Press ESC to close

PECUÁRIA | Produção e consumo do leite tipo A2 precisam ser estimulados

Imagem de Couleur por Pixabay

Estudo da Epamig aponta que genes para o leite A2 são mais frequentes em rebanhos de raças zebuínas em Minas Gerais.

Da Redação da Rede Hoje

A necessidade de estimular a produção e o consumo do leite do tipo A2 e dos seus derivados em Minas Gerais, maior produtor das outras variedades do produto no Brasil, foi reforçada em audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (27/11/25) pela Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O debate aconteceu no Campus Experimental Risoleta Neves da Epamig, que fica na Universidade Federal de São João del-Rei (Central), e atendeu a requerimento do deputado Coronel Henrique (PL).

A vantagem do leite A2 está no tipo de beta-caseína presente no alimento. No leite A1, que é o mais comum, essa proteína pode causar sintomas digestivos, como inchaço na barriga, gases e desarranjo intestinal, sendo pouco consumido no Brasil. A diferença na estrutura da proteína faz com que, ao ser digerido, o leite A1 libere o peptídeo BCM-7, que pode causar o mal-estar. A quantidade de lactose e o valor nutricional são semelhantes nos dois tipos de leite.

O que é leite A2

O leite A2 é oriundo de vacas selecionadas geneticamente. Um estudo feito pela Epamig em Uberaba (Triângulo Mineiro) aponta que os genes para o leite A2 são mais frequentes em vacas de raças zebuínas, como a Nelore e a Gir. A cadeia produtiva desse produto exige alguns cuidados que envolvem desde a realização de testes genéticos nas vacas até cuidados na ordenha e no transporte do leite. Coronel Henrique defende a certificação de propriedades leiteiras para produzirem o leite A2.

O leite A2 é considerado um alimento funcional, já aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Alimento funcional é aquele que, além de suas funções nutricionais básicas, oferecem benefícios à saúde ao proporcionar efeitos fisiológicos e metabólicos específicos no organismo quando consumidos regularmente. O objetivo da audiência pública foi esclarecer o tema para multiplicadores que atuam diretamente nas propriedades, como os médicos veterinários.

O debate também conseguiu trazer representantes dos laticínios e pesquisadores, além de parlamentares. Os parlamentares podem atuar na divulgação e também por meio de emendas parlamentares para fornecer a oportunidade do pequeno produtor ter acesso a programas de inseminação artificial, segundo o deputado Coronel Henrique. A presidente da Fair Food, Flávia Fontes, aponta que o mercado do leite A2 tem grande potencial de crescimento.

O Mercado E A Genotipagem

Segundo dados da empresa, entre 2023 e 2024, o crescimento do consumo de leite A2 foi de 130%. A estimativa de crescimento de 2024 para 2025 é no mesmo patamar de consumo. O leite A2 é naturalmente mais fácil de digerir. A empresa conseguiu junto à Anvisa o respaldo para colocar essa alegação de funcionalidade nas embalagens dos seus produtos.

O primeiro passo para o produtor entrar nesse mercado é fazer a genotipagem das vacas. É comum ouvir dos produtores que não têm vacas com o leite A2, mas a especialista afirma que todo produtor tem vacas do leite A2 no rebanho. A porcentagem de animais pode ser maior ou menor. Após a identificação desses animais, eles precisam ser separados do rebanho comum.

Os animais identificados precisam ser ordenhados primeiro, com o leite indo para um tanque de expansão exclusivo para o A2. O processo inteiro precisa dessa segregação e rastreabilidade para garantir a pureza do produto, segundo a especialista. O Laticínio Porto Rico, em Antônio Carlos (Central), produz o leite A2 e alguns derivados com esse tipo, como queijos, além do leite A1.

De acordo com Aislan Furtado Franco, responsável pelo empreendimento, o investimento no produto vale a pena, mesmo com o preço de venda mais alto. Ele torce pelo crescimento da demanda para equiparar o retorno com a produção do leite A1, que o laticínio também produz. O responsável afirma que a empresa tem feito o que está ao seu alcance para divulgar, mas que falta mais informação para a população sobre as vantagens desse tipo de leite.

Débora Gomide, pesquisadora da Epamig, diz que a instituição tem trabalhado com o leite A2 sobretudo na Fazenda Experimental de Uberaba (Triângulo). O estudo realizado pela instituição mostrou que mais de 70% do rebanho Gir era do tipo A2. Os animais zebuínos, das quais as raças Gir e Nelore estão entre as raças mais populares, são mais rústicos, o que pode ser mais interessante para os produtores brasileiros.



@redehoje
Esta mensagem de erro é visível apenas para administradores do WordPress

Erro: nenhum feed com a ID 1 foi encontrado.

Vá para a página de configurações do Instagram Feed para criar um feed.