PIRO por Pixabay


Embora tivessem outras atividades os dois personagens foram apaixonados pela bola

Outubro. É o décimo mês no calendário gregoriano. Nele duas celebridades, dois mitos, patrocinenses, contemporâneos, faleceram. Ambos por questões do coração. Um em 1986. O outro um ano após (1987). Um, mágico do futebol. O outro, mágico do microfone. Sebastião Ferreira Amaral, o popularíssimo Véio do Didino. E Joaquim de Assis Filho, o inesquecível Assis Filho. Quase 40 anos sem a presença deles. Todavia, o legado de cada um é página indelével na história de Patrocínio, no século XX. São imortais, mesmo que algum político vilipendie (subestime) a memória de cada um.

RADIALISTA DE NOME ESTADUAL – Assis Filho começou e eternizou-se na Rádio Difusora. Nos anos 70, tornou-se o narrador nº 1, até o seu falecimento (1987). Criador e apresentador da maior audiência da emissora, à época, que foi o “Comentário do Dia”, às 12h. Depois, o programa continuou com José Maria Campos. Na década de 70, como a televisão “engatinhava” em Patrocínio, Assis comandou também programas de auditório (a Difusora tinha auditório na sua sede, na Praça Honorato Borges). Além disso, aos domingos, às 18h, comandou show nos bairros, quando apresentava, em cima de um caminhão, os artistas locais para determinado bairro e adjacências (como o show ocorrido no Bairro São Vicente, próximo do Asilo). Passou uma temporada pela, então, poderosa Rádio Clube de Patos de Minas, e, Rádio Princesa. Pela atuante (e saudosa) Rádio Capital de Belo Horizonte narrou jogos de clubes mineiros (como jogos ocorridos em Uberlândia).

ASSIS E A POLÍTICA – Para o mandato de 1977 a 1982, foi eleito vereador e um dos três presidentes da Câmara Municipal, no período. De 1983 a 1988, reeleito, participou de uma Câmara composta por vereadores, jovens políticos, que depois entrariam para o primeiro plano político da cidade. Tais como Carlos Ibrahim Daura, Júlio Elias, Alcides Dornelas, Dr. Ocacyr Siqueira e Rubens Rocha.

A VIDA DE JOAQUIM ASSIS Nasceu em 03 de maio de 1929, em Salitre. Aluno do Grupo Escolar Honorato Borges e Ginásio Dom Lustosa. Por concurso, tornou-se escrivão da Polícia Civil. Quando vereador, foi Secretário de Esporte, Lazer e Turismo. Por ser trabalhador, afável e ótimo comunicador recebeu o título de “Cidadão Honorário de Patos de Minas”. Em abril de 1982, foi um dos doze primeiros imortais da Academia Patrocinense de Letras. Ou seja, fundador. Aos 58 anos de idade, faleceu em 12 de outubro de 1987, na cidade. Deixou a esposa Corina França Assis e cinco filhos.

MAIOR NOME ESPORTIVO DO SÉC. XX – Véio do Didino ou Sebastião Ferreira do Amaral foi o responsável pelo melhor celeiro de craques do futebol na história de Patrocínio. Ainda não foi superado por ninguém. No seu Flamengo (patrocinense), denominado “Associação Atlética Flamengo”, Véio foi diretor, treinador, roupeiro, empresário, motivador e atleta (no começo). Isso entre 1950 e 1965. Pelo que fez, Véio é considerado pelos aficionados do futebol, nos anos dourados, como o “Telê Santana” de Patrocínio.

MAIOR DOS CRAQUES: MÚCIO (MEIO CAMPO) – No Flamengo de Patrocínio e Dom Lustosa atuou com o “camisa 9”. Pentacampeão de MG pelo Atlético Mineiro, Seleção Mineira dos anos 50, Palmeira/SP e o, então, campeão do Nordeste (Santa Cruz/PE). De Carmo do Paranaíba, conterrâneo e amigo do Véio, Múcio mudou-se (a família) para Patrocínio (Rua Afonso Pena) para estudar no Ginásio dos Padres Holandeses. Com mais tempo, atuando no Flamengo do Véio, provavelmente, foi o mais exuberante craque, que vestiu a camisa de time de PTC, residindo na cidade.

