Sindicatos ameaçam mobilizações e criticam ajuda de custo insuficiente; governo alega dificuldades fiscais para atender demandas
Tema foi debatido nesta terça em audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Guilherme Bergamini/ALMG)
Da redação da Rede Hoje
Deputados e representantes sindicais das forças de segurança pública cobraram a recomposição salarial do governador Romeu Zema durante audiência na Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (18/3/25). Eles argumentam que a inflação acumulada nos últimos dez anos, de 74,89%, supera os reajustes concedidos pelo governo estadual, que totalizam 30,01%, resultando em perdas salariais de 44%. O deputado Sargento Rodrigues (PL), autor do requerimento da reunião, destacou que o piso salarial da Polícia Militar, que era equivalente a cinco salários mínimos no governo Itamar Franco, só seria restaurado com um aumento de 44%.
O secretário de Estado de Fazenda, Luiz Cláudio Fernandes Lourenço Gomes, descartou a possibilidade de recomposição salarial enquanto o Estado enfrentar dificuldades financeiras. Ele afirmou que a prioridade do governo é manter o equilíbrio fiscal e quitar passivos herdados de gestões anteriores. Apesar disso, Rodrigues rebateu a justificativa de falta de recursos, citando o superávit fiscal de R$ 5 bilhões em 2024 e dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal que permitiriam o reajuste.
Representantes dos policiais civis, militares e penais presentes na audiência apoiaram as reivindicações e ameaçaram realizar mobilizações, incluindo uma paralisação total das forças de segurança. Jean Otoni, presidente do Sindicato dos Policiais Penais, lembrou da greve histórica de 1997, que resultou em reestruturação da carreira. Wemerson Silva de Oliveira, do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil, defendeu a união das categorias para pressionar o governo.
A ajuda de custo de R$ 50 por dia para despesas com alimentação, anunciada pelo governador Romeu Zema, foi considerada insuficiente pelos presentes. Embora reconheçam a importância do benefício, que será ampliado para R$ 75 até o fim do ano, os sindicalistas afirmam que ele não substitui a recomposição salarial. Além disso, críticas foram feitas à exclusão dos aposentados do auxílio, o que, segundo Márcio Simões Nabak, vice-presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia, gera divisão entre as categorias.
Enquanto os deputados Professor Cleiton (PV) e Gustavo Valadares (PMN) defenderam a adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) como solução para viabilizar os reajustes, a subsecretária de Gestão de Pessoas da Seplag, Helga Beatriz Gonçalves de Almeida, anunciou a nomeação de 270 aprovados em concurso para agentes de segurança socioeducativos a partir de maio. A posse será escalonada, atendendo à demanda da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).