Diretora do Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais, se mostrou apreensiva com a redução do quadro de pessoal da Cemig, que estaria colocando suas operações em risco

Categoria cobra aumento real e reposição de pessoal e denúncia práticas antissindicais e de assédio moral. Foto: Daniel Protzner


Da redação da Rede
Hoje

O apagão em São Paulo, depois das fortes chuvas na sexta-feira, 3/11, segundo a grande maioria dos paulistanos tem causa: a privatização. Com a privatização, o quadro de pessoal foi reduzido a um terço e avançou a terceirização, mesmo com o aumento dos clientes. A redução de custo não atinge as tarifas, que sobem acima da inflação. E êsse é o medo em Minas. Em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social nesta quinta-feira (9/11/23), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), representantes dos funcionários da Cemig cobraram valorização salarial e a revisão do modelo de gestão da companhia, diante de denúncias de falta de pessoal, desleixo com a saúde e segurança dos colaboradores, assédio moral e perseguição aos sindicatos.

A reunião foi realizada a requerimento do presidente da comissão, deputado Betão (PT), que expôs sua preocupação com a política do governador Romeu Zema para o serviço público em geral.

Ele afirmou que a ALMG passa por um momento de pressão para aprovar a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que, conforme destacou, pode resultar no congelamento de salários por nove anos e privatizações de estatais como a Cemig.

Outra pauta do Executivo criticada pelo deputado foi a possibilidade de implantação de um teto de gastos, com o crescimento das despesas do governo limitado à inflação, medida que pode afetar diretamente serviços públicos essenciais.

O deputado Professor Cleiton (PV) também protestou contra a intenção do governo de abrir mão de parte de seu patrimônio, com o auxílio de proposta de emenda à Constituição (PEC) que retira a exigência de referendo popular para a venda de estatais.

Resultados da companhia permitiriam aumento real

Carlos Wagner Machado, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), lembrou que a direção da Cemig apresentará ainda nesta quinta (9) proposta de acordo coletivo de trabalho para 2023-2024. Segundo ele, os resultados da companhia permitem a concessão de aumento real aos trabalhadores, não limitados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), um dos termômetros da inflação.

O lucro líquido da empresa atingiu R$ 3,8 bilhões em 2022 e R$ 2,4 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano. A última vez que houve um aumento real por produtividade, lembrou Carlos Machado, foi em 2012.

Saúde e segurança

Maria Helena Barbosa, diretora do Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais, se mostrou apreensiva com a redução do quadro de pessoal da Cemig, que estaria colocando suas operações em risco. Ela citou o aumento crescente do número de consumidores, o que exige mais subestações e quilômetros de rede para supervisionar com segurança.

Emerson Adrada, coordenador-geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria de Minas Gerais (Sindieletro/MG), abordou a quantidade sucessiva de acidentes de trabalho, inclusive com mortes, ao cobrar melhores condições aos funcionários.

O sindicalista ainda denunciou a prática de assédio moral sistemático na empresa, no seu entender, uma estratégia de gestão para afastar os trabalhadores das suas reivindicações.

De forma semelhante, Everson Tardeli, membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos, relatou perseguições a dirigentes de sindicatos e medida antissindical prevista na proposta de acordo coletivo, com a limitação da liberação de funcionários para essas entidades, ainda sem a proteção da estabilidade para que possam atuar de forma independente. “Nunca a empresa foi tão aparelhada por indicações políticas e por contratações de pessoal ilegal”, concluiu.

Cemig garante que nenhum benefício será extinto

Representando a direção da Cemig , Brunno Sant'Anna, superintendente de Gestão de Pessoas, defendeu o acordo coletivo proposto pelo governo, o qual, segundo ele, não retira nenhum benefício, como tíquete-alimentação, auxílio educação, auxílio creche e movimentações salariais.

Ele também garantiu a segurança de todas as instalações da empresa, “um valor inegociável”, e refutou a falta de pessoal ao citar a contratação de 270 eletricistas no último ano e abertura de 240 vagas em concurso público.

Em São Paulo



Em São Paulo a empresa não reestabelece energia quase três dias depois de temporal.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Segundo boa parte da imprensa alternativa, a causa principal do colapso em São Paulo atende pelo nome de privatização. A antiga Eletropaulo, responsável pela distribuição de energia elétrica na região metropolitana de São Paulo, foi privatizada em 1998.

Na exposição de motivos do projeto de venda da Eletropaulo, o governo do PSDB dizia que a prestação de serviços privatizada asseguraria permanência ou continuidade, regularidade, generalidade, modicidade, cortesia e eficiência.

Outro dado importante foi a expressiva diminuição do número de engenheiros, que prejudicou a qualidades dos serviços, e também a redução do número de trabalhadores especializados, afetando a capacidade de atendimento da sociedade.

Essas medidas tomadas com o único objetivo de aumentar a margem de lucros acabou por tornar a empresa incapaz de enfrentar emergências nos períodos de chuva, como se vê agora com o maior apagão da história paulistana.

O atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que reza pela mesma cartilha dos privatistas, pretende privatizar a Sabesp e outras empresas do Estado. Como Romeu Zema pretende fazer em Minas.


da redação com informações da Ascom ALEMG e do portal vermelho


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