O Cerrado é conhecido como a "caixa d’água do Brasil" por abrigar nascentes e rios que alimentam oito das 12 bacias hidrográficas do país e um dos mais ricos em biodiversidade, com mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves

Crédito foto: Fotos: Alair Vieira - Arquivo ALMG

Maior bioma do Estado é composto por gramíneas, arbustos e árvores 

Da redação da Rede Hoje

Nesta semana, a preservação do Cerrado esteve em destaque na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), onde foi realizado um debate público na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. O evento aconteceu na segunda-feira (25), no Auditório José Alencar e reuniu especialistas, parlamentares e lideranças para discutir a importância do bioma e a necessidade de sua conservação. Solicitado pelas deputadas Beatriz Cerqueira e Leninha, ambas do PT, o debate contou com mesas de discussão ao longo do dia, abordando os desafios e os caminhos para proteger esse ecossistema vital.

Na primeira mesa, foram apresentados dados sobre o cenário atual do Cerrado em Minas Gerais. Entre os participantes estavam Sergio Augusto Domingues, superintendente do Ibama, e Mercedes Bustamante, professora titular da Universidade de Brasília e referência em ecologia. A conversa destacou o impacto da degradação ambiental no bioma, enfatizando sua biodiversidade e papel crucial no equilíbrio hídrico do país.

Outro destaque foi a mesa que discutiu estratégias de conservação do Cerrado, reunindo especialistas como Maria de Lourdes Nascimento, coordenadora da Rede Cerrado, e Adriano Paglia, pesquisador da UFMG. Eles reforçaram a urgência de políticas públicas eficazes e destacaram iniciativas de monitoramento e restauração. Breno Lasmar, do Instituto Estadual de Florestas, e Wallace Oliveira, do Sindsema, debateram sobre a necessidade de mais investimentos em fiscalização e projetos sustentáveis.

As deputadas Beatriz Cerqueira e Leninha apresentaram proposições legislativas para fortalecer a preservação do bioma. O PL 4.004/22, de autoria de Beatriz, propõe a criação da Política Estadual de Proteção e Desenvolvimento Sustentável do Cerrado. Já o PL 2.379/24 busca estabelecer setembro como o mês do Cerrado, visando conscientizar a população e promover ações preservacionistas.

Beatriz Cerqueira destacou que 2024 foi um ano crítico para o Cerrado, com graves incêndios afetando diversas áreas de Minas Gerais. A parlamentar acredita que o debate público contribui para subsidiar a aprovação de projetos voltados para a proteção ambiental. Leninha, por sua vez, ressaltou a importância de frear a exploração predatória, como a mineração e a monocultura, que ameaçam a biodiversidade e os modos de vida dos povos tradicionais.

Caixa d’agua do Brasil

O Cerrado é conhecido como a "caixa d’água do Brasil" por abrigar nascentes e rios que alimentam oito das 12 bacias hidrográficas do país, incluindo o Rio São Francisco. Além disso, o bioma é um dos mais ricos em biodiversidade, com mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves. Sua preservação é essencial para a manutenção dos recursos hídricos e para a sobrevivência das comunidades que dependem diretamente dele.

Desmatamento Alarmante

Apesar de sua importância, o Cerrado enfrenta níveis alarmantes de desmatamento. Segundo o MapBiomas, em 2023, o bioma registrou 1.110.326 hectares desmatados, superando a Amazônia pela primeira vez em cinco anos. Esse aumento de 67,7% em relação a 2022 reflete a pressão crescente da agropecuária e de outras atividades econômicas.

A perda de vegetação nativa no Cerrado afeta não apenas a biodiversidade, mas também o equilíbrio climático e a disponibilidade de água. Especialistas presentes no debate alertaram que a continuidade desse cenário pode comprometer a sustentabilidade de diversas regiões do Brasil, agravando crises ambientais e sociais.

As discussões na ALMG reforçaram a necessidade de unir esforços entre governo, sociedade civil e comunidade científica para reverter o desmatamento no Cerrado. Projetos de lei, ações de conscientização e investimentos em tecnologias sustentáveis são algumas das estratégias apontadas para proteger esse bioma.

Ao final do evento, as deputadas enfatizaram o compromisso de continuar lutando pela preservação do Cerrado, destacando que sua conservação além de uma questão ambiental é também social e econômica. A mobilização gerada pelo debate foi considerada um passo importante para engajar a sociedade e pressionar por mudanças efetivas.