Proposta aprovada pela Câmara limita responsabilização de parlamentares e amplia privilégios políticos, reacendendo debate sobre impunidade e enfraquecimento institucional


O relator, Claudio Cajado, apresentou um novo texto na quarta-feira. Foto: Agência Câmara de Notícias

Da Redação da Rede Hoje
A aprovação da chamada PEC das Prerrogativas, apelidada de “PEC da Bandidagem” por críticos, nesta semana, reacendeu discussões sobre os rumos da democracia no Brasil. O texto, aprovado na Câmara dos Deputados, determina que parlamentares só poderão ser processados com autorização de suas respectivas Casas, ampliando barreiras para responsabilização criminal de deputados e senadores.

Além disso, a proposta estende foro especial a presidentes de partidos políticos, condicionando o andamento de processos à autorização do Senado. A medida representa, segundo juristas e analistas, um retrocesso em relação à Emenda Constitucional nº 35 de 2001, que havia reduzido os privilégios parlamentares e facilitado a atuação do Judiciário em casos de corrupção e crimes comuns.

Parlamentares favoráveis à PEC alegam que a mudança protege a independência do Legislativo contra eventuais perseguições políticas e abusos de autoridades. No entanto, opositores afirmam que o verdadeiro objetivo é blindar lideranças políticas de investigações e condenações, garantindo impunidade e fortalecendo o poder do Centrão e de partidos de extrema-direita em ano pré-eleitoral.

Especialistas alertam que, se consolidada, a PEC pode corroer mecanismos de fiscalização e enfraquecer o equilíbrio entre os poderes. Para eles, a medida se insere em um processo mais amplo de erosão democrática, no qual interesses corporativos se sobrepõem ao interesse público.

No Senado, a proposta deve enfrentar maior resistência. Parlamentares de oposição e setores independentes já sinalizam intenção de alterar ou até barrar o texto. Ainda assim, o avanço da matéria preocupa organizações da sociedade civil e movimentos sociais, que veem na PEC um risco de retrocesso institucional e um estímulo à descrença da população no sistema político.

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