Vereador questiona termos do acordo com o Sindicato Rural, contratos com empresa que realizou a festa e repasses públicos destinados à festa

"A festa foi boa? Sim, mas só para quem teve acesso aos camarotes e à boate. Esses, sim, eu dou os parabéns. Que estrutura maravilhosa. Mas quem pagou a conta, o povo, não assistiu" — afirmou. Foto: Secom | PMP

Da Redação da Rede Hoje

Durante o grande expediente da Câmara Municipal na terça-feira (15/4), o vereador Ricardo Balila fez duras críticas à forma como foi conduzida a realização da Fenacafé 2025. Em pronunciamento contundente, Balila apontou falta de transparência nos contratos firmados entre a Prefeitura, o Sindicato Rural e a empresa Top Eventos, responsável pela execução da festa. O parlamentar também questionou o uso de dinheiro público e cobrou explicações sobre a ausência de informações detalhadas no Diário Oficial dos Municípios.

Segundo Balila, um requerimento de informação apresentado por ele cinco dias antes da sessão não foi votado pelos colegas vereadores. No pedido, o vereador solicitava explicações sobre o instrumento legal que permitiu a parceria com o Sindicato Rural, e se existe algum termo de concessão, convênio ou comodato que garantisse o uso gratuito do parque de exposições pela Prefeitura. Ele também cobrou a justificativa para não ter sido exercido esse suposto direito na edição da Fenacafé deste ano.

— As perguntas são importantes. É preciso levantar os seguintes condicionamentos e, se possível, realizar uma consulta jurídica. Qual foi o instrumento legal utilizado para firmar a parceria com o Sindicato? Existe convênio, cessão, comodato? E se há um termo de concessão que permita o uso gratuito do espaço, por que a Prefeitura não utilizou isso em 2025? — indagou o parlamentar.

Balila também exigiu a relação completa de todos os contratos firmados com base na parceria entre a Prefeitura e o Sindicato Rural, incluindo cópias integrais dos contratos de shows, estrutura, segurança, além das modalidades de contratação utilizadas — como licitação, dispensa ou inexigibilidade — e os respectivos números de processos.

— É dinheiro público. É dinheiro do povo. A festa é do povo. Não pode ficar escondido. Quero saber quantos milhões foram gastos, quanto foi arrecadado com boates, com aquele camarote gigante. Essa informação precisa estar publicada — disse.

Vereador Ricardo Balila cobra explicações sobre contratos da Fenacafé durante fala na tribuna da Câmara Municipal. Foto: reprodução Camara Municipal
O vereador demonstrou insatisfação com a forma como o acesso do público geral foi tratado durante o evento. Segundo ele, muitos cidadãos ficaram sem condições de acompanhar os shows, que ficaram restritos a espaços fechados e camarotes exclusivos.

— A festa foi boa? Sim, mas só para quem teve acesso aos camarotes e à boate. Esses, sim, eu dou os parabéns. Que estrutura maravilhosa. Mas quem pagou a conta, o povo, não assistiu — afirmou.

Apesar das críticas, Balila reconheceu os depoimentos públicos do presidente do Sindicato Rural, Marconi Malagoni, e do prefeito Gustavo Brasileiro, que admitiram erros na organização da festa.

— Fiquei feliz com os depoimentos do Marconi e do prefeito. Reconhecer o erro antes que ele se repita em 2026 já é um avanço — ponderou.

O parlamentar ainda relatou ter recebido mensagens de moradores que se sentiram excluídos do evento. Ele mencionou episódios de superlotação e empurra-empurra durante os shows, que comprometeram a segurança das crianças e famílias presentes.

Ao final do discurso, Balila aproveitou para cobrar o prefeito sobre a valorização dos servidores públicos. Ele lembrou que o reajuste salarial recente foi de apenas R$ 20 e pediu que, no Dia do Trabalhador, 1º de maio, a administração municipal reveja esse valor e ofereça melhorias concretas, como a concessão de cestas básicas.

— Agora vem o Dia do Trabalhador. Prefeito, aqui vai a cobrança. R$ 20 de aumento não resolve. Está na hora de rever isso. Está na hora de oferecer uma cesta básica, de pensar num presente digno para o servidor público — concluiu.