Esta semana, dia 22 de março foi marcado pela comemoração do Dia Mundial da Água. A Rede Hoje apresenta dois projetos do café, no sentido de melhorar a produção de água. Uma visão do do Conselho Nacional do Café (CNC) sobre a questão voltada para a proteção dos mananciais e matas ciliares, quando lançou em 2021, o Programa Café Produtor de Água. Outro, o Consórcio Cerrado das Águas, criado em 2015, em Patrocínio/MG, com o objetivo de agregar esforços para a implementação de estratégias que garantam a provisão de serviços ecossistêmicos a fim de alcançar um sistema produtivo resiliente às mudanças climáticas.

A data (22/3) serve para refletirmos que a água está cada vez mais em risco no mundo por conta do desenvolvimento excessivo e do consumo “abusivo” e as crises de escassez devem se tornar mais comuns nos próximos anos, conforme aponta um relatório divulgado pelas Organização das Nações Unidas (ONU). Durante a Conferência da Água de 2023, que aconteceu essa semana em Nova York, a ONU disse que pretende alcançar compromissos mundiais para mudar o paradigma de gestão.

A entidade alerta para o “risco iminente” de uma crise global de escassez, devido ao consumo excessivo e às mudanças climáticas. “Estamos caminhando cegamente em uma estrada perigosa com o insustentável uso da água, a poluição e o aquecimento climático e que estão drenando o sangue vital da humanidade”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.


                                                                   Produção de água a partir da consientização em Paracatu, MG. Foto: reprodução Rede Hoje TV

O Relatório Mundial de Desenvolvimento da Água, que destaca as formas que os atores têm para superar juntos os desafios comuns, alerta para o “caminho perigoso” que as populações estão seguindo, “de excesso de consumo e desenvolvimento vampírico”. Em nível global, cerca de 2 bilhões de pessoas não têm água potável de qualidade e 3,6 bilhões não têm acesso a saneamento, afirma o documento.

A ONU conclui, no documento, que a população urbana global já enfrenta escassez de água, o que irá duplicar, segundo as estimativas. Além disso, cada vez mais frequente, a “incidência de secas extremas e prolongadas” também afeta os ecossistemas. Por isso, é urgente “estabelecer mecanismos internacionais fortes para evitar que a crise global da água saia de controle”, destaca no relatório a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). “A água é o nosso futuro comum e é essencial agir para partilhar equitativamente e gerir de forma sustentável”, acrescenta.

A escassez de água está se tornando endêmica”, acrescenta o relatório pontuando que, nos últimos 40 anos, o consumo global aumentou em cerca de 1,1% por ano. E esse ritmo intenso deve seguir, ao menos, até o fim de 2050.

Foto: divugação CNC 


Produtor de Água


O Conselho Nacional do Café (CNC), com uma visão voltada para a proteção dos mananciais e matas ciliares, lançou em 2021, o Programa Café Produtor de Água, em convênio com as associações e cooperativas vinculadas à entidade, além dos parceiros: Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB – Sescoop), Ministério da Agricultura e Pecuária, Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER-MG), Prefeitura de Alpinópolis/MG e Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé).

O projeto está em execução e conta com o estímulo de um prêmio por serviços ambientais, que será oferecido aos participantes do programa que atingirem as metas propostas no Projeto Individual da Propriedade (PIP). “A divulgação de projetos como o Cerrado das Águas e o Café Produtor de Água colocarão a produção de café do Brasil na vanguarda mundial, apresentando ao mundo o cuidado que a cafeicultura tem com o meio ambiente”, afirma Silas Brasileiro, presidente do CNC.

                  Foto: divugação CCA

Expansão para bacias hidrográficas no Cerrado Mineiro

O Consórcio Cerrado das Águas (CCA), plataforma colaborativa que une esforços entre empresas, governo e sociedade civil para implementar estratégias que garantam a provisão de serviços ecossistêmicos a fim de alcançar um sistema produtivo resiliente às mudanças climáticas, divulgou, recentemente, um balanço das atividades realizadas em 2022. O ano anterior foi de grandes avanços, sobretudo na expansão da metodologia do CCA para implantação de estratégias de Agricultura Inteligente para o clima.

Com os resultados obtidos no projeto-piloto na bacia do córrego Feio — em Patrocínio, MG —, realizado entre 2019 e 2021, a plataforma encaminhou sua metodologia para as bacias do ribeirão Grande, em Serra do Salitre, e rio Santo Inácio, em Coromandel, em ambos os municípios, o CCA contou com a parceria e o envolvimento das prefeituras municipais, às quais aderiram à iniciativa por meio de um termo de cooperação.

