A estiagem do ano passado foi a pior dos últimos 33 anos no Brasil, afetando severamente a região; seminário aponta tecnologia como arma contra a ampliação tanto da estiagem quanto das chuvas extremas.

Arte: Pixabay

Preocupação foi destaque no sexto encontro regional do Seminário Técnico Crise Climática em Minas Gerais: Desafios na Convivência com a Seca e a Chuva Extrema, realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais esta semana em Uberlândia. 

Da redação da Rede Hoje

As regiões do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba, conhecidas por sua alta produtividade agrícola, estão enfrentando o desafio de adaptar-se à ampliação da estação seca e às inundações cada vez mais frequentes, preservando o bioma do Cerrado sem comprometer a economia do agronegócio. Esta preocupação foi destaque no sexto encontro regional do Seminário Técnico Crise Climática em Minas Gerais: Desafios na Convivência com a Seca e a Chuva Extrema, realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta segunda-feira, em Uberlândia.

O objetivo do seminário é encontrar soluções para minimizar os impactos das mudanças climáticas em Minas Gerais, causados pela ação humana. O evento culminará em sua sétima e última reunião regional em Unaí, nesta sexta-feira (21), antes da etapa final em agosto, em Belo Horizonte.

Pior estiagem em 33 anos

O agronegócio em Minas Gerais depende de um ambiente climático estável e sustentável”, afirmou o deputado Tadeu Martins Leite (MDB), presidente da ALMG. Ele destacou que a estiagem do ano passado foi a pior dos últimos 33 anos no Brasil, afetando severamente a região. “Estamos preocupados tanto com as pessoas mais vulneráveis quanto com a produção agrícola, que gera emprego e renda”, explicou.

Especialistas em climatologia, como os professores Paulo Cezar Mendes e Rildo Aparecido Costa, ambos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), apontaram a ampliação do período de estiagem como uma tendência crescente. A estação chuvosa, que antes começava em outubro, agora tende a iniciar-se apenas em novembro, com chuvas concentradas que frequentemente causam inundações, como as observadas na Avenida Rondon Pacheco, em Uberlândia.

Tecnologia como Aliada
Paulo Mendes ressaltou a falta de um radar meteorológico no Triângulo Mineiro, ferramenta crucial para melhorar as previsões climáticas. “Um radar meteorológico custa entre R$ 4 e 5 milhões, mas se paga rapidamente com a melhoria nas previsões”, afirmou. Rildo Costa complementou destacando a escassez de estações meteorológicas na região.

O presidente da ALMG elogiou a sugestão, sublinhando a importância da tecnologia no combate à crise climática e antecipando que este será um dos pontos abordados no relatório final do seminário. “Estamos aguardando esse relatório para aprimorar a legislação e a fiscalização das políticas públicas”, disse Martins Leite.

Políticas Ambientais e Financiamento
Fernando Caixeta Lisboa, professor do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, apontou o potencial inexplorado da região para negociação de créditos de carbono. Em 2022, o Brasil emitiu 169,4 toneladas de dióxido de carbono, sendo que Uberlândia contribuiu com 2,5 toneladas. Ele destacou a necessidade de políticas que remunerem os serviços ambientais prestados pela região.


Seminário sobre a crise climática reuniu autoridades, especialistas e diversos representantes da região. Foto: Alexandre Netto

Adaptação e Sustentabilidade
Deputados também discutiram a capacidade de adaptação da agricultura mineira. Raul Belém (Cidadania) elogiou o uso de tecnologias que reduzem o impacto ambiental, enquanto Arnaldo Silva (União) e Caporezzo (PL) defenderam a necessidade de compatibilizar a preservação ambiental com a atividade produtiva. Leonídio Bouças (PSDB) alertou sobre a importância de evitar desastres ambientais de grande escala, como o rompimento de barragens.

Educação e Conscientização
O deputado Elismar Prado (PSD) pediu apoio para seu projeto de lei que cria a educação climática nas escolas, enfatizando a importância de mudar mentalidades frente ao negacionismo climático. João Júnior (PMN) destacou a necessidade de ampliar o saneamento básico na região.

O evento também contou com a presença de deputados federais, acadêmicos, e representantes do poder público, como a diretora executiva da Universidade de Uberaba, Priscila Neme, e o promotor de Justiça Carlos Valera. Exemplos bem-sucedidos de convivência com os desafios ambientais já aplicados na região foram apresentados durante o seminário, promovendo um rico debate sobre as estratégias para enfrentar a crise climática em Minas Gerais.


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