Andrew Fishman, presidente do The Intercept Brasil, recebeu ameaças após criticar o massacre de palestinos perpetrado pelo Estado de Israel; afirma: “O sionismo contemporâneo está dissociado do judaísmo’
O jornalista Andrew Fishman. Créditos: Reprodução/Premio Roche
Da redação da Rede Hoje
Andrew Fishman, fundador e presidente do site The Intercept Brasil, reafirma sua posição firme após receber ameaças de morte por e-mail, supostamente provenientes de grupos sionistas. O jornalista, que divulgou parte da mensagem anônima nas redes sociais, não se deixa intimidar pelos ataques, ocorridos em meio à crescente tensão entre o governo de Israel e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As ameaças surgem em contexto de crítica de Lula ao massacre de palestinos por forças militares israelenses na Faixa de Gaza, comparando-o ao genocídio de judeus pelo regime nazista. Fishman, judeu, mantém uma postura crítica às ações israelenses e tem defendido a declaração de Lula.
Os supostos sionistas, em trecho do e-mail recebido pelo jornalista, expressam desejo de eliminá-lo por sua oposição ao sionismo e sua defesa dos direitos palestinos. "Os inimigos do sionismo devem morrer e você é um deles", dizem os detratores no enunciado do e-mail recebido pelo jornalista. Os supostos sionistas anônimos, então, prosseguem:
"Repetimos, SE VOCÊ RECEBEU ESTE E-MAIL ESTÁ ENTRE NOSSOS ALVOS, MESMO SE FOR JUDEU. ... Vamos erradicar a presença dos insetos palestinos, muçulmanos e cristãos de Gaza e de Judeia e Samaria e faremos a Grande Israel. Ninguém vai nos impedir, nem você".
Fishman, em resposta, caracteriza o sionismo como uma ideologia ultrapassada e racista, distante dos valores contemporâneos.
"Com o atual genocídio em Gaza, mais pessoas no mundo estão acordando para essa realidade e vendo a ideologia cada vez mais odiosa que permeia a sociedade israelense. O sionismo moderno é apenas mais uma variante do nacionalismo de direita que causou tanta morte e destruição no mundo e não tem nada a ver com o judaísmo, nem representa o povo judeu como um todo", declara o fundador do Intercept Brasil, à revista Forum.
Ele destaca o despertar global para as questões envolvendo Gaza e denuncia o sionismo moderno como uma forma de nacionalismo de direita que não representa os judeus como um todo. Fishman também elogia a coragem dos jovens judeus que se opõem ao apartheid israelense e cita a Articulação Judaica de Esquerda como exemplo.
O jornalista enfatiza sua determinação em não se deixar distrair pelas ameaças, concentrando-se nas questões urgentes, como um cessar-fogo em Gaza, a criação de um Estado palestino e a responsabilização por crimes de guerra. Ele expressa solidariedade aos palestinos em sua luta por paz e dignidade.