Servidora relata ameaças e exposição: “estamos inseguros, ameaçados e sem direitos”


Thaís Guimarães de Oliveira na tribuna da Câmara Municipal de Patrocínio. |
Crédito: Vídeo CMP

Da redação da Rede Hoje

Patrocínio (MG) — A Câmara Municipal de Patrocínio foi palco, nesta terça-feira (27), de um forte pronunciamento de denúncia feito pela servidora Thaís Guimarães de Oliveira, que representou a categoria dos varredores de rua da cidade. Acompanhada por colegas e levada ao plenário pelo vereador Paulinho Peúca, Thaís usou o tempo cedido por Ricardo Balila, no Grande Expediente, para relatar casos de assédio moral contra mulheres e perseguição supostamente praticados pelo coordenador da equipe, identificado como Thiago Almeida. Veja detalhes completos na reportagem em vídeo no "Rede Hoje TV News", dos canais da Rede Hoje

“Estou aqui representando a nossa classe de varredores. Os outros não vêm por medo de perseguição. Eu não sei se vou conseguir expressar tudo que a gente tem passado nesses cinco meses. Quando a nova gestão entrou, estamos trabalhando inseguros”, desabafou a servidora na tribuna.

Thaís relatou que os trabalhadores da varrição estão sendo acusados de não cumprirem a carga horária e de negligenciarem suas funções, mas que, segundo ela, a responsabilidade pelos problemas recai sobre a gestão. “Esquecem que os erros que tem na varrição não vêm de nós, vêm de lá de cima. Quando nós fazemos nossa tarefa, sempre sabemos que a carga horária é seis horas. Trabalhamos setorizados, cada um com responsabilidade pelo seu setor”, explicou.

A servidora denunciou também que são obrigados a trabalhar em condições arriscadas e insalubres, sem a devida compensação: “Levamos o nome de que não trabalhamos, mas muitos levantam três horas da manhã, duas horas da manhã, meia-noite, para setores do centro que não têm como varrer porque está cheio de carro. E o nosso coordenador colocou que nós temos que varrer das cinco às onze, onde o movimento de trânsito é imenso, colocando em risco a nossa vida.”

Thaís também lamentou a falta de insalubridade no salário: “Não recebemos insalubridade, que é um direito nosso, e a Câmara dos Vereadores fala que não, que tem a legislação própria da administração.”

Outro ponto grave exposto foi a intimidação sofrida pelos colegas: “Estamos em doze, só duas tiveram coragem de vir aqui, porque recebemos ameaça o dia inteiro. O coordenador vai atrás, falando que ia perder a hora extra, perder o horário de trabalho.”

Apoio de vereadores
O vereador Leandro Caixeta, ex-presidente da Câmara, elogiou a coragem da servidora: “Primeiramente, te parabenizar pela atitude, pela iniciativa. Colocar meu gabinete à disposição. Eu vejo isso tudo que está acontecendo por uma liderança de um coordenador ou de um supervisor que tem que entender, primeiramente, que empresa privada é uma coisa e órgão público é outra.”

Caixeta criticou a postura do coordenador: “Tem que acompanhar as normas judiciárias que dão o direito ao servidor. Eu não estou entendendo algumas atitudes. Até onde eu sei, o Thiago vem da iniciativa privada. Quando você entra no órgão público, você tem que acompanhar as normas.”

Ele também elogiou a atuação do vereador Paulinho Peúca por levar o caso a público: “Parabenizo o Paulinho pela convocação e a gente precisa ser informado sim.”

Diferença de Deiró e Gustavo

O vereador destacou ainda a diferença de tratamento da atual administração municipal: “Acredito que esse não é o perfil do Gustavo [prefeito]. Pelo que ele me mostrou, ele é dez vezes melhor de lidar do que o Deiró, que é um bom gestor, mas de tratamento.. Tem coisa que não está chegando ao conhecimento do nosso prefeito.”

Decisão pelo debate
Thaís, ao complementar, reforçou: “A gente só quer uma resposta. Nunca vivemos essa perseguição que estamos vivendo agora, sem segurança.” Diante das denúncias, o presidente da Câmara, Nikolas Elias, encaminhou: “Vamos promover esse debate na próxima semana, tá bom? Vamos encerrar agora.”

Críticas à condução administrativa
O vereador Ricardo Balila também se manifestou, criticando a estrutura administrativa e o tratamento dado aos servidores: “Para mudar o contexto, estão dando cargo, aumentando cargo. E não é só um, foram vários: de secretário, de supervisor, de coordenador. Eu nunca vi nada igual.”

Ele reforçou o protesto: “A menina (servidora) veio aqui hoje requisitar os direitos dela. Se nós hoje não pegarssemos firme, não falava. Ela mencionou muito bem nas minhas redes sociais.”

Balila lamentou ainda a falta de espaço e proteção para denúncias como essa: “Cheguei ali agora em uma das rádios e você vai entrevistar? E a resposta: ‘Tenho que ver com meu coordenador’. Olha só.”, concluiu

Encaminhamentos
O presidente da Câmara, Níkolas Elias, convocou debate oficial sobre o tema que foi agendado para a próxima semana.


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