A metodologia refere-se ao PIPC – Programa de Investimento no Produtor Consciente, cujo trabalho é orientado em quatro frentes: engajamento institucional, paisagens conectadas, práticas agrícolas climaticamente inteligentes e gestão eficiente dos recursos hídricos. Por meio dela, o CCA oferece alternativas e soluções para a preservação dos recursos naturais e o aumento da resiliência às mudanças climáticas elaborando o PAC – Plano de Adaptação Climática e, alinhando individualmente, com cada produtor sobre a melhor forma de implementar as estratégias propostas pela equipe do CCA, de forma conjunta com todos os outros produtores dentro da bacia hidrográfica.

Juntos somos maiores”, lema que motiva e inspira a expansão

Juntos, os municípios de Patrocínio, Serra do Salitre e Coromandel, localizados na Região do Cerrado Mineiro, somam 1.164 propriedades em uma área de 748.200 hectares, sendo 98.960 hectares pertencentes às bacias em questão, compreendendo 103 propriedades aplicando a metodologia do CCA. Os números representam crescimento e evolução, com incremento de 53% no número de propriedades que aderiram ao PIPC no ano de 2022. Com o trabalho do Consórcio, a população dos três municípios, que juntos somam 131.165 mil habitantes, é beneficiada uma vez que as bacias hidrográficas que recebem as estratégias são fonte de abastecimento da população urbana e rural.

Os avanços da plataforma são celebrados pela organização e projeta o caminho para 2023. “Temos planos de avançarmos mais em 2023, no entanto, não somente avançarmos territorialmente, mas amplificarmos as nossas mensagens e ações sobre a Agricultura Inteligente, tornando acessível o conhecimento e a aplicação das técnicas para essa prática que produz e cuida dos recursos naturais necessários para a produção, que pensa no futuro e age no presente, de forma integrada e colaborativa para mais e mais pessoas, de vários setores. Colaborar, esta é a nossa palavra de ordem para agir em todos os momentos do CCA. Como plataforma colaborativa, todas as nossas iniciativas contam com um esforço coletivo e, assim, criamos uma rede de fortalecimento e de propagação, é desta forma que avançamos e é assim que chegamos ao nosso lema: ‘Juntos somos maiores’. Dentro desta perspectiva, ressalto o resultado do I Workshop de Atualização das Estratégias de Agricultura Inteligente para o Clima, realizado em 2022, que pela reunião de produtores e pesquisadores, traçamos estratégias colaborativas para que Região do Cerrado Mineiro avance, rapidamente, no processo de transição para uma agricultura climaticamente inteligente, sendo elas: Controle biológico conservativo, uso de macro e micro biológicos, cobertura de solo e diversidade na paisagem. Vislumbramos a perenidade da produção agrícola aliada à conservação dos recursos naturais de forma conjunta que favoreça ao coletivo, dessa geração e das próximas”, afirma Marcelo Urtado, cafeicultor e presidente do Consórcio Cerrado das Águas.

Diante de números que demonstram a efetividade da metodologia e a necessidade de continuar expandindo seu conceito, propósito e estratégias, como o potencial de carbono estocado em ações de restauração e conservação que somam 367.334 tCO2e e remoção anual de carbono em restauração e conservação em 1.241 tCO2e, o CCA projeta os próximos passos.

O futuro do CCA mostra uma plataforma consolidada de iniciativas em nível de paisagem que traz respostas para desafios da atualidade de forma dinâmica e participativa. É um modelo que pode ser replicado em outras regiões. Como líder nesse processo, temos o papel de chamar outros membros da cadeia para fazer parte, assim como, outros setores para o mesmo processo. Para 2023 iremos expandir mais ainda nossa comunicação buscando alcançar e sensibilizar mais produtores para que esses se unam a esse esforço coletivo. No ano passado, definimos nossos indicadores e as estratégias prioritárias para o processo de transição para agricultura inteligente para o clima na região do Cerrado Mineiro. Para esse ano, nossos associados farão a revisão do planejamento estratégico, definindo metas e ferramentas para alcançá-las”, avalia Fabiane Sebaio, secretária executiva do CCA.

Os resultados dos avanços e as ações realizadas em 2022 podem ser conferidos no relatório disponível para download no site do Consórcio Cerrado das Águas: https://www.cerradodasaguas.org.br/gestao


Da redação da Rede Hoje: com Alexandre Costa da Comunicação do CNC e Polliana Dias da Comunicação do CCA