A obra é "O Avesso da Pele", do premiado escrito por Jeferson Tenório, que aborda o racismo no Brasil e a violência policial contra pessoas negras.
Capa do livro censurado "O Avesso da Pele", um romance premiado escrito por Jeferson Tenório. Divulgação
Da redação da Rede Hoje
A Secretaria da Educação do Paraná está tomando medidas para recolher todos os exemplares do livro "O Avesso da Pele", um romance premiado escrito por Jeferson Tenório, das escolas públicas na capital do estado. O livro foi alvo da extrema-direita na sexta-feira, quando a diretora de um colégio no interior do Rio Grande do Sul criticou sua inclusão no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e pediu seu recolhimento das bibliotecas da cidade.
Essa situação no Paraná é particularmente grave porque a secretaria determinou o recolhimento dos exemplares, configurando um ato de censura contra uma obra que aborda o racismo no Brasil e a violência policial contra pessoas negras. A decisão foi tomada por Anderfábio Oliveira dos Santos, diretor de educação da secretaria, e Laura Patrícia Lopes, chefe do Núcleo Regional da Educação de Curitiba.
Os ataques ao escritor e sua obra-prima aumentaram durante esta semana, com notícias de exclusão do livro de escolas em 18 municípios do Rio Grande do Sul. Embora a 6ª Coordenadoria Estadual de Educação tenha anunciado a remoção, o governador Eduardo Leite, através de sua secretaria de educação, desautorizou a decisão.
Os livros serão recolhidos das escolas de Curitiba até sexta-feira, com justificativa de orientação pedagógica a partir dos materiais do PNLD. De acordo com o ofício, a obra passará por análise pedagógica e encaminhamentos futuros.
O autor do livro, Jeferson Tenório, afirmou que nenhuma autoridade tem o poder de determinar o recolhimento de materiais pedagógicos de uma escola. Divulgação
Em resposta à censura, Jeferson Tenório afirmou que nenhuma autoridade tem o poder de determinar o recolhimento de materiais pedagógicos de uma escola, destacando o direito à cultura e à educação como fundamentais em uma democracia.
Como resultado indesejado para os bolsonaristas, as vendas do livro aumentaram 400% no site da Amazon desde os ataques iniciados na sexta-feira. Isso contraria o objetivo dos que desejam censurar a obra. O Ministério da Educação destacou que a permanência no PNLD é voluntária, respeitando a autonomia das redes e escolas, conforme a legislação vigente.
Fonte: ICL Notícia