Riqueza. O Município é rico ou não? A interpretação dela depende do olhar. O bairrista a vê de uma maneira. O político de outra. O cidadão comum sente a presença da riqueza na pele ou não. Já o técnico é mais consciente, pois a vê ou não nos números reais (dados oficiais). O indicador que mais aproxima de uma visão da realidade, que tem credibilidade sobre o que é riqueza ou pobreza de um lugar (cidade ou estado, por exemplo) é o PIB. O famoso Produto Interno Bruto. Visando apurar a situação de municípios, como Patrocínio, esta análise envolve o PIB municipal e o PIB per capita. Dois irmãos siameses. Pois, um deriva do outro e esse outro sozinho pouco indica, tratando de qualidade de vida dos cidadãos.

PATROCÍNIO É RICA, MAS... – No último levantamento do IBGE (2020), o PIB patrocinense totalizou R$ 3,3 bilhões. Mais exatamente, R$ 3.290.863.800,00. Isso significa o que Patrocínio produziu na sua agropecuária, indústria e serviços. O ritmo mostra crescimento nos últimos 15 anos. No ranking dos maiores PIB’s mineiros, liderado por BH, Patrocínio é o 35º lugar. Posição normal para o tamanho do Município. Nada de espetacular. A bem da verdade, Araxá (19º), Araguari (20º), Paracatu (21º) e Patos de Minas (22º lugar) estão à frente, com bastante folga. Para se ter ideia, a última cidade desse grupinho, Patos de Minas, teve um PIB de R$ 5,4 bilhões. Quase o dobro do PIB patrocinense (R$ 3,3 bilhões). A performance piora quando entra o PIB per capita (veja no final desta crônica).

O CALCANHAR DE AQUILES – A decepção tem nome e endereço. O PIB, a riqueza de Patrocínio, é moderado devido à inércia (apatia) de sua atividade industrial. Trocando em miúdos, a indústria patrocinense colaborou, e colabora, apenas com 13% na formação do PIB de Patrocínio. Por isso, há 75 municípios (maiores e menores) na dianteira de Patrocínio, quanto ao setor industrial. Com a palavra, os políticos e as fortes lideranças. Menos solenidades, mais ação executiva é melhor.

DOIS SETORES SATISFATÓRIOS, PORÉM... – O PIB de um lugar (município, por exemplo) é formado por quatro grandes atividades econômicas: Indústria, Agropecuária, Serviços e Administração Pública. Na atividade Serviços, Patrocínio está numa posição satisfatória. Com a produção de serviços avaliada em R$ 1,5 bilhão, ocupa o 28º lugar em MG. Ou seja, a atividade Serviços em Patrocínio é quatro vezes maior que a atividade Indústria. Uma “senhora” vergonha! Serviços é maior até que Agronegócio, em termos de PIB. Já na atividade “Administração, Defesa, Educação e Saúde Públicas, e, Seguridade Social” (resumindo: Administração Pública e Previdência), Patrocínio posiciona-se em 35º lugar em Minas. Até a Administração Pública participa mais do PIB patrocinense do que a Indústria. Em números, R$ 60 milhões a mais, por ano. Assim, a “vergonha” para a atividade industrial em Patrocínio segue firme... bem situada... na lanterninha entre as quatro atividades, e, na classificação estadual também.

AGRO É SHOW NO RANKING – A Agropecuária coloca Patrocínio em 5º lugar em MG, superado apenas por Unaí (1º), Uberaba (2º), Paracatu (3º) e Uberlândia (4º). A referência maior de Patrocínio, Patos de Minas, é o 10º posicionado. Quanto ao PIB, o agro patrocinense participa com R$ 609 milhões (18% do PIB). Melhor do que a Indústria, pior do que a atividade Serviços.

PATROCÍNIO UM DOS POUCOS QUE CRESCEU – Segundo a Fundação João Pinheiro–FJP, em recente estudo, Patrocínio, quanto ao VAB (Valor Adicionado Bruto), teve crescimento expressivo na Agropecuária. Saltou de 1,1% para 1,5%, de 2019 a 2020, quanto à participação em percentual no PIB do Estado. Perdizes também cresceu. O líder Unaí e até Uberlândia tiveram decréscimo nos pontos. Além do café arábica, a bovinocultura leiteira, a safra de cereais (sobretudo o trigo), a soja e a cebola foram fundamentais no aumento em percentual de Patrocínio, no PIB de Minas Gerais, afirma a FJP.

RESUMO DA RIQUEZA PRODUZIDA – Serviços (46%), Agropecuária (18%), Administração Pública (13% e pouquinho mais), Indústria (13% e pouquinho menos) e Impostos sobre os Produtos (10%). Isso são os 100% do que Patrocínio produz. É o seu PIB bruto. Mas poderá ser dito que Patrocínio é rica? Ainda não. Aí entra o principal, a população. Surge o PIB per capita, o PIB por pessoa, em média. Nunca esquecer que é “em média”.

AH!! QUANDO É PER CAPITA...DESASTRE – Dividindo o PIB pela população dá R$ 35.985,00 por ano para cada patrocinense. Ou seja, quase R$ 3.000,00 mensais, em média. Pouco. Pois, coloca o Município em 118º lugar em MG. Patos quase empata com Patrocínio (R$ 35.161,00 por pessoa). Perdizes fantástica: R$ 79.020,00 per capita, ou R$ 6.600,00 mensais, em média, para cada perdizense. Por isso, Perdizes tem riqueza maior do que Patrocínio: o cidadão lá, em média, ganha mais do dobro do que o patrocinense!

POR FIM – Riqueza, PIB, população (maior) são variáveis que tem de ser bem avaliados. Por isso, aumentar população, dar festas, muitos feriados, e não ter emprego e salários padrão é utopia. É ilusão acima da razão. Merece reflexão.

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