A grave projeção foi apresentada durante o 1º Seminário de Mudanças Climáticas, evento promovido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) realizado em Cuiabá

Crédito Foto: Teuvo Uusitalo | Pixabay

Sem intervenções significativas, o Centro-Oeste do Brasil poderá se tornar inabitável entre os anos de 2030 e 2050, devido às temperaturas insuportáveis.

Da redação da Rede Hoje

A pesquisadora Ana Paula Paes, especialista com doutorado e pós-doutorado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), alertou que o estado de Mato Grosso pode enfrentar temperaturas extremas, chegando até a 50°C em breve, caso medidas urgentes não sejam adotadas para mitigar os efeitos do aquecimento global. Informa matéria publicada pelo G1.

A grave projeção foi apresentada durante o 1º Seminário de Mudanças Climáticas, evento promovido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) em parceria com a concessionária de energia Energisa, realizado em Cuiabá nos dias 30 de setembro e 1º de outubro.

O seminário teve como principal objetivo discutir ações práticas e emergenciais para enfrentar a crise climática que se intensifica na região. Em sua apresentação, Ana Paula Paes destacou que os eventos climáticos extremos vêm se tornando mais frequentes e intensos. Ela prevê que, sem intervenções significativas, o Centro-Oeste do Brasil poderá se tornar inabitável entre os anos de 2030 e 2050, devido às temperaturas insuportáveis.


Meteorologistas apontam que, a temperatura extrema e ondas de calor podem potencializar os temporais — Foto: Luiz Alves/Prefeitura de Cuiabá

Ainda segundo a pesquisadora, em 2023, o estado de Mato Grosso foi atingido por oito ondas de calor, com variações que ultrapassaram de cinco a dez graus acima da média normal para a região. Este aumento expressivo da temperatura representa uma grave ameaça à qualidade de vida e à economia local.

Outro dado alarmante apresentado por Ana foi o fato de que 2023 já é considerado o ano mais quente da história global, e a expectativa é que 2024 supere esse recorde. Em setembro de 2023, por exemplo, temperaturas superiores a 40°C se mantiveram durante quase todo o mês em algumas regiões de Mato Grosso, sendo que, no ano anterior, essas temperaturas extremas duraram cerca de uma semana.

Em Cuiabá, a situação foi ainda mais crítica. No dia 22 de setembro de 2023, a cidade registrou 43,1°C, marcando a sétima vez em menos de dois meses que a capital mato-grossense bateu recorde de calor. Esse dado posiciona Cuiabá como a cidade mais quente do Brasil, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Além das consequências ambientais, Ana Paula Paes ressaltou que o impacto financeiro também é significativo. O aumento das ondas de calor eleva o consumo de energia elétrica em até 60%, principalmente devido à sobrecarga dos sistemas de refrigeração. Esse maior consumo também é agravado pela redução das chuvas, que obriga o uso de fontes mais caras de energia, como as termelétricas.

Com o início da primavera, espera-se que as chuvas retornem à região Centro-Oeste, no entanto, meteorologistas alertam que as temperaturas extremas e as ondas de calor podem intensificar os temporais. Apesar da expectativa de precipitação, o volume de chuvas deverá ser menor que o normal para o período.

A meteorologista Josélia Pegorim informou que as pancadas de chuva devem ocorrer a partir de outubro, porém, os volumes previstos para os meses seguintes, como novembro e dezembro, estarão abaixo da média histórica. Ela destacou que a primavera de 2024 trará temperaturas acima do normal, especialmente no norte de Mato Grosso, onde o calor persistirá ao longo da estação.

Esse cenário climático desafiador reforça a urgência de ações coordenadas entre governo, empresas e sociedade para enfrentar os efeitos do aquecimento global, a fim de evitar que regiões como Mato Grosso sofram consequências irreversíveis no futuro próximo.


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