Convergência. Diante da terra natal, é quando a felicidade se une ao banzo. Dia 25 de fevereiro esta coluna, também denominada crônica ou minifúndio (de ideias), completou 44 anos, praticamente ininterruptos. Na realidade, um serviço puramente amador, em prol de Patrocínio. De outro lado, a saudade de um tempo que não volta mais. E para curtí-la, recordações registradas por Rondes Machado e Toniquinha Lemos Borges, célebres patrocinenses, que partiram para a eternidade no mesmo dia (05/2/2022). E, naturalmente, complementos deste autor.

CHÁCARAS EM LUGAR HOJE INIMAGINÁVEL – A chácara da Dona Mulata e de seu marido Sr. Balduíno Afonso, situava-se na Rua São João (hoje, Av. José Maria Alkmim, 250, bem próximo ao Colégio Professor Olímpio dos Santos). Nos anos 40 e 50, toda a região, onde se localizam o Patrocínio Tênis Clube–PTC, Colégio, Prefeitura, Câmara Municipal, subestação da CEMIG, bairro Cidade Jardim, era a chácara de Dona Mulata. Existiam um pequeno bairro chamado de Vila Constantino e a isolada diminuta Santa Casa de Misericórdia, como vizinhos. O resto eram pastos do Ombrolino (filho de Dona Mulata), gabirobas, dois córregos, muitas árvores (sobretudo na região onde está o Centro Administrativo), lambaris, passarinhos de toda espécie e brejos. Nos anos 50, a família de Dona Mulata doou terrenos para a construção da Praça de Esportes (PTC), Colégio, escola e outras benfeitorias. Ato de civismo e amor a Patrocínio. Inigualável (até hoje). Exemplar.

MAIS BELAS CHÁCARAS DOS ANOS 40 – A propriedade do Sr. Osório Melchiades de Lima é justamente onde é hoje o Patronato João Cândido de Aguiar. A chácara do Sr. Osório Afonso, nos anos 70, foi substituída pelo Bairro Morada Nova. Não tão distante dessa, a chácara do Sr. Bernardino Machado, que nos anos 60 tornou-se a chácara do Estado. Hoje, é o complexo da Unicerp. O Sr. Rodolfo Lemos mantinha a sua chacrinha do outro lado da pequena e rural Patrocínio. Lá, hoje, é a região da Rua Expedito Dias. Para completar o círculo das chácaras centrais, havia a do Baio e Anginha (ex-bibliotecária da Prefeitura) nas proximidades da Cadeia Pública dos anos 30/40/50 (Praça Tiradentes – região do Ginásio Dom Lustosa). E a chácara Esmiril de Maria Etelvina Dias (a Dona Cota). E de suas filhas Alice, Augusta e Gercina Dias. Em frente, situava a chácara dos pais do bispo Dom Almir Marques (e do fotógrafo Lucas Marques). Essas duas famílias descendentes do Padre Modesto (tempo do Império), o famoso sacerdote de algumas esposas e filhos, que residiu nesse local (no cruzamento da Av. Dom Almir Marques com a Av. João Alves do Nascimento).

PORTANTO, MARAVILHOSAMENTE ... – Patrocínio era uma cidade bucólica, que não precisava trancar a porta da casa, onde todos se conheciam. A cidade era do Ginásio Dom Lustosa, Igreja Nossa Senhora do Patrocínio, praças da Matriz, Honorato Borges e Santa Luzia, até a Estação Ferroviária. Três pequenos bairros: Vila Constantino, Sertãozinho (hoje, Marciano Brandão) e São Vicente. E pouca coisa a mais. Sem asfalto nas ruas e muito menos nas rodovias. Luz era a do luar. Assim, era Patrocínio nos anos 40 e parte de 50. Era tão gostosa... tão pequena que a gente das cidades vizinhas, brincando, a chamavam de “belo arraial comprido”.

