Costumo dizer que antes de sermos profissionais do esporte, fomos torcedores.

Cada um dos colunistas do Lei em Campo antes de serem advogados, gestores, juristas ou jornalistas, foram torcedores.

Nunca escondi minha paixão pelo Clube Atlético Mineiro. Pelo contrário, sempre ostentei com orgulho o “ser atleticano”.

Meu pai odiava futebol. Minha mãe, muito embora sempre tente esconder, era cruzeirense. Meu irmão é cruzeirense.

Nasci Atleticano, sem dúvidas.

Minhas mais tenras lembranças do Atlético começam aos 6 anos, Copa União. Como chorei naquela derrota pro Flamengo.

Muitas derrotas e muitos “quases” vieram. 1991, 1994, 1999, 2001, 2012, 2020.

Meu primeiro grande título foi a Conmebol de 1992. Depois o bi em 97.

Teve rebaixamento e volta apoteótica com o incontestável título da segunda divisão no ritmo de “Vou festejar”.

A redenção veio com a Libertadores de 2013. Ronaldinho Gaúcho devolveu o Atlético para a prateleira de cima do futebol brasileiro.

Em 2014, a Recopa e a Copa do Brasil contra o então maior rival ratificou a “virada” do Clube.

Mas faltava algo!!

Faltava o Brasileirão que nos foi injustamente tirado em 77 e em 80.

A torcida evitava o tema, mas era uma obsessão.

Veio 2021, perdemos o Brasileiro de 2020 por 3 pontos. O fôlego que faltou foi preenchido com elenco. Chegou o Hulk. Chegou Diego Costa. A massa sonhava.

Perdemos a Libertadores invictos em um lance ridículo e talvez ali começamos a ganhar o Brasileiro.

Foco total. O Atleticano começou a respirar Brasileirão. Ninguém comia ou dormia direito. A obsessão invadiu nossa alma e nosso coração.

A torcida comprou a “bronca”. Foi o décimo segundo, o décimo terceiro e o décimo quarto jogador.

Ir ao Mineirão passou a ser uma obrigação. Batíamos pontos e trabalhávamos pelo Clube.

O Flamengo, de novo, era o fantasma que nos assombrava.

Os cariocas não perdiam…

Veio o jogo com o Bahia. Uma vitória nos daria a glória eterna. 50 anos depois.

Primeiro tempo trouxe um burocrático zero a zero. Começa o segundo tempo. “Pow”. Bahia 2 a zero.

Penalti pro Galo (foram muitos. Óbvio. Com o volume de jogo do time, natural que estivessem mais tempo na área e mais expostos aos penais).

Hulk diminui a diferença.

2 minutos depois, Keno empata.

Lembrei-me da semi da 87. Naquela oportunidade buscamos o empate, mas tomamos o terceiro. Dessa vez tinha que ser diferente.

Mais 3 minutos. Keno de novo, em um lance que lembrou o gol de Eder contra a URSS na Copa de 82, viramos o jogo.

Estiparvamos ali os fantasmas que nos assombraram por 50 anos.

Honramos e vingamos Reinaldo, Cerezo, Eder, Luizinho, Marques, Guilherme, João Leite, Renato, Sérgio Araújo, Paulo Roberto, Eder Lopes e tantos outros…

5 minutos resumiram 50 anos de Atlético.

Nada nunca foi fácil pra gente.

Fomos cunhados na dor, na injustiça, na raça e no amor.

Vencemos o vento, Roberto Drummond, meu patrono na Academia de Letras de Nova-Lima.

Gritamos Galo com a alma, que, sem dúvidas, Mário Marra, é melhor do que gritar é campeão.

Como disse no início, antes de tudo, sou ATLETICANO e seria impossível falar de qualquer outro tema.

Escrevo enquanto as lágrimas brotam nos meus olhos escorrem no meu rosto.

Gustavo Henrique e João Gustavo. A gente é Galo! Vocês são campeões brasileiros!


Crédito imagem: Alexandre Guzanshe/D.A Press 

Gustavo Lopes

Professor, consultor, parecerista, mestre e doutorando em Direito Desportivo. Vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo e presidente do Instituto Mineiro de Direito Desportivo. Escreve na coluna “Desporto: temas, textos e contextos” todos os domingos.
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