Foto: arquivo municipal



Comício para a campanha à Prefeitura de Paulo Constantino e Alaor Paiva, na década de 1960 em Patrocínio, estão na foto: João Batista Queiroz, Abdias Alves Nunes, Paulinho Constantino (ao fundo), Não identificado, Carlos Silva, Sebastião Eloi dos Santos

Ano. No seu sétimo mês, no Calendário Gregoriano, é uma homenagem ao imperador romano Júlio César (100 a 44 aC). E justamente no dia 13 de julho (100 anos antes de Cristo) nasceu esse militar de Roma. Assim, julho vem de Júlio. Quanto a Patrocínio, nesse mês paradigmático, já há algum tempo, duas lendas de sua existência deixaram a vida terrena. Faleceram na década de 80. Um, político ilibado, mãos limpas (o que é difícil na atualidade). A segunda lenda, uma pessoa simples que marcou/encantou algumas gerações patronais, trabalhando com as mãos, em função bastante humilde. A terceira lenda, nasceu em fevereiro e faleceu em abril. Diferente: médico, poeta e amigo dos pobres.

EXEMPLO DE COMO SE FAZ POLÍTICA Vereador por sete mandatos, desde 1947 a 1976. Presidente da Câmara Municipal em 1955-58 e 1963-64. Nessa época, o vereador não era remunerado. Candidato a vice-prefeito em 1958 (PSD), quando a UDN foi vitoriosa (Enéas Aguiar). Dentista pela então UFMG (1932). Um dos dois criadores da primeira escola secundária (colégio) gratuita de Patrocínio: ginasial, científica e comercial (hoje, parte do Fundamental, e, Médio). O outro criador/construtor foi o prefeito Amir Amaral, em 1956. O vereador tornou-se diretor dessa escola, nos anos 60: Colégio Professor Olímpio dos Santos. Esse inesquecível mito chama-se Abdias Alves Nunes. Um idealista.

PASSAGEIRO DE ÔNIBUS, MOTORISTA DE FUSCA Passageiro constante do Expresso União, em estrada de terra, rumo a BH, pagava a sua passagem e despesas na capital, com o seu dinheiro (de dentista). As viagens sempre buscam benefícios para a cidade (este autor foi o seu companheiro de viagem, em diversos favores). “ Pilotava ” o seu Fusquinha azul piscina de maneira inusitada pelas ruas da cidade, sem o devido conhecimento das leis de trânsito. Isso e mais ações interessantes sobre o folclore rangeliano. Filho do fundador das “ Casas Manuel Nunes ”, casado com o prof . Célia Aquino Nunes e pai de Tomás Eustáquio (hoje, fazendeiro). Enfim, Abdias ilibado (honesto), alma pura e político por natureza (PSD). Nossos olhos brilhavam o melhor para o Patrocínio, principalmente na Educação e na cooperação às pessoas mais humildes.

VIDA DE ABDIAS Nasceu (29/9/1916), viveu e faleceu em 26 de julho de 1981, na sua adorada terra, Patrocínio.

O IMORTAL ACADÊMICO Médico (UFMG) Michel Wadhy, conhecido em demasia pelo Dr. Michel, nasceu em 1915, no então distrito carmelitano de Iraí de Minas (emancipado em 1962), viveu em PTC e faleceu em Belo Horizonte (30/4/ 85) e, sepultado, na sua poética Patrocínio, no dia 1º de maio de 1985. O “ Homem de Branco ”, além de médico, foi poeta, escritor, vereador e desportista. Acadêmico, sob dois ângulos. Criador maior e presidente da Academia Patrocinense de Letras–APL, em 1982, exatamente quando Patrocínio completava 140 anos de emancipação (esse presente dado à cidade, a APL, hoje foi definitivamente abandonado pelos patrocinenses). Primeiro ocupante da cadeira nº 9 da APL. Como desportista, também participou da direção da academia patronal de futebol, denominada Flamengo. Junto com Véio do Didino, a maior lenda do futebol rangeliano. Isso nos anos 50 e a primeira metade dos anos 60. Dr. Michel filho de libaneses (Wadhy Miguel e Sofia Farah), casado com a carmense Hésperia Botelho Wadhy, pai de oito filhos. Entre os quais, Dizinho (Wadhy Rebehy Neto), craque do Flamengo patrocinense, que integrou o ataque da Seleção Brasileira de Patrocínio, que inaugurou o Estádio Júlio Aguiar em 1962 (Dizinho faleceu em BH).

A LITERATURA DO IMORTAL A principal publicação do acadêmico Michel Wadhy foi o livro “ Coisas da Vida ”, editado em 1983. Dele, um dos seus pensamentos: “ Qualquer trabalho, por mais humilde que seja, engrandece, dignifica e enobrece todo aquele que o faz com elevação e amor .” De uma das suas três poesias “ Aos Meus Pobres ”, um verso:

...“Os meus pobres me deram vida pura,

Pois deles receberam festa altaneira,

Carinhos mitigaram a amargura

De minha luta nesta atroz canseira”...

BARÃO QUE NÃO ERA BARÃO – Patrocinense nativo, Antônio Caldeira Primo nasceu no arraial de Santa Luzia dos Barros em 31 de julho de 1912. No dia que completou 76 anos, 31 de julho de 1988, faleceu Barão, personagem histórico de Patrocínio. Servidor da Prefeitura Municipal quando localizado no velho casarão-símbolo da Praça da Matriz (hoje, museu e Casa da Cultura). Mas o que ele gostava de fazer era gravar sapatos no melhor “ point ” da cidade, nos anos 40, 50 e 60: Praça Honorato Borges. Precisamente, no edifício Rosário, entrada do glamoroso Cine Rosário. A sua cadeira para receber os clientes, situava-se entre a entrada do cinema e a loja, onde fora a Relojoaria França. Não se sabe a origem do apelido “ Barão ”. Mas segundo a escritora Maria de Fátima Machado de Almeida, ele sempre dizia:

Patrocínio, terra do disparate,

Engenheiro é alfaiate,

Barão é engraxate!”

Sobre o “ engenheiro ”, provavelmente estava se referindo a Chiquinho Mateus, engenheiro/arquiteto da Prefeitura (fez a planta de inúmeras casas, nas décadas de 30 a 60). Antes, Chiquinho fora alfaiate.

QUEM É? O Barão era casado com Edith Caldeira, que tinha oito filhos. Humilde, de estatura próxima de 1,65m, olhos azuis, barba tradicional grande e densa, educada e correta. Com esses atributos e mais qualidades, tornou-se pessoa inesquecível e exemplar de Patrocínio.


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