: “Bom dia a todos. Entre trovões e chuvas, hoje o a gente despede de alguém que sempre foi uma pessoa alegre, prestativa, companheira e de coração bom. De alguém que me ensinou tudo e que ainda vai continuar me ensinando. Meu amigo, meu companheiro, meu pai. Gostaria de agradecer a todos os amigos que rezaram por ele, mas acredito que ele estava sofrendo demais e agora finalmente terá aquela conversa com Deus que sempre pediu…”.
Apresentação da Banda Alvorada Show em 10 de dezembro de 2007
Wanderley e Edson Bragança: dois dos criadores dos "Metralhas" no final da década de 1960.
MÚSICA NA VEIA. Wanderley Guarda era músico dos bons. Guitarrista, fã de rock e da Jovem Guarda, tocava na década de 1960 no conjunto “Os Metalhas”. A banda foi montada por Wanderley, Zé Eustáquio e Edson Bragança e “era a primeira banda se rock de Patrocínio”, segundo Bragança.
O grupo voltou a se apresentar com o nome de Alvorada Show(por causa da Churrascaria Alvorada, grande ícone para os jovens dos anos 60 e 70) em 10 de dezembro de 2007, no Catiguá Tenis Clube. Tive a honra de gravar aquele encontro para a Rede Hoje, junto com minha equipe e meus filhos e esposa. Naquele dia estavam ao lado de Wanderley no palco a formação original de “Os Metralhas” e de outras bandas que surgiram depois — H6, Super Som 201, Asteródes — Edson Bragança, Zé Eustáquio, Cabeleira, Rizzo(também falecido), Sanzio(que na época era dos Asteróides de Patos) e Pindoba. E lá, estava gente do Brasil inteiro que vibrou com a apresentação.
Aproveito, para contar o último encontro com a música que tivemos. Numa crônica que escrevi sobre esse encontro.
Dois daqueles personagens, já não estão entre nós: Wanderley Guarda e Claudio Risis de Caravalo(o Rizo).
UM SÁBADO COM O PASSADO
Sânzio, Wanderlei Guarda e Edson Bragança: violôes mágicos
Sábado, seis de novembro de 2014. Acabo de chegar da Rádio Módulo FM, do dia normal de trabalho. Almoço, vou ver um pouco de TV para depois atualizar informações do portal da Rede Hoje. Estou assistindo o documentário sobre a Guerra do Vietnã – Arquivos Perdidos (o episódio em que um soldado luta para sobreviver a um feroz ataque durante a noite, os últimos soldados americanos voltam para casa, e a queda de Saigon) que o History 2 está apresentando.
O telefone toca. Do outro lado da linha, uma voz conhecida e sempre entusiasta.
- Xará, onde cê tá?
Já sei, é Luiz Cabeleira. Respondo que estou em casa. Ele:
- Então venha para cá, nós estamos esperando você aqui na casa do Riso (Claudio Risis de Carvalho).
Eu pondero que não tem nada marcado e não estou sabendo de nada.
- Nós resolvemos assar uma carne, tomar uma cervejinha e cantar algumas músicas da nossa época na Churrascaria Alvorada.
Neste caso, não há agenda que resista. Só para ouvir essas feras dos Metralhas, Brazillian Hippies, H6, Super Som 201, tocando, já valia a pena ir até lá. Ainda mais encontrar velhos amigos e ouvir engraçadíssimas histórias da época destas bandas e suas viagens.
Chego à Rua Nhô nhô Paiva, estão me esperando na porta, o Luiz Cabeleira e o Luiz Pindoba. Agora somos três Luiz, não sei quem vai aguentar, mas, paciência.
Entro, Abgail com o sorriso de sempre vem, me recebe e encaminha para uma ampla varanda onde estão todos reunidos. O Riso – dono da casa -, Wanderlei Guarda, Edson Bragança, Luiz Cabeleira, Luiz Pindoba, Sânzio (que era dos Asteroides de Patos de Minas, depois veio para o Banco do Brasil de Patrocínio e nunca mais foi embora), Paulo Figueiredo (o Pauleca) e outras pessoas, entre elas a Tânia Bragança, mulher do Edson, fotografando a turma.
A recepção é calorosa. Aproveito para agradecer o Wanderlei Guarda que trouxe um presentão para mim – um Box com três CDs, “Absolutely Rock’N’Roll” com 60 clássicos do rock, com músicas de Little Richard, Chuck Berry, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Bill Halley e os Cometas entre outros.
Vamos colocar o papo em dia. Aí, entram em cena Edson Bragança e Pindoba, contando histórias do Zé Piquira, Tião Cabide (músicos que já morreram), Jorge Mansur e do ainda vivo Lázaro Ferro Lacerda – o Lazinho. Enquanto isso, o Pauleca, contado boas histórias - que nada tinha a ver com os músicos, mas da época – a melhor delas, da montagem de uma empresa para criar frango de corte, que a ração era mais cara que o frango, consequência, a empresa faliu, e os pais dele e do sócio tiveram que pagar as dividas.
Entre uma história e outra, muitas rizadas, boas lembranças e músicas, muitas musicas. A whiter shade of pale, All My Loving, And I Love Her, Can't Buy Me Love, Eight Days A Week, Hello, Goodbye, Here Comes The Sun e umas mais “novas” como Mesmo de Seja Eu e Another brick in the wall, que aproveitamos a filha do Luiz Cabeleira, com sua voz linda para interpretá-la.
Nos violões, Vanderlei Guarda, Edson Bragança e Sânzio, na percussão improvisada, Luiz Pindoba e nos vocais ora um, ora outro, às vezes todos, trazendo de volta aquele som mágico do final dos anos 60 e dos anos 1970, levando-nos de volta a Churrascaria Alvorada.
Abgail serviu depois um arroz com bacalhau e sobremesa. É hora de ira pra casa. Despedi da turma e agradeci ao Riso e Abgail pela tarde maravilhosa que passamos ali, e fui embora revigorado, com certeza de ter ficado umas boas três horas com nosso passado.
VEJA O TV HOJE MEMÓRIA SOBRE WANDERLEY GUARDA: