O setor superou atrasos com estratégias alternativas, como o uso de navios de carga fracionada.
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O setor investiu em alternativas como o embarque de café a granel, o que ajudou a contornar os entraves e aumentar o volume exportado.
Da redação da Rede Hoje
Em outubro, o Brasil alcançou um marco significativo ao exportar 4,9 milhões de sacas de café, apesar dos desafios logísticos que vinham limitando os embarques. Esse volume é recorde para um único mês, superando o volume anterior registrado em novembro de 2020. De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o crescimento foi de 11,6% em comparação ao mesmo mês de 2023. Esses dados refletem o empenho do setor em enfrentar os gargalos logísticos para garantir o fluxo de exportação.
Os atrasos nas exportações foram causados principalmente pela alta demanda por contêineres para produtos como café, açúcar e algodão, somados à infraestrutura portuária insuficiente. Até o fim de setembro, esses problemas haviam deixado 2,1 milhões de sacas de café aguardando embarque nos portos brasileiros. Em resposta, o setor investiu em alternativas como o embarque de café a granel, o que ajudou a contornar os entraves e aumentar o volume exportado.
Além de representar um recorde em volume, o desempenho em outubro também foi expressivo em valor. O preço médio por saca exportada alcançou US$ 282,80, totalizando uma receita de US$ 1,393 bilhão, recorde para um único mês. Em relação a outubro de 2023, a receita cambial teve um crescimento impressionante de 62,6%, evidenciando a valorização do produto brasileiro no mercado internacional.
Apesar desse avanço, Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, ressalta que ainda há desafios logísticos a serem superados. Segundo ele, o setor de exportação de café continua enfrentando atrasos nos navios e restrições nos terminais portuários, que afetam a consolidação de novos embarques. Para aliviar esses problemas, o Cecafé está em diálogo com os terminais portuários e outros setores do agronegócio para buscar apoio na ampliação da infraestrutura necessária.
O bom desempenho em outubro contribuiu para que o Brasil elevasse suas exportações de café no acumulado da safra 2024/25, com 17,075 milhões de sacas enviadas ao exterior. Esse volume gerou uma receita total de US$ 4,529 bilhões, com aumento de 17,9% em volume e 58,1% em valor na comparação com o mesmo período do ano anterior, reforçando a importância do café brasileiro para a economia.
No ano civil de 2024, entre janeiro e outubro, as exportações somaram 41,456 milhões de sacas, o que representa um crescimento de 35,1% em comparação ao mesmo período de 2023. A receita cambial desse período também foi recorde, atingindo US$ 9,875 bilhões, um aumento de 53,8% em relação ao ano passado. Esses números destacam a expansão contínua das exportações brasileiras de café em um cenário de forte demanda global.
Entre os destinos principais do café brasileiro, a Alemanha lidera, com 6,640 milhões de sacas importadas entre janeiro e outubro de 2024, um aumento de 77% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar, seguidos por Bélgica, Itália e Japão. O México e o Vietnã também destacaram-se, com aumentos expressivos nas compras de café verde do Brasil.
O relatório completo do Cecafé está disponível no site da entidade, detalhando ainda os tipos de café exportados, os destinos e as questões logísticas enfrentadas. Esses resultados reafirmam o papel do Brasil como o maior exportador global de café, superando as adversidades e consolidando sua posição no mercado internacional.