O estudo envolveu 922 adolescentes de 9 a 19 anos, apontou que 45,78% dos participantes relataram hesitação, medo ou dúvidas em relação à vacinação, e 21,33% admitiram já ter recusado vacinas

Imagem de Ortrun Lenz por Pixabay


Da redação | Rede Hoje

A cobertura vacinal entre adolescentes em Minas Gerais enfrenta desafios significativos, conforme revela um estudo conduzido pelo Observatório de Pesquisa e Estudos em Vacinação da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (OPESV-EEUFMG), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). O estudo, que envolveu 922 adolescentes de 9 a 19 anos, apontou que 45,78% dos participantes relataram hesitação, medo ou dúvidas em relação à vacinação, e 21,33% admitiram já ter recusado vacinas, com foco particular nos imunizantes contra o papilomavírus humano (HPV) e a meningite ACWY.

Sob a coordenação da professora Fernanda Penido Matozinhos, o estudo utilizou questionários estruturados preenchidos online pelos adolescentes entre agosto de 2023 e abril de 2024, com autorização dos pais ou responsáveis. Além de aspectos demográficos, os questionários abordaram conhecimento sobre vacinas, experiências de saúde e eventos relacionados à vacinação. Os resultados mostraram uma preocupante falta de informação entre os adolescentes: 55,21% desconheciam as vacinas recomendadas, e 81,35% nunca haviam ouvido falar sobre a doença meningocócica ou sua vacina.

A análise do estudo também identificou fatores que influenciam a confiança e a percepção de risco dos adolescentes em relação à vacinação. Por exemplo, adolescentes com ensino médio demonstraram maior confiança nas vacinas do que aqueles com ensino fundamental. Além disso, a ausência de conhecimento específico sobre doenças como a meningite foi associada a uma percepção aumentada de risco, o que ressalta a importância da educação sobre vacinas.

A pesquisa destaca o papel crucial das escolas na ampliação do conhecimento sobre vacinação. Cerca de 62,9% dos adolescentes relataram ter recebido orientações sobre vacinas na escola, o que demonstra o potencial desse ambiente para influenciar positivamente a adesão à imunização. "A inclusão da saúde no ambiente escolar é essencial para assegurar a qualidade de vida e facilitar o acesso aos serviços de saúde, sensibilizando os adolescentes sobre a importância da vacinação", enfatizou a professora Fernanda.

O projeto de pesquisa se insere em uma iniciativa mais ampla, que começou em 2021 com foco em crianças menores de 2 anos e, em 2024, foi ampliado para incluir adolescentes. Com apoio da SES-MG, o projeto busca aumentar a cobertura vacinal por meio de monitoramento contínuo e oficinas de capacitação nas 28 Gerências/Superintendências Regionais de Saúde de Minas Gerais. Durante essas oficinas, os municípios desenvolvem seus próprios planos para melhorar os indicadores de vacinação, adaptando-se às necessidades específicas de cada região.

A professora Fernanda reforça que essa abordagem colaborativa entre a academia e os serviços de saúde tem sido essencial para o sucesso da iniciativa. O projeto, que não tem data para terminar, oferece suporte constante às equipes municipais, garantindo que as estratégias de imunização evoluam e se adaptem às realidades locais, com o objetivo final de proteger a saúde dos adolescentes mineiros contra doenças preveníveis.


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