Debate na ALMG aponta lacunas na educação e mercado de trabalho para pessoas com TEA, enquanto iniciativas locais mostram caminhos possíveis



A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência debateu os desafios enfrentados pelas pessoas com TEA.
Foto: Henrique Chendes

Da Redação da Rede Hoje

A Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou, nesta segunda-feira (31/3/25), o debate público "Autismo, Saúde e Educação – Desafios e Perspectivas". Presidido pela deputada patrocinense Maria Clara Marra (PSDB), o evento revelou dados preocupantes: enquanto a taxa de analfabetismo geral no estado é de 4%, entre pessoas com deficiência chega a 19,5%. Apenas 25,6% concluem o ensino médio e 7% atingem o ensino superior.

Casos concretos ilustraram as barreiras enfrentadas. A advogada Carla Patrícia Rodrigues, diagnosticada tardiamente com autismo, criticou a falta de salas de recursos e professores de apoio nas escolas. Já Cynthia de Lima Prata Abi-Habib denunciou que seu filho, médico aprovado em residência no Hospital da Polícia Militar, foi excluído do programa sob alegação de incompatibilidade do TEA com a prática médica.

Embora desafios persistam, exemplos de inclusão foram apresentados. Em Juiz de Fora, o projeto União Solidária capacitou 30 autistas para vagas em supermercados. Em Belo Horizonte, a iniciativa "Inclusão como Valor" já empregou 12 autistas e 87 pessoas com transtornos mentais em parceria com empresas.

A deputada Maria Clara Marra reforçou a urgência de políticas públicas estruturadas, citando o PL 352/19, que propõe um fundo estadual para financiar ações inclusivas. A subsecretária de Direitos Humanos, Jânia Costa Pereira da Silveira, endossou a necessidade de parcerias público-privadas, enquanto a Secretaria de Educação destacou investimentos em 47 centros de referência para formação docente.

O debate coincidiu com a preparação da "Semana Estadual de Conscientização sobre o Autismo", instituída por lei em 2016. Participantes concordaram que, apesar dos avanços, é preciso ampliar a capacitação profissional, adaptar ambientes educacionais e combater preconceitos no mercado de trabalho.


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