OS INESQUECÍVEIS MÉDICOS – Dr. Gustavo Machado, primeiro pediatra, fundador do Posto de Puericultura (Rua Presidente Vargas com Rua Tobias Machado), clínico Dr Michel Wadhy, Dr. Joaquim Brito (oftalmologista), João Afonso e Acrízio Cardoso. E mais, os médicos que reabriram a Santa Casa, juntamente com as Irmãs Maximiliana, Áurea e Mercêdes. São eles: Dr. José Garcia Brandão, Dr. Joaquim Henriques Cardoso, Dr. José Figueiredo e Dr. Amir Amaral (esse formou-se na Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, em 1º lugar geral).

OS NOTÁVEIS ADVOGADOS – Saul Andrade, Dr. Faria (neto do juiz Faria Pereira), Lúcio Azevedo, Clodoveu Afonso de Almeida, Expedito Faria Tavares, José Faria Tavares, Walter Machado (que se tornou desembargador), Hélio Furtado de Oliveira, João Amaral, Edgard Duca e Vicente de Paula Arantes. Esse, para a felicidade da história de Patrocínio, sobrevive.

REVELAÇÕES DE RONDES – A histórica Casa Manoel Nunes, até os meados da década de 40, era na Av. Rui Barbosa, esquina com Rua Pinto Dias. XXXX Antes do guaraná Banho de Lua (anos 50), Patrocínio fabricou e bebeu o guaraná Supimpa nos anos 40. XXXX Em 1959/1960, os partidos rivais “ao extremo”, UDN e PSD, se uniram visando atrair a CEMIG com a sua energia. Para tanto, por meio de suas principais lideranças, adquiriram ações da CEMIG, com seus recursos próprios. Também lição de civismo exemplar. XXXX Flamengo (do Véio do Didino), às vezes, viajava para outras cidades, de terno e gravata. Como para Sacramento em 1953. Dessa delegação, hoje todos residem no “andar de cima”. O antecessor do CAP, E.C. Dom Lustosa, tinha camisa igual à do Vasco da Gama, porém em tom azul. XXXX O alfaiate Custodinho ou Mathias (e que alfaiate!) foi o idealizador da Corrida da Fogueira. XXXX O primeiro senador patrocinense, José de Faria Tavares, foi bom ponta-direita do Ipiranga, nos anos 40. XXXX Numa carta ao seu amigo Paulinho Constantino (ex-prefeito de Presidente Prudente-SP), Rondes recorda as aulas na Escola de Comércio e Contabilidade Padre Mathias, em 1951, citando os professores Elias Facury (da Casa Facury), a linda professora Marina (filha de um taxista ?), Dácio Nascimento e Elza Queiroz (tia do ex-prefeito Betinho).

INCRÍVEIS MANCHETES DOS ANOS 40 – Além do término da Segunda Guerra Mundial, muito comemorado na cidade, que teve cinco patrocinenses no campo de batalha, há eternos destaques. É fundada a Corporação Musical Maestro José Carlos da Piedade (banda), sob a batuta de Alírio de Melo. XXXX Em 18/6/1940, pousa o primeiro avião em Patrocínio (aviador Elias Cunha). XXXX Em 1941/1942, o Santo Padre Eustáquio reside no Ginásio Dom Lustosa. XXXX Há quatro linhas de ônibus: Patos de Minas, Paracatu, Carmo do Paranaíba e Uberaba. E o diário trem de passageiros para Belo Horizonte e Monte Carmelo. XXXX Surge o primeiro ponto de táxi, chamado de “Ponto de carro de praça”, na Praça Santa Luzia. XXXX São inaugurados Bar Rio Branco e Cine Rosário no Edifício Rosário. XXXX Em 1945, o jovem médico Amir Amaral assume a Prefeitura, pela primeira vez. XXXX Em um ano só (1947), Patrocínio tem três prefeitos: José Queiroz (PSD), Perícles Paiva (UDN) e João Alves do Nascimento (PSD). XXXX Em 1949, é inaugurada a Rádio Difusora, localizada na Praça Santa Luzia, ao lado do Bar Rex (esquina de Rua Presidente Vargas com Rua Cel. João Cândido de Aguiar).

(Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)