Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou, nesta quarta-feira (17/7/24), uma audiência pública em homenagem às mulheres negras que atuam na defesa dos direitos humanos.



Durante a audiência pública, as homenageadas relataram suas experiências pela afirmação das mulheres negras
. Foto: Willian Dias

Da redação da Rede Hoje

Em um esforço para diminuir e reverter os efeitos históricos da colonização, que assola sociedades como a brasileira com desigualdade e racismo, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou, nesta quarta-feira (17/7/24), uma audiência pública em homenagem às mulheres negras que atuam na defesa dos direitos humanos. A reunião foi organizada pela Comissão de Direitos Humanos, atendendo ao requerimento de sua presidenta, deputada Andréia de Jesus (PT).

Reconhecimento
A deputada Andréia de Jesus destacou a participação coletiva na construção da homenagem e celebrou a recente aprovação do Projeto de Lei (PL) 1.110/23. O projeto, que contou com a colaboração das deputadas Ana Paula Siqueira (Rede), Leninha e Macaé Evaristo (ambas do PT), institui o Julho das Pretas em Minas Gerais. As ações desenvolvidas durante este período seguirão as diretrizes da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial, do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e dos respectivos planos estaduais e locais.

Uma das homenageadas, Nayara Leite Costa, coordenadora-executiva do Odara - Instituto da Mulher Negra, ressaltou a importância do movimento Julho das Pretas, iniciado em 2013 na região Nordeste. Ela destacou que o movimento é fundamental para reconhecer o legado das mulheres negras na construção dos direitos humanos: “Nossa participação está em todos os campos dos movimentos sociais nesse País”.

A coordenadora do Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos - Instituto DH Direitos Humanos, Maria Emília da Silva, também homenageou as deputadas negras da ALMG, ressaltando a resiliência diante das adversidades. Ela compartilhou um depoimento pessoal sobre sua infância em uma família pobre e as lições de resistência e orgulho que recebeu dos pais.

Inspiração
A ex-vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro, foi lembrada por Maria Emília como um símbolo de resistência: “O ódio que tenta matar Marielle Franco, mas não consegue, porque ela revive ainda com mais força”. A jornalista Queila Ariadne destacou a importância da presença negra nos veículos de imprensa para garantir uma cobertura mais completa e justa dos acontecimentos.

Luta Antirracista
A deputada Leninha, atual 1ª vice-presidenta da Assembleia de Minas, enfatizou o caráter coletivo da luta antirracista: “A gente não luta sozinha aqui nessa casa. Estar na 1ª vice-presidência não é um mérito desse mandato, é mérito desse coletivo”. O deputado Betão (PT) reafirmou seu compromisso com a causa das mulheres negras, destacando sua importância na educação, cultura e nas comunidades quilombolas.

Resiliência
A deputada Beatriz Cerqueira (PT) elogiou a homenagem como um momento necessário de positividade na difícil luta contra as desigualdades. Ela destacou as tentativas de invisibilizar as mulheres negras homenageadas e a importância de evitar o endurecimento excessivo. O deputado Celinho Sintrocel (PCdoB) também elogiou a positividade da reunião, ressaltando o papel das mulheres negras na defesa da democracia.

Diversidade de Atuação
A deputada Lohanna (PV) mencionou as homenageadas que se destacam na luta política, no feminismo interseccional, na defesa das periferias e das artes. Ela reforçou que a luta feminista deve integrar-se a outras lutas libertadoras para ter sucesso. A deputada Bella Gonçalves (PSOL) destacou a importância da reunião como uma ação de combate ao racismo e ao sexismo, valorizando a atuação das mulheres negras em diversas áreas.

Ao longo da reunião, dezenas de mulheres negras foram homenageadas por sua atuação em lutas sindicais, culturais, políticas, quilombolas, LGBTQIA+, religiosas, educacionais, entre outras. Este evento na ALMG representa um passo significativo na promoção da decolonização e na valorização da resistência e resiliência das mulheres negras na sociedade brasileira.


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