Nos próximos quatro anos, a indústria de fertilizantes deve realizar investimentos da ordem de R$ 21 bilhões no país, em projetos que visam aumentar a oferta nacional de insumos para a agricultura. É o que informa Bernardo Silva, diretor-executivo do Sindicato Nacional das Indústria de Matérias-primas para Fertilizantes (Sinprifert).

Segundo ele, com a implantação de novas fábricas, expansão de investimentos para outras regiões do país, aumento da capacidade produtiva total e reativação de plantas, o setor pretende alavancar a produção nacional de matérias-primas, contribuindo para reduzir a atual dependência externa.

Diante dos acontecimentos do cenário econômico internacional, onde a guerra entre Rússia e Ucrânia evidenciou a fragilidade e imprevisibilidade do nosso abastecimento interno, o Brasil fez seu dever de casa e agora tem plenas condições para viabilizar uma produção nacional forte e estruturada. Por isso, com este cenário favorável, as empresas estão investindo e apostando na reindustrialização do setor”, explica o dirigente.

Ele acrescenta que desde 2015 a indústria nacional de fertilizantes vem fazendo um movimento de consolidação, mesmo diante de um cenário ainda de dificuldades. “À época, 70% dos fertilizantes usados no Brasil eram importados. Esse número chegou 90% em 2021 e ano passado acendeu o alerta vermelho com a crise no leste europeu, uma vez que Rússia e Bielorrússia são um dos principais fornecedores de fertilizantes do Brasil, além de países como China, que vêm estabelecendo restrições aos abastecimentos externos”, enfatiza.

Ele explica que, em março de 2022, foi lançado o Plano Nacional de Fertilizantes, estratégia de Estado para minimizar a subordinação do agronegócio nacional ao fornecimento externo de insumos, com foco nos principais elos da cadeia: mineração, química, infraestrutura, agricultura, inovação e sustentabilidade ambiental. O objetivo é diminuir a dependência externa para 50% até 2050.

O movimento agora é de expansão do parque industrial nacional e da viabilidade destes projetos em andamento. A continuidade deste cenário é bastante plausível, desde que a estabilidade institucional se mantenha e que o Brasil continue com uma visão de longo prazo, para que possamos ultrapassar rapidamente as barreiras que hoje impendem a competividade da indústria brasileira”, conclui Silva.