
André Luiz Costa, hoje é 3 de junho de 2025. Há exatos 50 anos, essa data mudou para sempre a minha vida, a da sua mãe e de toda a nossa família. Seu nascimento foi uma explosão de alegria que, até hoje, ecoa como um dos sons mais marcante da nossa história.
Para nós, tão jovens — eu com 20 anos, sua mãe com apenas 17 —, sua chegada foi um marco definitivo. Um daqueles momentos em que o tempo se dobra e nunca mais volta a ser o mesmo. De um dia para o outro, éramos pais. E o mundo, que já era grande, ficou ainda maior.
Lembro com nitidez de um detalhe singelo, mas simbólico: meu pai, seu avô Júlio Costa, chegando à casa de Dona Chiquinha, sua avó materna, na Rua Cassimiro Santos, 1374, com um pacote de bala “soft”. Aquelas balas duras, que a gente mesmo chamava de “cascalho” — e que, claro, você não podia nem sonhar em chupar naquela época, nem aquela, nem qualquer outra. Mas aquele pacote não era só doce: era o estandarte silencioso da celebração.
Você tinha acabado de nascer: o primeiro neto dos Costa, dos Fernandes, dos Rodrigues, dos Antunes e dos Moraes. Um símbolo de esperança, de continuidade, de amor.
Enquanto a nossa casa vibrava com a sua chegada, o país vivia um contexto tenso: em 1975, sob a ditadura militar, o Brasil enfrentava um período de repressão política, econômica e pelo início do processo de abertura política, conhecido como redemocratização. Enquanto o país respirava entre medos e esperanças, na nossa casa a vida renascia com você.
E como se a vida quisesse deixar registrado em várias camadas, enquanto você nascia, outro ritual acontecia, quase como trilha sonora: o doutor José Figueiredo, o médico que te trouxe ao mundo, com um radinho de pilha na sala de parto, acompanhava o jogo decisivo da Copa Libertadores. Terceira rodada da semifinal: Cruzeiro e Rosario Central, no Gigante de Arroyito, em Rosário, na Argentina. Cruzeiro perdeu por 3 a 1, num jogo até hoje lembrado pela polêmica e pela hostilidade. Era uma terça-feira, como hoje. O rádio falava de um time brasileiro cercado, contestado, resistindo.
Mas naquele dia, para mim, nada disso tinha mais importância do que você. No meio de tudo — da juventude, da mudança, do futebol, da vida e até do país em transformação —, você nasceu. O som que mais ficou na minha memória não foi o do radinho, nem o grito da torcida: foi o primeiro choro do meu filho.
Agora, jornalista ético, homem formado em história, construindo a sua própria com esposa e filhos, você é motivo de orgulho para nós (sua mae e eu), seus irmãos e familiares.
Te amo, André. Que sua vida siga sempre plena, rica e feliz. Parabéns pelo seu aniversário!