Deputado mineiro questiona a forma como produtos derivados do leite passaram a ser produzidos o soro de leite, mais barato por ser menos concentrado

Subproduto, o soro de leite, é mais barato por ser menos concentrado e portando muito mais pobre. Foto:  Iara Waitzberg Lewinski | Flickr

Da redação da Rede Hoje

O deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), que pediu a audiência pública, questionou a forma como produtos derivados do leite passaram a ser produzidos com um subproduto, o soro de leite, que é mais barato por ser menos concentrado.

Para a consultora da Associação Brasileira dos Produtores de Leite Andrea de Souza, os lácteos modificados, como o soro de leite usado na fabricação de suplementos alimentares, são produtos de qualidade e ricos em proteínas. Mas alertou sobre a forma de como eles são comercializados.

“Devem, sim, existir os produtos à base de soro de leite, desde que as rotulagens e a embalagem sejam altamente diferenciadas, sejam produtos que fiquem extremamente diferentes para que a pessoa entenda que aquilo é um outro produto, que não tem nada a ver com o produto à base de leite. ”

Deputado Zé Silva (Solidariedade-MG). Foto: divulgação Câmara |Flickr

Nutricionista e supervisora técnica do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), Laís Amaral disse que, quando os produtos modificados são colocados ao lado de alimentos não alterados, eles podem confundir os consumidores. A técnica destacou que a prática contraria o Código de Defesa do Consumidor, que protege os clientes de publicidade enganosa.

“A demanda da população não pode ser atendida com produtos ultraprocessados no lugar de produtos que seriam in natura, ou minimamente processados, ou até ingredientes culinários. A gente não pode, a população especialmente de mais baixa renda não pode pagar por todas as questões que a gente sabe que aconteceram, recebendo um produto de mais baixa qualidade. ”

De acordo com Kennya Beatriz, da Embrapa, o custo de produção do leite subiu 62% em dois anos no Brasil. Esse aumento, na avaliação da pesquisadora, pode ter contribuído para um consumo maior de produtos lácteos modificados, por serem mais baratos.

A gerente geral de Alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Patrícia Fernandes, enfatizou algumas informações obrigatórias na rotulagem de alimentos.

“O produto, a mistura láctea condensada não é um leite condensado, então ele tem que ter uma denominação de venda diferente do que seria o análogo, ou enfim aquele que ele pretende se aproximar no que se refere à comercialização. A lista de ingredientes é uma informação obrigatória. Então todos os alimentos embalados têm a informação de lista de ingredientes. Também têm advertência sobre os principais alimentos que causam alergias alimentares. ”

Segundo o deputado Zé Silva, mesmo rico em carboidratos e proteínas, o soro de leite tem uma concentração desses componentes menor do que a do leite, o que pode gerar consequências no aumento da insegurança alimentar, que afeta cerca de 125,2 milhões de brasileiros.

Fonte: Maria Suzana Pereira , Rádio Câmara, de Brasília.