Pré-candidato ao governo de Minas pelo PSD critica falta de estudo de viabilidade e de garantias de que os usuários contarão com mais estrutura em rodovia com pedágio



Trecho da rodovia em Patrocínio.
Foto: reprodução Rede Hoje

Da redação da Rede Hoje

A intervenção do Ministério Público Federal (MPF) para barrar a concessão da BR-365 comprova a falta de compromisso do governo Zema com o Triângulo Mineiro. A privatização de uma das mais importantes rodovias da região foi lançada às pressas pelo Estado, sem a garantia de que os usuários contarão com a devida estrutura, mesmo pagando pedágio. Em entrevista à Rádio Vitoriosa, de Uberlândia, o candidato ao governo de Minas Alexandre Kalil (PSD) apontou falhas no processo.

"Estão fazendo uma concessão atabalhoada, comemorando uma concessão feita sem estudo de viabilidade. Minas Gerais não tem agência regulatória de concessão. Quem vai tomar conta disso?", questiona Kalil.

Segundo ele, devido à falta de clareza, houve apenas uma empreiteira interessada na concessão da BR-365. "Há dois meses de uma eleição, o Ministério Público proibiu o governo de colocar essa concessão na Bolsa de São Paulo, de tão suspeita que ela é. Fizeram numa sala, com apenas um interessado, que entrou com preço máximo. Uma concessão no Triângulo, deste volume, interessa muito quando é bem-feita".

No início de 2021, o governo federal pediu estudos e projetos básicos para a duplicação de quase 330 quilômetros da BR-365. Em dezembro, o governo de Minas lançou o processo de concessão do trecho entre Uberlândia e Patrocínio.

O MPF recomendou à Justiça a exclusão do trecho e solicitou, em fevereiro de 2022, o pagamento de indenização de R$ 2,5 bilhões por danos morais e coletivos. A concessão previa, após três anos, apenas 11 quilômetros de duplicação, 39 quilômetros de faixas adicionais e duas praças de pedágio.

Em março, dois lotes da concessão foram adiados e logo depois a Justiça suspendeu o leilão de concessão da BR-365. Mas em 22 de junho, o Tribunal Regional Federal (TRF) 1ª Região derrubou a decisão, liberando que o trecho faça parte do programa de concessões do governo do Estado.

"As concessões estão embaralhadas na Justiça, com essa pressa que ninguém entende, vão dar um enrosco, muito prejuízo à região por causa da falta de cuidado. Não ouviram ninguém para fazer isso. É preciso estudo de viabilidade claro, longo. Isso não se faz em lugar nenhum no mundo", avalia Alexandre Kalil.

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Falta investimento na BR-262

Os moradores do Triângulo e Alto Paranaíba também sofrem com a falta de estrutura e de investimentos na BR-262, que liga a região à capital de Minas. Por causa disso, preferem se deslocar para São Paulo, o que causa prejuízo à economia do Estado.

"Temos que parar de mandar o Triângulo para São Paulo. O Zema, grande amigo do Bolsonaro, tinha que ter resolvido isso em Brasília, isso é rodovia federal. É preciso uma boa estrada para chegar à capital, a riqueza do uberlandense tem que ser gasta em Minas Gerais, e não em São Paulo. Quanto mais se esculhamba rodovias como a 262, leva a população para São Paulo", disse o ex-prefeito de BH.

Além das rodovias, o Triângulo Mineiro, bem como a vizinha região do Alto Paranaíba, sofre com a desatenção e falta da presença do poder público em outros setores.

O candidato do PSD aposta na aliança com o ex-presidente Lula (PT) para reverter esse quadro. "O Lula me prometeu que vamos cuidar sobretudo de quem mais precisa, colocá-los no orçamento de Minas, parar com esse negócio de Estado mínimo. O país está quebrado, em estado de emergência, o presidente da República liquidou esse país. Não tenham dúvida de que essa política covarde que esse governo federal e governo do Estado estão fazendo, de tirar a ajuda do Estado, é desumanidade, falta de caridade, de empatia. Estamos caminhando para ficar ainda mais grave se a gente não tiver um governador que saiba o tamanho da cadeira que está sentando e o presidente da República sentado lá para ajudar o Estado, para tirar esse povo da fome, para fazer o que fazemos com estrada, com vicinais, com duplicação de BR", finalizou.


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