Presidente coordena encontro global contra o extremismo e copreside reunião sobre metas climáticas para a COP30 em Belém


Compromissos na sede da ONU encerram viagem aos Estados Unidos; Lula ainda se encontrou com Donald Trump nos bastidores da Assembleia Geral. Foto: Ricardo Stucker

Da Redação da Rede Hoje

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre nesta quarta-feira (24) os últimos compromissos de sua agenda em Nova York, onde participou da abertura da 80ª Sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Na parte da manhã, Lula coordena a segunda edição do evento Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo, ao lado dos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Espanha, Pedro Sánchez. O encontro reúne lideranças de cerca de 30 países e tem como foco a cooperação internacional no enfrentamento da desinformação, do discurso de ódio e das ameaças às instituições democráticas.

Ainda nesta quarta, às 14h (horário local), o presidente brasileiro copreside com o secretário-geral da ONU, António Guterres, o Evento Especial sobre Clima para Chefes de Estado e de Governo. A reunião busca mobilizar os países para atualização das metas de redução de emissões de gases do efeito estufa, conhecidas como NDCs, em preparação para a COP30, que será realizada em novembro de 2026, em Belém (PA).

O Brasil já anunciou compromisso de reduzir entre 59% e 67% das emissões, segundo o Itamaraty. Até agora, 47 países apresentaram suas metas. Em discurso na Assembleia Geral, Lula defendeu a criação de um conselho internacional de monitoramento das ações climáticas e reforçou a proposta brasileira de um mecanismo global de conservação das florestas tropicais.

O discurso de abertura da ONU

Como já é tradição, o Brasil foi o responsável pelo discurso de abertura da Assembleia Geral. Lula falou por cerca de 18 minutos e abordou tanto questões internas quanto temas da agenda internacional.

Entre os principais pontos, o presidente criticou as “sanções arbitrárias e unilaterais” praticadas pelos Estados Unidos, sem citar diretamente Donald Trump, e afirmou que o multilateralismo “está em xeque”. Ele também destacou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF, classificando o episódio como um recado de que “não há pacificação com impunidade”.

Na área social, Lula lembrou que o Brasil saiu do Mapa da Fome e afirmou que pobreza, desigualdade e discriminação de gênero são inimigas da democracia. Ele também criticou o discurso contra migrantes.

Sobre tecnologia, alertou para riscos das big techs, citando a legislação brasileira aprovada para proteger crianças e adolescentes nas redes sociais.

Um dos momentos mais duros foi a condenação ao que chamou de “genocídio em Gaza”, defendendo o reconhecimento do Estado Palestino e criticando o silêncio internacional. Na América Latina, falou sobre polarização política, pediu diálogo para a Venezuela e defendeu o Haiti e Cuba.

Na pauta climática, Lula reforçou o papel da COP30 em Belém e disse que o encontro será “a COP da verdade”. Destacou que armas não protegem contra a crise climática e pediu compromissos ambiciosos de redução de emissões.

No encerramento, homenageou o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica e o Papa Francisco, lembrando que, se estivessem vivos, defenderiam coragem e ação para transformar o futuro diante dos “falsos profetas e oligarcas que exploram o medo”.

Encontro com Trump e retorno ao Brasil

A viagem também foi marcada por um breve encontro entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nos bastidores da ONU. Segundo o Palácio do Planalto, a conversa foi amistosa e deve abrir caminho para uma reunião formal nos próximos dias, ainda sem formato definido.

Após concluir a agenda na ONU, Lula concede entrevista coletiva para avaliar os resultados da viagem e embarca de volta ao Brasil. O voo parte do aeroporto JFK às 18h (19h em Brasília), com chegada prevista à capital federal na madrugada desta quinta-feira (25).


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