A PEC que propõe a mudança foi elaborada pela deputada Érica Hilton (Psol-SP) e promete trazer benefícios sociais significativos.

Crédito foto: Daniel Protzner



Coordenador do Movimento Vida Além do Trabalho, Rick Azevedo, desafiou opositor da redução da jornada para debate público.

Da redação da Rede Hoje

Durante audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta sexta-feira (13/12/24), Rick Azevedo, coordenador do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) e vereador do Rio de Janeiro, desafiou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) a debater, nos shoppings de Belo Horizonte, a proposta de redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6 por 1. A PEC que propõe a mudança foi elaborada pela deputada Érica Hilton (Psol-SP) e promete trazer benefícios sociais significativos.

Rick Azevedo apontou que a escala 6 por 1 prejudica a vida pessoal e o desenvolvimento dos trabalhadores. “Quem vive nessa escala não consegue estudar, ter lazer ou conviver com a família”, afirmou, citando sua própria experiência de ter interrompido três faculdades por causa das condições de trabalho. Ele também destacou abusos ainda mais graves, como escalas de 15 dias consecutivos sem folgas, comparando essas práticas a um modelo de trabalho escravocrata que remete ao passado sombrio do país.

A denúncia de Rick foi reforçada por João Pedro Periard, presidente do Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte, que confirmou as condições extremas enfrentadas pelos trabalhadores. Ele relatou que as jornadas nos shoppings muitas vezes ultrapassam 10 horas diárias, o que leva muitos jovens a abandonarem seus empregos. “Eles não querem apenas trabalhar, querem viver”, enfatizou Periard.

Em apoio à proposta, o deputado Rogério Correia (PT-MG), coautor da PEC, anunciou eventos em todo o país para 2025, com o objetivo de manter a discussão ativa. A audiência foi celebrada como um marco para unir e revitalizar o campo progressista. Deputadas como Bella Gonçalves (Psol), Lohanna (PV) e Beatriz Cerqueira (PT) elogiaram a mobilização e destacaram a importância de ações concretas para melhorar as condições de trabalho no Brasil.

Especialistas também contestaram os argumentos contrários à redução da jornada. O economista Diogo Santos, da UFMG, afirmou que longas jornadas impactam negativamente a produtividade, enquanto países com jornadas menores, como 40 horas semanais, registram melhores resultados. Ele apontou que custos iniciais poderiam ser compensados por ganhos no longo prazo.

Lucas Cristian de Oliveira, membro do Movimento VAT, destacou iniciativas internacionais, como a implantação de uma escala com mais folgas no Japão, para fortalecer vínculos familiares. Ele criticou políticos que defendem a “família” enquanto ignoram as condições de vida dos trabalhadores. “Não queremos trabalhar menos, queremos trabalhar melhor. Essa PEC é pela família, não contra ela”, concluiu.


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