
Da Redação da Rede Hoje com Ascom ALMG
A Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (17), foi o principal tema na Reunião Ordinária de Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Parlamentares da oposição destacaram as fraudes em licenças ambientais de mineradoras e defenderam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar órgãos estaduais envolvidos no esquema bilionário de corrupção, crimes ambientais e lavagem de dinheiro.
A ação da PF cumpriu 79 mandados de busca e apreensão e 22 mandados de prisão preventiva em Minas Gerais, com bloqueio de R$ 1,5 bilhão em ativos e suspensão de atividades de empresas investigadas. O grupo criminoso obtinha licenças fraudulentas para explorar minério de ferro ilegalmente, inclusive em áreas tombadas e de preservação, gerando riscos ambientais e sociais. Diligências ocorreram na Cidade Administrativa, sede do governo estadual, e envolveram a Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal.
Entre os presos estão o diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Caio Mário Trivellato Seabra Filho; o ex-diretor da PF em Minas Gerais, Rodrigo de Melo Teixeira; empresários Alan Cavalcante do Nascimento e Helder Adriano de Freitas; e o ex-deputado João Alberto, apontado como articulador. Servidores da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) foram afastados. Um ex-presidente da Feam, Rodrigo Gonçalves Franco, exonerado no sábado (13), é investigado por influenciar processos de licenciamento.
A deputada Ana Paula Siqueira (Rede) lembrou que o esquema movimentou pelo menos R$ 1,5 bilhão em propinas, com projetos alterados, multas canceladas e concessões irregulares. O deputado Professor Cleiton (PV) alertou para riscos de corrupção no Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) desde 2023, durante a aprovação da reforma administrativa do governador Romeu Zema (Novo), que transferiu a fiscalização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) para a Feam, fragilizada por indicações políticas.
A deputada Bella Gonçalves (Psol) citou o relatório da PF, que menciona servidores estaduais presentes em audiência da Comissão de Meio Ambiente da ALMG na terça-feira (16), como Arthur Ferreira Rezende Delfim, diretor da Feam preso por receber R$ 50 mil em propina. “Isso é extremamente sério e demanda uma CPI”, afirmou. O deputado Leleco Pimentel (PT) criticou a facilidade nos licenciamentos no governo Zema.