Foto: reprodução Prime Video


Crônica de Luiz Antônio Costa

Há filmes que nos entretêm, há filmes que nos fazem pensar, e há aqueles que nos atravessam como uma lâmina afiada de emoção e reflexão. Cabrini, de Alejandro Monteverde, é um desses. Ao contar a história da freira italiana Francesca Cabrini, o filme nos conduz a uma Nova York do século XIX que parece, em muitos aspectos, espelhada no presente. O preconceito contra imigrantes, a desigualdade social e a resistência às mudanças são elementos que, infelizmente, não se perderam no tempo.

Cristiana Dell’Anna brilha no papel da incansável Cabrini, uma mulher que desafiou líderes religiosos e políticos para dar dignidade a imigrantes italianos pobres. Não bastava oferecer-lhes palavras de conforto, era preciso agir. E Cabrini agiu. Construiu escolas, orfanatos e deu um sentido de pertencimento a uma população desprezada. A fotografia do filme nos mergulha na Nova York do século XIX, detalhando sua grandiosidade e miséria em igual medida. Já a narrativa feminista, outro ponto alto, evidencia o quanto a coragem de uma mulher pode romper barreiras impostas pelo patriarcado e pela política da exclusão.

O impacto do filme não se resume à sua qualidade técnica ou à força de sua protagonista. Ele nos faz pensar sobre líderes carismáticos que, como Cabrini, dedicaram suas vidas aos marginalizados: Irmã Dulce, Madre Teresa, Chico Xavier, o Papa Francisco – cada um à sua maneira, enxergando além do óbvio e desafiando estruturas de poder em prol dos que nada têm.

Vivemos tempos difíceis, mas não inéditos. O dinheiro segue sendo o maior deus da humanidade, e o sofrimento dos mais pobres continua sendo invisível para muitos. O que Cabrini nos ensina, além da história dessa mulher extraordinária, é que a compaixão e a ação podem transformar realidades. Não é um filme para ser assistido de forma passiva. Ele nos sacode, nos questiona e, se permitirmos, nos inspira.

Fui profundamente impactado por essa história e recomendo a todos que assistam. Não se trata apenas de um grande filme. Trata-se de um lembrete necessário de que há esperança naqueles que ousam fazer a diferença.


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