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Luiz Antônio Costa | Open Source e o consumo consciente
Estou aguardando o computador pessoal terminar de instalar o Zorin OS, um sistema operacional que me surpreendeu. Para quem não conhece, ele é similar ao Windows, com uma interface amigável, menus intuitivos e aparência familiar. A grande diferença é que o Zorin é um software livre e gratuito, baseado em Linux, criado para oferecer desempenho eficiente até em computadores mais antigos ou menos potentes.
Além disso, o sistema é compatível com a maioria dos programas e aplicativos que funcionam no Windows, seja de forma nativa ou com o auxílio de ferramentas como o Wine. Dessa maneira, é possível realizar praticamente as mesmas tarefas — escrever, editar vídeos, produzir áudios, navegar e trabalhar — utilizando softwares Open Source, de código aberto, como LibreOffice, Kdenlive e Audacity. Tudo isso sem a necessidade de licenças caras ou de computadores novos. É a tecnologia colocada a serviço da simplicidade e da sustentabilidade, e não do desperdício..
Para quem, como eu, tenta viver consumindo apenas o necessário, respeitando os limites da natureza e fugindo das armadilhas do consumismo, essa é uma escolha coerente. Mais que isso: é uma postura de resistência. O consumo desenfreado, travestido de progresso, é um dos grandes males humanos. As marcas famosas ditam o que você deve desejar, comprar e exibir, sem considerar as condições reais das pessoas. O lucro fala mais alto que o bom senso.
Formei-me em Marketing há alguns anos. E foi ali, entre teorias e campanhas, que descobri a essência dessa profissão: "provocar o desejo de possuir". Esse é o ponto central — o motor do mercado. O profissional de marketing é treinado para despertar em alguém a vontade de comprar o que talvez nem precise. Não é errado; é o papel que o sistema lhe atribui. O problema está no exagero — na manipulação que transforma o simples ato de viver em uma corrida sem fim por mais consumo.
Natal, Dia das Mães, Dia da Mulher, Dia da Criança... datas que um dia foram celebrações humanas, tornaram-se vitrines comerciais. E quando alguém, diante de tanta propaganda, percebe que não pode adquirir aquilo que é vendido como símbolo de sucesso, vem a frustração. A publicidade, às vezes sem querer, cria também feridas invisíveis: faz o cidadão comum se sentir pequeno por não caber no padrão de consumo imposto.
E é aí que o open source entra como antídoto. Programas como o LibreOffice, semelhante ao Word; o Kdenlive e o DaVinci Resolve, para vídeo; o Audacity, para áudio — todos são ferramentas excelentes, livres e acessíveis. Cada área profissional tem suas opções gratuitas, e elas funcionam bem. É libertador perceber que é possível fazer o mesmo trabalho sem gastar “os tubos”, como se diz por aí.
Nos supermercados, a lógica é parecida: o mesmo produto pode vir com uma etiqueta cara ou com o nome do próprio mercado, custando 30, 40, até 50% menos. Muitas vezes, é feito pela mesma indústria, na mesma linha de produção — o que muda é apenas o rótulo.
Lembro-me de um professor da faculdade me dizer que eu estava no curso errado. Eu respondi que não era bem assim. Não é o marketing o vilão, tampouco o profissional que o exerce com ética. O erro está na falta de medida, na incapacidade de enxergar que os recursos da natureza são finitos e que viver não é competir para ver quem acumula mais.
Essa disputa por roupas de marca, carros mais novos, celulares de última geração — no fundo — é uma briga de egos. Vaidade disfarçada de progresso. Cada um escolhe o seu papel. Eu escolhi o do minimalista: viver com menos, com propósito, e em paz com o planeta. Descobri que, quando se consome menos, a alma fica mais leve, e a natureza agradece em silêncio.