Com mais de 715 mil mortes no país e mais de 278 em Patrocínio, a pandemia de Covid-19 deixou sequelas e desafios na saúde, na gestão pública e na vida das vítimas.

Foto: Rede Hoje


Vacinação intensa durante a pandemia em Patrocínio

Da Redação da Rede Hoje

Há cinco anos, no dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarava a pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A pandemia de Covid-19 completa cinco anos, deixando um saldo de mais de 715 mil mortes no Brasil e milhares de pessoas com sequelas. O primeiro óbito pela doença no país foi registrado em 12 de março de 2020, e desde então, a população tem lidado com as consequências sanitárias, econômicas e sociais.

Esta reportagem da Rede Hoje, com foco em Patrocínio, e de Cátia Guimarães, Juliana Passos e André Antunes da EPSJV/Fiocruz, com foco no Brasil, relembra os impactos da pandemia, desde a origem do vírus até as sequelas da Covid longa, passando pela vacinação, a gestão da crise e os movimentos em defesa das vítimas.

Em Patrocínio, no Alto Paranaíba, a pandemia teve um impacto significativo. No dia 9 de junho de 2021, o município registrou cinco mortes por Covid-19 em um único dia, totalizando 200 óbitos até então. Santa Casa, Medcenter e Pronto Socorro estavam com ocupações de enfermaria e de UTI no limite. Em 5 de janeiro de 2022, o número subiu para 235, e até o final daquele ano, 278 óbitos foram confirmados.

Como todos os setores da sociedade, a imprensa local também foi afetada. No dia 18 de abril de 2021, o cantor e humorista Luiz Fernando, conhecido como Tsunami da Capital FM, faleceu aos 37 anos. Em 28 de maio do mesmo ano, o jornalista e radialista Renato Oliveira, que atuava na Rede Hoje e na Rádio Capital, oriundo da Difusora, também perdeu a vida para a doença. Como em todos o mundo, os cemitérios locais tinham grandes registros diários de sepultamento por causa da Covid-19 e outras razões; inclusive o Cemitério Municipal, foi ampliado.
Fotos: Ascom | PMP e divulgação Jardim dos Ipês
Os cemitérios locais tinham grandes registros diários de sepultamento por causa da Covid-19 e outras razões; inclusive o Cemitério Municipal, foi ampliado

Em 08 Março 2022, com a queda nos numeros, a Prefeitura de Patrocínio liberava o uso de máscaras, inclusive em ambientes fechados. O novo decreto que desobrigava o uso de máscaras diz que “em ambientes abertos tais como praças, ruas, avenidas, campos de futebol, estádios, quadras esportivas abertas e similares”, mantém a recomendação do uso de máscaras em “ambientes fechados, transportes públicos e áreas hospitalares sensíveis”.

Mas, na quarta-feira (21/3/22) Patrocínio teve um dia intenso de vacinação nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e PACS. A Secretaria Municipal de Saúde com uma campanha para que toda a população estivesse com o cartão de vacina atualizada, com isso alcançar mais gente e ficar mais próximo do numero ideal de imunização da população, que estava com a cobertura vacinal em 65% na bivalente (Covd-19) e 70 % influenza (gripe).

A origem do SARS-CoV-2 ainda é debatida. A teoria mais aceita é a de que o vírus teve origem em morcegos, mas o reservatório intermediário que permitiu a transmissão para humanos não foi identificado. Hipóteses sobre vazamento de laboratório não possuem evidências concretas.

A vacinação foi um dos principais fatores para a redução das mortes. No Brasil, mais de 201 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose, alcançando uma cobertura de 86% em 2021. No entanto, a desinformação e a hesitação vacinal ainda representam desafios. Para grupos prioritários, como idosos e imunossuprimidos, a recomendação é de reforço a cada seis meses.

A Covid longa tem afetado milhões de pessoas, com sintomas persistentes como fadiga, falta de ar e dificuldades cognitivas. Estudos indicam que até 20% dos infectados podem desenvolver complicações de longo prazo, mas ainda há lacunas no conhecimento e tratamento da condição.

A gestão da crise sanitária foi marcada por divergências entre governos estaduais e federal, posturas negacionistas e mudanças constantes no comando do Ministério da Saúde. A CPI da Covid, instaurada no Senado, investigou irregularidades na condução da pandemia e indiciou 66 pessoas, incluindo o então presidente Jair Bolsonaro, mas os processos não avançaram.

O Sistema Único de Saúde (SUS), apesar do subfinanciamento, foi essencial no combate à pandemia. Seu modelo universal garantiu atendimento à população em um dos momentos mais críticos da história recente. No entanto, a estrutura ainda enfrenta desafios, como a necessidade de maior investimento na formação de profissionais e na produção de insumos.

Movimentos sociais, como Vida e Justiça e Avico, surgiram para exigir reconhecimento e políticas públicas para as vítimas da Covid-19. Apesar de poucos avanços concretos, essas iniciativas têm fortalecido o debate sobre responsabilização e direitos das pessoas afetadas. Projetos de memória, como livros e peças teatrais, também estão em desenvolvimento para registrar as histórias das vítimas e seus familiares.

Cinco anos após o início da pandemia, o Brasil segue enfrentando desafios decorrentes da Covid-19. O legado da crise inclui avanços na vacinação, maior autonomia de estados e municípios na saúde e uma população mais consciente sobre o papel da ciência. No entanto, a desinformação, o financiamento mais forte do SUS e a luta por justiça para as vítimas ainda são questões pendentes.


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