Por Polliana Dias


O Consórcio Cerrado das Águas (CCA), fundado em 2015, iniciou, em maio, seu projeto de expansão para seis municípios da Região do Cerrado Mineiro. O primeiro município a receber a metodologia foi Serra do Salitre e, em seu plano estratégico, a plataforma colaborativa expandirá, até 2023, para mais cinco municípios, entre eles: Coromandel, Carmo do Paranaíba, Rio Paranaíba, Monte Carmelo e Araguari.

O CCA é uma plataforma colaborativa que agrega esforços entre empresas, governo e sociedade civil para a preservação e conservação ambiental a fim de combater as mudanças climáticas. A iniciativa reúne vários integrantes da cadeia produtiva do café para que, juntos, atuem com o objetivo de restaurar paisagens produtivas sustentáveis.

O projeto-piloto, iniciado em 2019, na bacia do córrego Feio, em Patrocínio-MG, por seus resultados positivos, está migrando para outros municípios e agora chega a Coromandel para aplicar a metodologia na bacia do Santo Inácio junto aos agricultores locais. Em reunião realizada no dia 13 de julho com o poder público, o CCA apresentou sua proposta de atuação, a qual foi validada pelo prefeito Fernando Breno, o qual acredita ser uma iniciativa muito promissora.

Essa parceria do município integrando o Consórcio Cerrado das Águas será de muita importância em razão dos produtores rurais que têm as suas propriedades à beira do rio Santo Inácio e também do rio Buriti, que são os pontos de captação de água para Coromandel, logo, o trabalho será estruturado pensando não só no presente, mas também no futuro, tendo em vista a conservação da água e a valorização das propriedades rurais que serão cada vez mais sustentáveis e contribuirão, decisivamente, para a proteção do rio que tanto necessitamos para abastecer nossa cidade”, declara o prefeito.

A dinâmica da plataforma

Por meio do PIPC - Programa de Investimento no Produtor Consciente, o CCA oferece alternativas e soluções para a preservação dos recursos naturais e o combate às mudanças climáticas elaborando o PIP - Plano Individual de Propriedade, e alinhando individualmente com cada produtor, a melhor forma de implementar as estratégias propostas pela equipe de especialistas do CCA, de forma conjunta dentro da bacia hidrográfica.

O PIPC é um programa desenvolvido pelo CCA que tem como principal característica a rede de engajamento, desde o produtor que reside e trabalha na bacia, permeando toda a cadeia produtiva do café, até o comprador de café em qualquer parte do mundo, passando pelos atores locais, como promotoria, associações e poder público.

Não fazemos nada sozinhos e o apoio e união de esforços é imprescindível para que os produtores consigam se tornar resilientes aos indesejáveis efeitos das mudanças climáticas. Com isso, os moradores do município de Coromandel também serão beneficiados, pois terão maior fornecimento de água ao longo do ano. Para que a tecnologia, já experimentada e validada pelo CCA e seus integrantes, gere resultados, o envolvimento de todos: poder público, sociedade, empresas e cafeicultores é fundamental”, informa Fabiane Sebaio, secretária executiva do CCA.

Dinâmica validada por resultados positivos

De acordo com o relatório divulgado pelo CCA em sua plataforma, foram realizadas de 2019 a 2020, 319 visitas a produtores, produzidos 94 planos individuais de propriedade e implementados em 57 propriedades do plano-piloto na bacia do córrego Feio. Por meio de restauração 100% orgânica, foram plantados 17 hectares, 20 mil mudas e o alcance de 97 hectares de área conservada. O relatório com todos os dados está disponível para consulta e download em sua plataforma.

A implementação do projeto-piloto na bacia do Córrego Feio foi concluída em janeiro deste ano (2021), com sucesso de adesão de 70% das propriedades aptas a receber o PIPC. A estratégia de expansão, que visa formar corredores ecológicos e alavancar os ganhos de biodiversidade da região como um todo, segue para o segundo município e estamos muito otimistas com adesão dos cafeicultores”, declara Fabiane que explica que “juntos, esses municípios são responsáveis por grande parte da produção de café no bioma e têm pontos críticos no que se refere à grande perda da vegetação nativa e numerosas espécies ameaçadas. Os diagnósticos das respectivas áreas e as parcerias estabelecidas com o poder público de cada município nortearão as tomadas de decisão. O cadastro dos produtores e a análise das propriedades das áreas prioritárias a serem restauradas serão fundamentais para definir as estratégias que devem ser adotadas em cada propriedade”, informa a secretária executiva.

Lançamento em Coromandel

Para marcar o início da atuação do Consórcio Cerrado das Águas no município de Coromandel, será promovida uma live no dia 12 de agosto, às 19h, pelo canal do Youtube do Consórcio, contando com a participação do poder público municipal, produtores, membros associados da plataforma e parceiros, sendo aberta à participação.

Sobre o Consórcio Cerrado das Águas

Criado em 2015, em Patrocínio - MG, o Consórcio Cerrado das Águas tem como objetivo conscientizar produtores da região sobre a importância de seus ativos ambientais por meio do diagnóstico e investimento nos mesmos, garantindo sua preservação a longo prazo.

A iniciativa possui como membros associados as seguintes empresas: Nescafé, Expocaccer, Nespresso, Lavazza, Cooxupé, CofCo, Volcafé, além das instituições apoiadoras como Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Daterra, CerVivo, Imaflora e IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil.

Em 2019, o projeto piloto recebeu do Fundo de Parcerias para Ecossistemas Críticos (CEPF) o valor de US$400 mil para implementar o programa que irá promover, inicialmente, o investimento e a proteção dos ecossistemas naturais encontrados em mais de 100 propriedades ao longo da bacia do Córrego Feio. A quantia é o maior subsídio já concedido pelo CEPF, que conta com exigentes doadores como a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), União Europeia, Fundo Mundial para o Ambiente (GEF), Governo do Japão e Banco Mundial

Saiba mais acessando: http://cerradodasaguas.org.br