Geralmente as pessoas olham meio de soslaio (disfarçadamente) e até com indiferença para os idosos. O preconceito contra os idosos, chamado de “etarismo”, ainda é um mal muito latente nos dias de hoje. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), ele vem de estereótipos que fazem parte da construção da sociedade, os preconceitos referem-se à saúde, a capacidade e empenho, idade, fragilidade entre outros.

De acordo com a mesma SBGG, algumas crenças fortalecem esses preconceitos já que versam sobre premissas que não são verdadeiras como: os idosos não podem trabalhar; as pessoas mais velhas são todas iguais, possuem saúde debilitada; os idosos são frágeis; não conseguem resolver suas necessidades básicas, os mais velhos nada têm a contribuir, e são um ônus econômico para a sociedade. Alguns desses juízos evidenciam uma discriminação a priori por parte da sociedade em relação aos idosos. Nesse sentido, a luta contra o preconceito é diária e precisa ser feita.

E pode ter algo mais positivo que quando um senhor de 81 anos mostra que qualquer pessoa de qualquer idade é capaz? Inclusive de influenciar novas gerações, levá-las ao delírio, êxtase com sua atividade? Pois é, não só é possível, como acontece com os shows de Paul McCartney.

Já passei dos 60 há algum tempo, portanto, já sou idoso e ainda sou ativo em tudo o que fazia aos 30, 40. Claro, com alguma limitação (não jogo mais futebol, por exemplo), me senti renovado, ao assistir nesta quinta, 30 de novembro de 2023, ao “Got Back Tour”, novo show do ex-Beatle, Paul McCartney, em Brasília.

Foi o melhor show que assisti na vida. O cara (Paul Mccartney) tem 81 anos e, que energia. Cantou por 3 horas sem parar os grandes sucessos dele, dos Beatles e ficou muita coisa ainda. E a quantidade de jovens cantando e participando, aplaudindo.

Quantas pessoas, como eu (idosas), ali, no meio daquela “festa de gerações” na mesma vibe (para usar uma palavra da moda, que significa vibração, diminuição da palavra inglesa “vibration”, gíria utilizada de maneira informal, geralmente por jovens e adolescentes).

Espetacular, fiquei extasiado; e convencido de que a minha geração – um pouco abaixo da de Paul McCartney – ainda pode muito, não só fazer, como influenciar os novos. Sim, porque tem uma geração que está chegando com valores de respeito às diferenças, inclusive de idade, diferente e mudando para melhor. Vejo isso pelos meus netos. Seus preconceitos são bem menores que os das gerações anteriores.

Naquele show pude ver filhos e pais (como o c/aso de uma mãe que saiu Acre e encontrou com a filha de Natal, RN, em Brasília, especialmente para o show e conversamos na fila por bons 90 minutos), um gaúcho com a esposa e o filho de uns 17 anos que ficaram ao nosso lado no estádio Mané Garrincha, onde ocorreu o show; avôs e netos (faço alusão ao meu caso, com o neto Luiz Felipe, de 19 anos e eu); e casais de todas as idades, jovens e idosos, mostrando sua satisfação e cantando toda o repertório durante o espetáculo .


E o show?

Espetacular! Sensacional! Um sucesso, como poderíamos esperar do gênio Paul McCartney.

Não vou dar spoiler – outra palavra da moda, que vem de “spoil”, que significa “estragar”, algo que prejudique a experiência de outra pessoa consumindo um show, filme, etc -, mas vamos alguns aspectos fantásticos desse espetáculo:

Abertura. O show começa com o video retratando todas as fases da vida de Paul, começando na infância e tendo auge na “aventura” chamada Beatles. Quando Paul McCartney e banda entram no palco, a vibração e emoção toma conta do público. Da banda, o mais simpático é o baterista Abe Laboriel Jr, que tem uma participação especial (não vou contar para não estragar a surpresa de quem vai assistir).

Repertório – Primeiro é preciso dizer que Paul foi muito simpático ao tentar se comunicar com o público em português, explicando as músicas, destacando amizade com John Lennon e George Harrison (os ex-Beatles que já morreram). A música que abre o show é Can’t By Me Love love, depois vem a sequência de sucessos com destaque para Jet, Hey Jude, Let It Be, Let In, Black Bird, Ob-la-di-ob-la-da e fecha o show com Golden Slumbers. Mas, o grande destaque fica para o show pirotécnico e de efeitos em Live and Let Die, música do filme “OO7 Viva ou Deixe Morrer”.

Momentos mais emocionantes foram a homenagem a George Harrison, que Paul chama de “irmão”; e John Lennon, com quem Paul divide o telão em “I’ve got a feeling”.

Tá certo que os Beatles marcaram profundamente minha infância e juventude e continuam a marcar. E ver um show de Paul McCartney é como ver os Beatles ao vivo. Enfim, não sei se é coisa de fã babão, mas queria dizer obrigado ao Paul McCartney por me proporcionar um momento tão especial.




Ah, e só pra lembrar sobre etarismo, recorrendo mais uma vez à SBGG: "uma das formas mais adequadas de combater o etarismo é disseminar informações pertinentes ao tema, a fim de oportunizar que a população de maneira geral tenha conhecimento sobre a velhice".


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