Levantamento foi feito por uma equipe de engenheiros agrônomos, que percorreu 2.080 km, nas regiões do Sul de Minas Gerais, Cerrado Mineiro e Mogiana Paulista
Café Arábica. Foto: Divulgação | CNC
Alexandre Costa*
O Conselho Nacional do Café (CNC) recebeu nesta semana um relatório importante sobre o volume de produção do café brasileiro, com dados obtidos através da realização do “Rally da Safra de Arábica 2023”. O Conselheiro do CNC, Francisco Sérgio de Assis, o Serginho (presidente da Federação dos Cafeicultores da Região do Cerrado), informou que o levantamento foi feito por uma equipe de engenheiros agrônomos, que percorreu 2.080 km, nas regiões do Sul de Minas Gerais, Cerrado Mineiro e Mogiana Paulista, dos dias 16 a 20 de janeiro deste ano.
Os especialistas apontaram uma estimativa de produção de café arábica entre 38,25 e 41,3 milhões de sacas de 60 kg sendo colhidas no Brasil na safra 2022/2023. “Esses dados são extremamente coerentes, pois se somarmos com a média de produção do café conilon, que é de cerca de 17 milhões de sacas (segundo a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab), chegaríamos a algo em torno de 55 milhões de sacas, coincidindo com os números apresentados pela Conab, o que consideramos muito próximo do que será realizado”, analisa Silas Brasileiro, presidente do CNC.
Próximas safras
Sobre as próximas safras, a avaliação é de que as lavouras que agora estão em formação estarão produzindo. No entanto, qualquer previsão de produção para o ano de 2024, com as condições climáticas adversas que temos vivido, será uma verdadeira temeridade. As mudanças observadas no clima nos últimos anos têm sido catastróficas e, assim, é muito cedo para considerar até quando teremos chuvas, sendo importante aguardar até pelo menos o início da colheita. Além disso, fundamental será acompanhar se as chuvas ocorrerão, mesmo que eventuais, no período de seca, que poderá ser ou não prolongado, com reflexo na abertura da florada e sua fixação. “O recomendável é esperar o momento certo para falar em safras futuras”, explica Silas Brasileiro.
O CNC apoia ações e projetos como o “Rally da Safra de Arábica” e vê como uma boa opção para mostrar a realidade da produção brasileira ao mercado. “No entanto, alertamos que a acurácia de participantes de ações como essa do Rally traz consigo um enorme risco de informações díspares, que podem comprometer o mercado de café pela sua sensibilidade e pelo enorme número de levantamentos que são feitos por mais diversas fontes. E, o pior e mais grave, pelos interesses já demonstrados por terceiros, em todos os levantamentos publicados, em relação à realidade final do volume de safra que se colhe”, alertou Silas Brasileiro.
O Conselho Nacional do Café tem trabalhado junto ao governo ao longo dos anos para o fortalecimento da Conab como fonte oficial de estatísticas. “E agora, mais do que nunca, buscaremos no novo governo alcançar esse objetivo para dar crédito ao mercado por parte do produtor de café do Brasil. Na atual gestão da Conab, vimos uma publicação coerente com a realidade, contudo, a colheita do volume previsto ainda dependerá da condição climática”, finaliza o presidente do CNC.
Alexandre Costa* é da Comunicação do CNC