Na madrugada deste domingo torcedores do Cruzeiro foram surpreendidos pela Mancha Verde do Palmeiras deixou um saldo trágico de um morto e 17
feridos na rodovia Fernão Dias, em Mairiporã (SP), quando os mineiros retornavam de Curitiba
Fotos crédito: redes sociais
Um ônibus da torcida do Cruzeiro foi incendiado
Da redação da Rede Hoje
Após a morte do torcedor cruzeirense José Victor dos Santos Miranda, de 30 anos, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) anunciou a abertura de uma investigação sobre a atuação de torcidas organizadas que agem como "facções criminosas". O procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, classificou o incidente como uma "selvageria" e reforçou o compromisso do MPSP em oferecer uma resposta firme ao ocorrido.
Em nota, o procurador-geral destacou a gravidade do episódio, ocorrido na madrugada de domingo (27) na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, São Paulo. “É em nome do princípio da transparência que o MPSP realça o seu firme compromisso de oferecer a resposta adequada às cenas de selvageria registradas... O enfrentamento de grupos formados por pretensos torcedores... deixou diversos feridos e um morto”, disse Paulo Sérgio.
Entenda
Na madrugada deste domingo (27), a torcida do Palmeiras emboscou a do Cruzeiro numa briga que envolveu cerca de 150 torcedores, com o resultado de um morto e 17 feridos entre os cruzeirenses, na rodovia Fernão Dias, em Mairiporã (SP), na madrugada deste domingo (27). Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o confronto começou quando os palmeirenses atacaram os cruzeirenses que retornavam de Curitiba, onde o Cruzeiro havia jogado contra o Athletico no sábado (26). Durante o conflito, um ônibus foi incendiado e outro apedrejado, o que mobilizou a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.
José Victor Miranda, torcedor do Cruzeiro de 30 anos, teve a morte confirmada
José Victor Miranda, torcedor do Cruzeiro de 30 anos, teve a morte confirmada ao chegar no hospital, mas a causa exata ainda está sob apuração. Além dele, 17 cruzeirenses ficaram feridos, sendo que 14 precisaram de atendimento hospitalar, incluindo um torcedor com ferimento por arma de fogo no abdômen. A Polícia Civil de São Paulo investiga o caso e analisará vídeos da briga que circulam nas redes sociais para identificar os responsáveis pelo ataque. Cerca de 60 torcedores serão convocados para prestar depoimento sobre o incidente.
José Victor, que integrava a torcida organizada Máfia Azul, foi vítima de uma emboscada realizada por membros da Mancha Alviverde, organizada do Palmeiras. De acordo com a Polícia Civil, o ataque foi planejado, e o ônibus dos cruzeirenses foi interceptado na altura de Mairiporã, resultando na morte do torcedor e em mais de 20 feridos.
Entre os feridos, um cruzeirense sofreu um tiro no abdômen, mas está estável. Outros 15 foram levados ao Pronto Socorro de Mairiporã, enquanto três foram encaminhados ao Hospital Franco da Rocha. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) mobilizou sua equipe para controlar a situação e garantir a segurança na região.
Ministério Público
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) foi acionado para auxiliar nas investigações, dado o envolvimento de torcidas organizadas que, segundo as autoridades, atuam como facções. "Há firmes evidências de que algumas torcidas organizadas se estruturam como organizações criminosas", afirmou o MPSP.
Em uma nota divulgada, a Prefeitura de Mairiporã lamentou o incidente e informou que disponibilizou imagens das câmeras de segurança da rodovia para apoiar as investigações. "A Prefeitura reafirma seu compromisso com a segurança e o bem-estar da população... e segue monitorando o desenrolar do caso", destacou a administração municipal.
Os clubes
O Cruzeiro se manifestou por meio de suas redes sociais, repudiando a violência e lamentando a perda de José Victor. Em seu comunicado, o clube mineiro fez um apelo para que a sociedade rejeite a violência no futebol: "Não há mais espaço para violência no esporte... Precisamos dar um basta a esses atos criminosos".
Em nota oficial, o Palmeiras também repudiou o episódio. "O futebol não pode servir como pano de fundo para brigas e mortes. Que os fatos sejam apurados e os responsáveis, punidos com rigor", declarou o clube, destacando que há anos não mantém laços com a Mancha Alviverde.
A briga entre as torcidas organizadas teria sido motivada por rivalidades antigas. De acordo com a PRF, os torcedores palmeirenses, que voltavam de um jogo contra o Fortaleza, cruzaram com o grupo cruzeirense que retornava de Curitiba, onde o Cruzeiro havia enfrentado o Athletico-PR. A confusão incluiu o uso de armas de fogo, pedaços de madeira e até fogo, o que resultou na destruição de dois ônibus da Máfia Azul.
Até o momento, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo não informou sobre detenções. A SSP ressaltou que o caso é uma "grave afronta à segurança pública" e destacou a necessidade de investigar os envolvidos para que sejam responsabilizados.
Em resposta ao ocorrido, o Hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã, informou que mobilizou toda a sua equipe médica para prestar atendimento aos torcedores feridos. Ao todo, 16 pessoas deram entrada no hospital, e outras vítimas foram encaminhadas para o Hospital Franco da Rocha. Segundo os médicos, entre os feridos estavam nove torcedores em estado grave, incluindo alguns com traumatismos.
A tragédia reacendeu discussões sobre a violência nas torcidas e a necessidade de uma ação coordenada para conter esses episódios. Segundo especialistas, a escalada da violência nas arquibancadas desvia o propósito do esporte, transformando-o em um cenário de brutalidade.
O histórico de confrontos entre as organizadas de Cruzeiro e Palmeiras já dura mais de três décadas. De acordo com o portal ge, o conflito começou em 1988, quando um fundador da torcida palmeirense foi assassinado. Desde então, episódios de violência envolvendo os grupos tornaram-se frequentes, com confrontos registrados em várias regiões do país.
A mais recente violência havia sido registrada em setembro de 2022, também na Fernão Dias, quando torcedores das duas equipes se enfrentaram em Carmópolis de Minas, resultando em feridos por armas de fogo e agressões físicas. A continuidade dessas brigas reforça a urgência de medidas mais eficazes para conter a violência nas torcidas.
Autoridades locais afirmam que o combate à violência nas torcidas precisa envolver mudanças estruturais, como uma regulamentação mais rigorosa das organizadas, além de penalidades mais severas para crimes cometidos por seus membros. As investigações continuam, e as forças de segurança de São Paulo prometem intensificar o monitoramento de torcidas organizadas na região.
Próximo encontro
As duas torcidas de Cruzeiro e Palmeiras terão um novo encontro em breve, já que os times se enfrentarão novamente no dia 4 de dezembro, no Mineirão, em partida válida pela penúltima rodada do Brasileirão.
O tenente-coronel Flávio Santiago, chefe do Centro de Jornalismo da Polícia Militar de Minas Gerais, informou ao jornal Hoje em Dia, que haverá "um trabalho preventivo, como sempre faz em jogos realizados na capital", para evitar novos confrontos. Ele acrescentou que "toda a ação será revelada aos torcedores em data próxima ao jogo".