Clube grená, fundado em 1954, viveu momentos de ascensão no futebol mineiro, mas enfrentou turbulências recentes com rebaixamento e acusações de manipulação de resultados.



Time do retorno ao profissionalismo em 1985.
Fotos: do livro "CAP: A História de Uma Paixão Grená"

Luiz Antônio Costa

O Clube Atlético Patrocinense (CAP), conhecido carinhosamente como Patrocinense, completa 71 anos de história nesta quinta-feira, 19 de março. Fundado em 1954, o time grená surgiu como uma resposta à necessidade de difundir o esporte na cidade de Patrocínio, no Alto Paranaíba mineiro. Sua origem remonta ao final da década de 1940, quando um grupo de jovens, inspirado pelo Ipiranga Esporte Clube, do Colégio Dom Lustosa, decidiu criar uma entidade esportiva que pudesse unir a comunidade em torno do futebol.

Este livro conta toda a história até 2023

O primeiro presidente registrado em ata foi o empresário Nazir Félix, que liderou o clube em seus anos iniciais. O uniforme foi influência do Botafogo do Rio de Janeiro e o escudo inspirado no do Atlético Mineiro, logo se tornaram símbolos de identidade para os torcedores. Em 1962, o Patrocinense deu um passo importante ao se profissionalizar pela primeira vez, revelando craques como Gulinha e Edvar, nomes que ainda são lembrados com carinho pela torcida.

Ao longo das décadas, o clube passou por transformações, incluindo uma mudança de nome para Patrocínio Esporte Clube na gestão de Jorge Elias Abrão, entre 1965 e 1966. Anos depois, em 1980, do denominado de Milan e retomou a denominação de Clube Atlético Patrocinense e, em 1985, voltou ao futebol profissional, participando do Torneio Tubal Vilela e da terceira divisão do Campeonato Mineiro.

Primeiro acesso à elite em 1990, o clube era comandado por Rberto Nakamura

A melhor campanha da história do Patrocinense ocorreu em 2017, no Módulo II do Campeonato Mineiro, quando o clube conquistou o título ao derrotar o Nacional de Muriaé por 4 a 1 na final. O clube, então comandado pelo presidente Maurício Cunha, revelou o talento de Ademir, que posteriormente se destacou em clubes como América-MG, Atlético-MG e Bahia. Além desse marco, o Patrocinense viveu momentos de glória ao integrar a elite do futebol mineiro em dois períodos distintos: de 1991 a 1994 (quando foi rebaixado junto com Alfenense, Atlético de Três Corações e Villa Nova de Nova Lima) e, mais recentemente, de 2018 a 2024.

Rogerinho e Ferreira comemoram o título de 2000

Em 2000 ganhou seu primeiro título estadual, sendo Campeoão Mineiro da Segunda Divisão, venceu o América de Alfenas na final por 4 a 0, como destaque o meia Rogérinho — relado na base, depois negociado ao Améria Mineiro e Helsinborg da Suissa. O técnico do time era Renê Santana filho do icônico Telê Santana.

Em 2023, sob o comando do presidente Roberto Avatar, o Tatá, o clube alcançou sua melhor campanha na Série D do Campeonato Brasileiro, chegando às oitavas de final. A trajetória foi interrompida pela Portuguesa Carioca, mas marcou um capítulo importante na história recente do Patrocinense, reforçando a paixão da torcida grená por seu time.

No entanto, 2024 ficará marcado como o ano mais turbulento da história do Patrocinense. O clube foi rebaixado da elite do futebol mineiro de forma humilhante, após perder - jogando em casa - um jogo por W/O por não pagar as despesas da Federação Mineira. Além disso, enfrentou acusações de manipulação de resultados na Série D do Campeonato Brasileiro, o problema ocorreu sob gestão terceirizada, com responsáveis já banidos do futebol e respondendo judicialmente. A direção do CAP, na tentativa de solucionar um problema (financeiro), arrumou um pior.


CAP empata com o Atlético Mineiro no Independência: 2 a 2 em 2018, no primeiro jogo contra o grande, fora de casa, depois do acesso. 

Apesar das dificuldades, a torcida grená mantém a esperança de uma volta triunfal, agora sob a liderança do grupo de Maurício Cunha. A paixão pelo Patrocinense, que já foi celebrada até com missas anuais promovidas pelo diretor, ex-massagista e treinador Sebastião Alves dos Santos (já falecido), continua viva. A história do clube, repleta de altos e baixos, está registrada no livro "CAP: A História de uma Paixão Grená", disponível para os torcedores que desejam reviver as glórias e superar os desafios ao lado do time do coração na Banca da Yara, na praça Santa Luzia.

A maior torcida do clube, "Mancha Grená", emitiu a seguinte nota em comemoração: "Parabéns, Clube Atlético Patrocinense! Longa vida ao nosso clube do coração! Um time que jamais iremos abandonar, seja nas vitórias ou nas derrotas, nas piores fases ou nas melhores. Estaremos sempre lá, apoiando e torcendo pelo nosso CAP! O CAP é um gigante, um time de paixão que nos une e nos faz sentir orgulho!" 


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