Lula destacou a inclusão do pilar social no G20, que se somou aos pilares político e financeiro.

Crédito foto: Ricardo Stuckert/PR

Presidente Lula durante discurso no encerramento da Cúpula do G20 Social, evento que antecede o encontro entre os chefes de Estado

Da redação da Rede Hoje

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou neste sábado, 16 de novembro, no Rio de Janeiro, do encerramento da Cúpula do G20 Social, evento que precede a Cúpula dos Chefes de Estado, que ocorrerá na segunda-feira (18) e terça-feira (19). Esta foi a primeira vez que grupos da sociedade civil participaram dos debates no G20.

O evento ocorreu entre quinta-feira (14) e sábado (16), com a entrega ao presidente Lula de um documento final que consolidou as demandas da sociedade civil a serem apresentadas na Cúpula de Líderes. Lula destacou a inclusão do pilar social no G20, que se somou aos pilares político e financeiro. Segundo ele, esse novo pilar reflete a busca por um mundo mais democrático, justo e diverso, e é o resultado de um trabalho conjunto com os grupos de engajamento do G20.

O presidente afirmou que os membros do G20 têm a responsabilidade de promover mudanças significativas para muitas pessoas e ressaltou a importância da participação das organizações e movimentos sociais na presidência brasileira do grupo. Ele mencionou a relevância da mobilização social para avançar em questões como a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a tributação dos super-ricos, a ampliação do uso de energias renováveis e a reforma da governança global.

Lula afirmou que levará as recomendações contidas na declaração final aos demais líderes do G20 e trabalhará com a África do Sul para que essas questões sejam consideradas nas discussões do grupo. Ele também expressou a expectativa de que o pilar social continue nos próximos anos, promovendo maior engajamento da cidadania nas discussões do G20.

Em sua fala, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, informou que o G20 Social contou com a participação de mais de 50 mil pessoas ao longo dos três dias de evento, com 17.703 pessoas participando ativamente dos debates. Ele ressaltou que o evento demonstrou o papel fundamental da sociedade civil na defesa de políticas públicas que serão discutidas pelos chefes de Estado.

A ativista dos direitos humanos Tawakkol Karman, vencedora do Nobel da Paz de 2011, também discursou no evento. Ela enfatizou a importância de proteger a paz global, a democracia e os direitos das mulheres, jovens e povos indígenas, destacando que a redução das desigualdades entre ricos e pobres é essencial para a construção da paz.

Ronald Lamola, ministro das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, país que assumirá a presidência do G20 após o Brasil, afirmou que sua nação também buscará envolver os movimentos sociais nas discussões do fórum. Ele elogiou a iniciativa brasileira de promover a participação da sociedade civil no G20.

O documento final da Cúpula do G20 Social destaca três questões principais: combate à fome, à pobreza e à desigualdade; enfrentamento das mudanças climáticas com uma transição justa; e a reforma da governança global. O texto foi elaborado com a contribuição de grupos historicamente marginalizados, como mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência, trabalhadores da economia formal e informal, comunidades tradicionais e pessoas em situação de rua. Os movimentos sociais demandam mais participação desses grupos nos processos de governança mundial e solicitam uma reforma nas instituições multilaterais, como a ONU, para que estas reflitam a realidade contemporânea. A proposta inclui também a reformulação do Conselho de Segurança da ONU, visando ampliar a representatividade global e promover soluções mais justas e eficazes.

Em relação às mudanças climáticas, o documento exige compromissos concretos para a redução das emissões de gases de efeito estufa e a proteção de ecossistemas essenciais, como as florestas tropicais. A declaração sugere a criação de um fundo internacional para financiar ações de conservação e promover a inclusão das populações locais em atividades produtivas sustentáveis.


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