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A exportação brasileira de café em 2023 é superior a 2022, em quantidade exportada (aumento estimado em cerca de 20%). Todavia, com números do IBGE, o cenário cafeeiro em análise tem como base 2022. Nele há indicadores que apontam a manutenção da hegemonia patrocinense quanto ao café. Entretanto, se considerar apenas a quantidade produzida, Patrocínio perdeu quatro posições. Três municípios do Espírito Santo e um de Rondônia deixaram Patrocínio e todos os municípios mineiros para trás.

TAMANHO DA LAVOURA – A área do Município destinada à colheita aproxima de 37.000 hectares. Exatamente, 36.931 ha. Isso garante o 1º lugar no Brasil a Patrocínio. Com bastante diferença, seguem Manhuaçu-MG em 2º, Rio Bananal-ES (3º), Pedregulho-SP (4º), Campos Gerais-MG (5º) e Monte Carmelo (6º). Quase todos têm menos da metade da área de colheita de café de Patrocínio.

MAS... A ÁREA PATROCINENSE DIMINUE – Nos últimos cinco anos, a curva do tamanho de onde colhe o café, referente a PTC, encontra-se em queda. Por exemplo, em 2020 era de 43.500 ha; em 2021, 42.090 ha e agora em 2022, corresponde a 36.931 ha. Pelo contrário, alguns municípios, nesse período, aumentaram a sua área. Embora, bem distante de PTC, é o caso de Monte Carmelo, que avança um pouquinho, nesse quesito (área).

RENDIMENTO MÉDIO PRECISA MELHORAR – Há municípios brasileiros que estão bem à frente dos mineiros, nesse indicador. Considerando somente Minas, Araguari produziu, em média, 1.920 kg por hectare. Patos de Minas, praticamente empatado, com 1.916 kg/ha. Romaria, Presidente Olegário, Ituiutaba e Monte Carmelo (1.746 kg/ha) estão bem acima de Patrocínio (944 kg/ha). Em termos de rendimento médio, em 2022, PTC teve o pior desempenho dos últimos 15 anos. Só em MG, há 450 municípios à frente de PTC.

O QUE INDICA OS NÚMEROS TÉCNICOS – O rendimento médio do café é a produção de grãos de café, medida em quilos, por hectare (1 ha é igual a 10.000 metros quadrados). Patrocínio colheu 944 kg por hectare, em média, no ano de 2022. Já em 2016, o desempenho foi melhor, com 2.640 kg/ha. Depois, 2018 com 2.215 kg/ha, 2020 com 1.748 kg/ha e nesse último ano (2022) só 944 kg/ha. Há anormalidade presente no cenário cafeeiro de Patrocínio. É necessário melhor análise.

LIDERANÇA CONTINUA; VIZINHO ASSUSTA – Analisando o indicador que mais interessa (o referente ao dinheiro), Patrocínio segue líder no Brasil. Porém, dois municípios se aproximam velozmente. Um é Manhuaçu, no leste mineiro. Outro é o bom amigo Monte Carmelo. Quanto ao “valor da produção” de grãos de café, em 2022, Patrocínio alcançou R$ 717 milhões (1º lugar), Manhuaçu R$ 672 milhões (2º) e Monte Carmelo R$ 581 milhões (3º lugar no Brasil) e Araguari quase R$ 500 milhões.

COMO EXPLICAR? – Nos últimos quatro anos, Monte Carmelo saltou de R$ 145 milhões para R$ 581 milhões, ou seja, quatro vezes maior. Patos de Minas (9º lugar em MG), de R$ 65 milhões para R$ 361 milhões, ou seja, seis vezes mais. Patrocínio só dobrou a receita cafeeira, de R$ 388 milhões em 2019 para R$ 717 milhões em 2022. A surpreendente Manhuaçu pulou de R$ 139 milhões para R$ 672 milhões, ou seja, cinco vezes mais em só quatro anos! Em poucas palavras, Patrocínio é líder, mas em curva decrescente. Esses outros três municípios são seguidores do Líder, contudo em curvas crescentes e acentuadas. Isso para não citar Araguari, num ritmo idêntico ao de Monte Carmelo.

CAPIXABAS ULTRAPASSAM PTC – No importante indicador “quantidade produzida”, medida em toneladas de grãos de café, Patrocínio perdeu a “invencibilidade” de onze anos. Em 2012, alcançou a liderança brasileira. Em 2022, com produção de quase 35.000 toneladas (precisamente 34.859 t.), o Município campeão foi ultrapassado por Rio Bananal-ES, que produziu 48.500 t. (1º lugar, no Brasil), São Miguel do Guaporé-RO (44.000 t.), Linhares-ES (43.700 t.) e Vila Valério-ES (40.500 t.). Com isso, o Campeão caiu para o 5º lugar no Brasil, porém no “campeonato mineiro” ainda é o líder, ameaçado de perto por Manhuaçu (32.700 t.) e Monte Carmelo (28.200 t. produzidas de café).

TENDÊNCIA NOS ÚLTIMOS 20 ANOS – Até o ano 2012, a produção patrocinense foi estável. A partir daí, cresceu muito, com destaque em 2016, quando o chão da Capital do Cerrado produziu quase 100.000 toneladas (exatamente 91.673 t.). Todavia, ora produzia bem, ora não. Oscilação total. De 2020 para 2022, caiu demais (76.000 t. para 35.000 t.). Por outro lado, Monte Carmelo e Araguari, por exemplo, não oscilaram praticamente, nas duas últimas décadas. E têm produções em crescimento.

RESUMO EM PROSA – Em 2022, nos cinco indicadores da produção de café, Patrocínio mantém-se no 1º lugar do Brasil em três. E dois não. Só em Minas, continua em 1º lugar em quatro. Em todos cinco, a tendência patrocinense é decrescente. Isso preocupa. Os cinco componentes de avaliação técnica são: Quantidade Produzida, Valor da Produção, Área Destinada à Colheita, Área Colhida e Rendimento Médio. Como se observa, o critério “qualidade do café” não é mensurado, pelo IBGE. Enfim, a qualidade Patrocínio ou qualidade Cerrado não são consideradas. Mas, há algo... no ar!


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