(Sapatos verdes velhos e seu novo destino)
Em minha recente caminhada de manhã em Uberlândia, vi flores por onde andei, recebi bom dia, perdi a conta de gente levando cachorrinhos para passear, ( não vi ninguém fazendo o mesmo com os gatinhos. Estes não aceitam policiamento, nem a coleira do dono, o cabresto vai no seu tutor. Namoram por aí no telhado que lhe derem na telha. Jeito diferente de amar)
logo que cruzei uma ponte me dei com esse par de tênis,( que passo a chamar de sapato. Ponto) abandonado…Ninguém olhava pra ele. Um estorvo, (minha vó diria que ele estava ali estrovando. Não mereceu um cantinho de olhar de ninguém.
Até que o mais bobo do que os outros, passou por lá. ( nosotros, craro) Parei por alguns minutos respeitando a história daquele ser, usado como objeto. Reduzido a coisa nenhuma e descartado como estrupício em via pública. Da pra ver que ainda tenta manter a cor verde da esperança…
Em pensar que esse experiente par de sapatos, já foi o sonho de consumo de uma pessoa. Era cobiçado na vitrine, tinha pedigree. Não era para o bico de todo mundo. Então, alguém, amou o que viu a primeira vista. Parece que viu o passarinho verde. Pagou sem pechinchar no preço. Nem quis saber. Era seu sonho, sua marca, seu número e sua cor preferida…Daí foi uma relação breve, mas, enquanto durou, pode-se dizer, feliz…
Até que o encantamento, a química, o amor acabou. Sempre com um fim inesperado, mas sempre com o tal “ lado fraco” estabelecido…
Não é prosopopéia, miltices, quantos não deram a vida por “aquele amor”. Ela com suas lindas curvas; ele com seu olhar Paul Walker…
Você não leu aqui, ninguém disse aqui que você precisa guardar tranqueiras, se grudar em badulaques, se apegar ao passado… Estou proprondo nos desapegarmos daquilo que nos fez feliz, com um olhar de gratidão. Dar-digamos- um enterro digno para o que nos foi útil…
Não é, simplesmente depois de passar toda a ponte, deixar pra lá o que já foi tanto amor..
A arte, abaixo de Deus, nos salva. Já se fez uma poesia pintou um quadro, ou fez uma canção pra quase tudo nessa vida.
Looógico, que você conhece( e arrisco dizer que também gosta da música “SAPATO VELHO” hit divinamente interpretado pelo Roupa Nova. E que esplêndida divisão de vozes!!!
Vou ser fuzilado aqui no paredão da crítica, linchado em praça pública, mas vamos lá com minha heresia. A música de Mú Carvalho Cláudio Nucci e Paulinho Tapajós, é perfeita para um casal de idosos numa agradável conversa de varanda contando a sua história, mas para um “sapato velho” que fora usado e abusado e abandonado, digamos que a fila precisa andar.
Falo desse: “ mais ainda sirvo se você me quiser”
“ É, talvez eu seja simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio dos seus pés”
Vamos à letra da música inteirinha:
“Você lembra, lembra
Daquele tempo, eu tinha
Estrelas nos olhos, e um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho de cowboy
Você lembra, lembra
Eu costumava andar bem
Mais de mil léguas pra poder buscar
Flores de maio azuis
E os seus cabelos enfeitar
Água da fonte cansei de beber
Pra não envelhecer
Como quisesse roubar da manhã
Um lindo pôr de sol
Hoje não colho mais
As flores de maio
Nem sou mais veloz
Como os heróis
É, talvez eu seja simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio dos seus pés”
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Uma lufadinha de autoestima, é minha colher de pau no final da canção.Todos merecemos um novo destino:
“É, talvez eu seja finalmente
Como um sapato leve
Que nem ligo se me desfizer
Basta você me deixar
Que eu aqueço o frio de outro ( ou do meu) pé”
Quando voltei da minha caminhada, o par de sapatos verdes já haviam ganhado um novo dono…
A Agência Brasil tenta contato com a Fênix Serviços Administrativos para comentar a decisão.