CRAQUES QUE PASSARAM PELAS MÃOS DO VÉIO – No começo dos anos 60, jovem craque, meio de campo, chamado de Bouglex (ou Buglê) atuou diversas vezes pelo Flamengo/PTC. Não era de Patrocínio (era sobrinho de Hélio Bougleux, residente à Rua Governador Valadares). Depois disso, Bougleux foi titular do Atlético Mineiro, Seleção Mineira, autor do primeiro gol do Mineirão (5/9/1965), em sua inauguração, atuou na Europa, no incrível Santos (do Pelé) e no campeoníssimo Vasco da Gama. Tudo no período de 1965 a 1974. Rondes (Machado), 1950-1955, considerado o “Dirceu Lopes” de Patrocínio, pelo fino da bola que praticava. Camilo, o melhor zagueiro do Triângulo nos anos 50. Tanto é que atuou também pelo, então, poderoso Araguari, campeão do Triângulo, em 1953.

MAIS CRAQUES SOB A TUTELA DO VÉIO – O goleiro Blair integrou a Seleção Mineira do Interior (Telê Santana, de Itabirito, era ponta direita). Atuou também em outras cidades da região (Patos e Carmo do Paranaíba) além do “Flamengo do Véio do Didino”. Isso nos anos 50. Já nos anos 60 foi a vez do elástico goleiro Dedão deixar o Flamengo para atuar no CAP, América de São José do Rio Preto e equipes de Goiás. Calau, vigoroso zagueiro, atuou também pelo poderoso, à época, Uberaba Sport, clubes de Goiás e da região (e até “ensaiou” ir para o Fluminense/RJ). Pedrinho (Seleção Mineira e Atlético/BH), Carmo (Operário E.C.), Peroba (o “Nelinho” de Patrocínio), Gato (CRAC de Catalão, campeão de Goiás), Romeuzinho (Vila Nova de Nova Lima e divisões de base no Cruzeiro), e, Totonho (interior paulista e Uberaba). Para mais detalhes de quem foi o visionário Véio do Didino, é importante ter os testemunhos de uma das maiores lendas do futebol patrocinense, Totonho Figueiredo, residente na cidade, e, de seu irmão José Maurício (renomado cirurgião plástico, residente em BH), ex-atleta do Palmeira/SP. Ambos, conviveram muito com o Véio.

MANIAS SOCIAIS POSITIVAS – Véio nunca deixou de acompanhar um funeral na cidade, seja de pessoa rica, seja pobre, seja da raça negra, seja da branca. Aos domingos, depois da Santa Missa (gostava de assisti-la em pé), frequentemente visitava os presos na (antiga) cadeia municipal, quando os apresentava conselhos, frutas, biscoitos e ações de superação.

A VIDA DO VÉIO – Apesar da bola ser a sua paixão (líder maior do Flamengo nos anos 50/60, e, Raposão nos anos 60, 70, 80), Véio era comerciante (Patrolux), católico fervoroso (algumas ações da Igreja na cidade tiveram a sua liderança), probo e fraternal. Não envolvia com política e políticos, pois tinha amigos dos dois lados. Casado com a sra. Lazinha Campos Amaral (residente em Uberlândia, aos 93 anos), com quem teve três filhos. Sempre residiu à Rua Artur Botelho. Nasceu no Carmo do Paranaíba em 07 de abril de 1922, exatamente na data em que Patrocínio comemorava 80 anos de emancipação. Aos 64 anos, faleceu em Patrocínio em 19 de outubro de 1986. Viveu em Patrocínio por 40 anos (1946-1986).

POR FIM – Mesmo sendo o maior nome do futebol em Patrocínio no século XX, a “política”, que desconhece a história, “cassou” o seu nome de pequeno estádio, próximo à Rádio Difusora. O nome “Estádio Véio do Didino” desapareceu. Pasmem!


Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


Todas as notícias