Levantamento também revela que mais de 80% defendem a expulsão de palestinos de suas terras
Quase 55 mil pessoas foram assassinadas pelo exército israelense desde outubro de 2023; a grande maioria delas mulheres e crianças. - Omar Al-Qataa/AFP
Brasil de Fato
Uma pesquisa divulgada pelo jornal israelense Haaretz aponta que 47% dos israelenses apoiam o assassinato indiscriminado de palestinos – incluindo homens, mulheres e crianças – na Faixa de Gaza. O levantamento, realizado em março com mais de mil entrevistados, também revelou que 82% defendem a continuidade da expulsão de todos os palestinos de seus territórios, caracterizando o apoio à chamada “limpeza étnica”.
Coordenado pelo professor Tamir Sorek, da Universidade da Pensilvânia (EUA), o estudo buscou compreender a visão dos cidadãos de Israel sobre temas frequentemente evitados em pesquisas de opinião, especialmente relacionados à ocupação e ao conflito com os palestinos.
Os dados indicam ainda que 56% dos judeus israelenses querem a expulsão de todos os palestinos que residem atualmente em Israel. Entre os entrevistados com menos de 40 anos, esse índice sobe para 66%.
De acordo com a publicação do Haaretz, a religiosidade é um fator determinante no posicionamento dos entrevistados. “Quanto mais religioso o israelense, maior a chance de ele apoiar a limpeza étnica e a morte de palestinos, com base em interpretações do Primeiro Testamento”, destacou Sorek. O pesquisador também apontou que discursos violentos, antes restritos a grupos marginais, passaram a ocupar espaço central no debate político e religioso do país.
Como exemplo, Sorek citou Yitzchak Ginsburgh, líder religioso influente na Cisjordânia, que defende publicamente a eliminação dos palestinos e a instauração de uma monarquia teocrática em Israel.
Desde o início da ofensiva israelense em Gaza, em outubro de 2023, mais de 54.660 palestinos foram mortos, segundo dados de agências humanitárias internacionais. Estima-se que cerca de 70% das vítimas sejam mulheres e crianças. Além das mortes, todos os mais de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza enfrentam um quadro grave de desnutrição crônica, provocado, segundo denúncias, pelo uso sistemático da fome como arma de guerra.
Fonte: Brasil de Fato com Haaretz, Geopolitical Economy