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Hoje é aniversário da pessoa que é minha rocha, minha sustentação, meu refúgio. Márcia Helena Costa, minha esposa.
As pessoas não dizem o que sentem enquanto podem depois se arrependem. Muitas vezes, são cheias de tato para falar com um estranho e tratam de qualquer maneira àqueles que as rodeiam no trabalho e na família. Outras vezes têm vergonha de ser taxadas disso ou daquilo. Eu prefiro falar tudo enquanto posso, especialmente para as pessoas importantes de minha vida porque não sei o que vai acontecer no próximo segundo. Então, não guardo nada. Respeito que pensa diferente, mas eu sou assim.
E este é um caso bem típico. O aniversário de casamento. Dia 12 de fevereiro é o dia do nosso. E posso garantir que esses mais de 50 anos (48 só de casados) foram de felicidade e amizade. Foram acima de tudo de muito amor. Como a conheço, sei que ela não vai gostar de expor nossa vida em público. Mas, peço perdão — não posso deixar esta oportunidade de registrar passar. Meu amor é incondicional. Agora mais forte do que no começo.
Nos dois primeiros anos, sem motivo, o meu ciúme doentio quase estragou um casamento que depois se mostraria maior que o tempo e construtivo. Felizmente, creio que alguém lá em cima deve ter dito:
— Calma, rapaz. Isso não é amor, esse sentimento é posse, deixe de ser tão possessivo.
Talvez pela idade — éramos muito jovens quando constituímos família, eu com 20 ela com 17 —, isso pesa. Porém, do terceiro ano em diante percebi que casamento não é posse. A posse você perde a qualquer hora. Se agir assim, no casamento também.
O casamento é uma relação de amor, onde um respeita o espaço do outro.
O amor bem construído, forjado no dia a dia da convivência, no entendimento, vai se fortalecendo, até chegar o dia em que você não se vê mais como um ser só. Formam uma cumplicidade que vai além da vida terrena. Precisa dela e ela de você, a ponto de vocês verem o outro em tudo que fazem. Como diz a música dos mineiros do Jota Quest:
“É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Amor de dentro pra fora
Amor que eu desconheço
Quero um amor maior
Um amor maior que eu”.
Em fevereiro de 2023, completam-se 49 anos dessa parceria e eu nem percebi. O meu amor é muito maior do que na época de adolescência e juventude. O que antes era pura paixão e carne, hoje é isso e também alma. Além do mais, éramos dois, de repente o tempo foi passando e quando percebemos éramos seis. Eu, ela e os quatro filhos — André, Patrícia, Alexandre e Luiz Costa Jr. Mas o tempo passa rápido. No Natal mais recente — o único que não pudemos estar todos reunidos por causa da pandemia da Covid-19 —, me dei conta de que já éramos 18. Nós dois, três filhos, uma filha, três noras, um genro e oito netos.
Não sei por que, mas os bons espíritos sempre me acompanharam. Deus colocou no meu caminho essa mulher de fibra e garra, que está comigo pro que der e vier — e ela sabe que existe reciprocidade nisso — e é linda. Vivemos — e continuaremos vivendo — nossas vidas em harmonia no sentir, pensar e agir.
Ela, Márcia Helena Costa, merece uma música especial. E eu roubo a criação de Djavan, “Um amor puro”, para dedicar a ela como agradecimento por ter me dado 46 anos preciosos de sua vida, exatos dois terços da minha.
“O que há dentro do meu coração
Eu tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo
Tem pra me conceder
São tuas até morrer
E a tua história, eu não sei
Mas me diga só o que for bom
Um amor tão puro que ainda nem sabe
A força que tem
É teu e de mais ninguém
Te adoro em tudo, tudo, tudo
Quero mais que tudo, tudo, tudo
Te amar sem limites
Viver uma grande história
Aqui ou noutro lugar
Que pode ser feio ou bonito
Se nós estivermos juntos
Haverá um céu azul
Um amor puro
Não sabe a força que tem
Meu amor eu juro
Ser teu e de mais ninguém
Um amor puro...”
No "Evangelho Segundo do Espiritismo", encontramos a definição no capítulo "A Lei do Amor":
"O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado. No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento (...) Feliz aquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo! Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa palavra divina, — amor — fez estremecerem os povos, e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo"
Márcia, te amo.
Outubro de 2022
Esta cronica é parte do livro “O Som da Memória – O Retorno”, breve estará publicado