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COLUNA DO IVAN. ESTE MUSEU NOS FAZ FALTA

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Criado em Quinta, 05 Dezembro 2019 23:52

Ginásio do Lustosa. Foto: Internet

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Já demonstrei em outro artigo minha admiração pelos padres holandeses. Sempre admirei, sobretudo, a visão de mundo e sua capacidade de antever a evolução cultural. Fico tentando imaginar como se sentiam estes padres holandeses, cultos, em   Patrocínio, Romaria, Araguari quando  aqui chegaram na década de vinte do século passado. Certamente  eram  locais    mais rurais que urbanos.  Viveram em Patrocínio por mais de oitenta anos e tiveram uma importância enorme em nossa formação religiosa e cultural.  A religiosidade acentuada do povo de Patrocínio se distingue de qualquer outra  cidade de nossa região pelo apego aos princípios religiosos  e pela devoção.  Influência dos holandeses.   Sua importância e   influência  em nossa cidade já foram  muito bem demonstradas  pela professora Dininha em seu livro sobre o Dom Lustosa. 

Mas eu lamento nada ter sido conservado da vida dos padres em Patrocínio. Não nos preocupamos em conservar o passado. A nossa cultura não nos estimula a isto, pois a valorização do passado é proporcional à cultura de seu povo. Nesse aspecto não é só o registro da vida dos padres que se perdeu. Nada se registrou da vida de boiadeiros, de ferreiros, de serradores de madeira, por exemplo, e de outros ofícios e costumes que vão desaparecendo. Por enquanto, a única tradição que se conserva é a dos carros-de-boi. No entanto, é preciso registrá-la em imagens e som para não se perder.

Aos poucos foram se apagando os registros físicos da presença dos padres em nosso meio, já que sua importância imaterial é indelével. Instrumentos de trabalho, objetos pessoais, fotos nada se conservou. Poderia ter-se criado um museu para preservar a memoria dos holandeses em Patrocínio. Imaginemos que tivéssemos preservado a máquina de projeção de filmes do Dom Lustosa, primeiro cinema de Patrocínio. Ficou muito tempo encostada lá no Colégio, estragou, quebrou, perdeu sua importância foi parar no lixo. A gráfica que lá existiu. A bicicleta do padre Caprásio. Hábitos, roupas, instrumentos musicais. Telefones e jornais e revistas holandesas. Revistas editadas no próprio colégio pelos alunos. No Dom Lustosa, restou apenas a imagem do Sagrado Coração entronizada no pátio, os móveis da sala de visita, o campo de futebol e alguns aparelhos e instrumentos no laboratório do Pe. Caprásio. Nem mesmo as fotos grandes que existiam na sala de visita foram preservadas. Com a reforma, tudo sumiu, acabou-se. Pior ainda, o museu de mineralogia, cartão de visita na entrada do Colégio, chegou a ser retirado, mas felizmente voltou. É digno de qualquer museu do mundo dado ao rigor científico do Padre Caprásio. Todas as pedras classificadas e catalogada em sua densidade, resistência, origem, doação; tudo ali, junto de cada pedra. A mineralogia era a grande paixão do Padre Caprásio. Uma vez, ele foi a Belo Horizonte para fazer uma cirurgia e devido a contratempos não pôde fazê-la. Aproveitou a viagem para ir a Ouro Preto conhecer uma pedra que vira no catálogo e ainda não conhecia.

No ano passado, nas comemorações dos noventa anos de criação do colégio Dom Lustosa, poderiam ter colocado ali uma placa em homenagem aos padres. Passou despercebido.

Padres Nicácio, Lamberto, Reginaldo, Bertrando, Pio, apenas para lembrar alguns vigários. Moraram ainda no Dom Lustosa: Felisberto Braun, Henrique, Wenceslau. Eustáquio, Maurício e tantos outros. Mesmo como nomes de ruas e locais público poucos são lembrados.

Em Romaria, criou-se um museu em memória do Padre Eustáquio. Muito restrito, mas pelo menos resgataram e conservam a memória deste padre santo. Em Araguari, também tudo se perdeu. Há sete anos atrás, ainda vi na capela do Regina Pacis que está tombada pelo patrimônio municipal, mas não funciona, vi um harmônio (instrumento parecido com um órgão), porém não está lá mais.

Se ampliarmos um pouco mais a ideia do museu, poderia se criar o museu da religiosidade, incluindo também objetos e referências ao bispo Dom Almir, se é que existem.

Resgatar e conservar o passado, mantém e amplia a cultura de um povo e nós poderemos deixar para as gerações futuras nossos usos e costumes que em nada parecerão com a vida de um novo mundo que está por vir.


Quintal


 

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