
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a abertura da Assembleia Geral da ONU em Nova York — Foto: Ricardo Stuckert/PR
Da Redação da Rede Hoje
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou neste domingo (21) para os Estados Unidos, onde participará da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, entre 22 e 24 de setembro, em Nova York. A comitiva inclui o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, além de outros ministros e especialistas.
Como é tradição desde 1955, o Brasil será o primeiro Estado-membro a discursar na abertura do debate geral. Lula falará na terça-feira (23) pela manhã, logo após as falas do secretário-geral da ONU, António Guterres, e da presidente da assembleia, Annalena Baerbock.
Durante a viagem, Lula deve destacar prioridades da política externa brasileira e participar de encontros que tratam de temas como a crise climática, a questão palestina e a defesa da democracia. Os compromissos fazem parte da preparação para a COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém (PA).
Na segunda-feira (22), Lula participará da Confederação Internacional de Alto Nível para Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, organizada pela França e pela Arábia Saudita. O Itamaraty espera que o momento favoreça novos reconhecimentos formais à Palestina como Estado.
Na quarta-feira (24), o presidente estará na segunda edição do evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”, ao lado de líderes de cerca de 30 países, como Gabriel Boric, do Chile, e Pedro Sánchez, da Espanha. A iniciativa busca cooperação internacional contra a desinformação, o discurso de ódio e a fragilização das instituições.
Também no dia 24, Lula copresidirá, junto com António Guterres, um encontro sobre crise climática. A reunião deve reunir novas metas de redução de emissões e mecanismos de financiamento, além de reforçar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado em Belém.
Paralelamente, o Brasil terá participação ativa na Semana do Clima de Nova York, evento paralelo à Assembleia da ONU, que promove cerca de 500 encontros e debates. A iniciativa serve como preparação para a COP30.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, não integrou a comitiva após o governo norte-americano restringir seu visto de entrada. Segundo nota oficial, o visto limitava sua circulação apenas entre hotel, ONU e hospitais em caso de emergência, impossibilitando participação plena.
O Ministério da Saúde classificou a medida como “infundada e arbitrária”, afirmando que viola o Acordo de Sede da ONU e restringe o direito do Brasil de atuar no fórum global de saúde. Padilha permanecerá no Brasil acompanhando votações no Congresso, mas reforçou que articulações internacionais seguem com representantes da pasta em Nova York e Washington.
Em agosto, o governo Trump já havia cancelado vistos da esposa e da filha de Padilha, além de servidores ligados ao programa Mais Médicos. À época, o Departamento de Estado norte-americano justificou a medida alegando envolvimento em um “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”.
O Ministério da Saúde considerou o episódio uma retaliação política e afirmou que não se trata de um ataque pessoal a Padilha, mas ao papel do Brasil como liderança global em defesa da ciência e da vacinação.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também não viajou para os Estados Unidos. Ele afirmou na sexta-feira (19), em São Paulo, que permaneceria no Brasil em razão da possibilidade de o Congresso Nacional votar a reforma do Imposto de Renda nesta semana. “Nós entendemos que, possivelmente, os líderes se reúnam na Câmara para julgar a conveniência e a oportunidade de levar a plenário na semana que vem. Eu estou ficando [no Brasil] em função disso”, explicou.
RECONHECIMENTO
Os primeiros-ministros do Reino Unido, Keir Starmer; do Canadá, Mark Carney; e da Austrália, Anthony Albanese, anunciaram neste domingo (21) o reconhecimento formal do Estado da Palestina. As declarações foram divulgadas em redes sociais, às vésperas da Assembleia Geral da ONU, e criticaram duramente as ações de Israel em Gaza, que já deixaram dezenas de milhares de mortos, em sua maioria civis. Apesar disso, os líderes também responsabilizaram o Hamas pelo ataque de 7 de outubro de 2023, em Israel, reforçando que o grupo não terá qualquer papel no futuro Estado palestino.
No Canadá, Carney disse que a solução de dois Estados tem apoio histórico e acusou tanto o Hamas de aterrorizar israelenses e oprimir palestinos, quanto o governo de Benjamin Netanyahu de agravar a crise humanitária e expandir assentamentos ilegais. Starmer, do Reino Unido, classificou o Hamas como “organização terrorista brutal” e cobrou a libertação de reféns, mas condenou Israel pelas milhares de mortes em Gaza. Já Albanese afirmou que a Austrália se soma a um esforço internacional coordenado para viabilizar a solução de dois Estados, lembrando que o processo depende também da Liga Árabe e dos Estados Unidos.
Com a Agência Brasil