Policia investiga a empresa Tem Di Tudo Salvados, que comprou carne deteriorada para ração, mas falsificou e vendeu como consumo humano;  uma carga de 800 toneladas de carne que foi submersa durante a enchente no Rio Grande do Sul, em 2023.

Imagem: Micha |  Pixabay



Uma parte da carne foi disfarçada e colocada à venda em um mercadinho em Três Rios, no Rio de Janeiro, oito meses depois da tragédia.

Da redação da Rede Hoje

A busca por lucros fáceis, sem qualquer preocupação com a saúde das pessoas, é uma situação cada vez mais grave no Brasil. Recentemente, um caso chocante de venda de carne deteriorada mobilizou as autoridades, revelando a negligência e a falta de escrúpulos de uma empresa envolvida em um esquema que expôs milhares de consumidores a sérios riscos de saúde.

A história começou com a venda de uma peça de picanha, pertencente a uma carga de 800 toneladas de carne que foi submersa durante a enchente no Rio Grande do Sul, em 2023. Ao invés de ser destinada à produção de ração animal, como era a sua destinação original, uma parte da carne foi disfarçada e colocada à venda em um mercadinho em Três Rios, no Rio de Janeiro, oito meses depois da tragédia.

A Delegacia do Consumidor (Decon-RJ) está investigando a empresa Tem Di Tudo Salvados, que comprou a carne deteriorada de um frigorífico de Porto Alegre. A empresa afirmou que a carne seria utilizada para ração, mas as investigações revelaram que ela foi falsificada e vendida como carne própria para consumo humano.

O esquema foi descoberto após o próprio frigorífico, que havia vendido a carne estragada, denunciar à polícia. A empresa tinha comprado a carne de volta, acreditando se tratar de um produto seguro. Agora, as investigações se concentram em identificar outras empresas que, sem saber, adquiriram o produto impróprio.

Durante a operação, a polícia encontrou outros itens irregulares no mercado investigado, como medicamentos e testes de Covid vencidos, além de produtos de beleza e cigarros fora da validade. Todos os materiais impróprios foram descartados corretamente, após serem desinfetados com cloro, para garantir a segurança pública.

A Tem Di Tudo Salvados tinha autorização para reaproveitar produtos vencidos, o que levanta ainda mais suspeitas sobre a procedência de seus itens. A empresa havia afirmado aos produtores gaúchos que a carne seria utilizada apenas para ração animal. No entanto, a Decon revelou que lotes de carne deteriorada – tanto bovina, quanto suína e de aves – estavam sendo vendidos a açougues e mercados em todo o país.

O delegado Wellington Vieira explicou que as táticas usadas para mascarar a carne deteriorada incluíam processos que disfarçavam os danos causados pela inundação. A carne foi transportada para diversas partes do Brasil, com 32 carretas sendo enviadas do Sul para outros estados, comprometendo a saúde de muitos consumidores que compraram o produto sem saber do risco.

Além disso, os investigadores descobriram que o lucro obtido com a venda dessa carne imprópria foi imenso. A carga de carne, que tinha um valor estimado em R$ 5 milhões, foi adquirida por apenas R$ 80 mil. Os envolvidos nesse esquema poderão responder por diversos crimes, incluindo associação criminosa e adulteração de alimentos.

Esse caso expõe não só o desrespeito pelas normas sanitárias, mas também a total falta de ética de quem, em nome do lucro fácil, coloca em risco a saúde e o bem-estar da população.


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